Uma reunião pós-GP aconteceu na manhã desta segunda-feira (25), na sede da Ferrari, em Maranello. Em pauta, claro, outro péssimo desempenho da equipe italiana, que somou apenas um ponto no Mundial em Budapeste, perdendo a liderança para a Williams e vendo a aproximação demasiada de Juan Pablo Montoya e Kimi Raikkonen na briga pelo título com Michael Schumacher. Todos os representantes do time estiveram à reunião, posteriormente comentada pelo presidente Luca di Montezemolo, que classificou a atual situação como “crucial” a três corridas do final do campeonato.
“Nós sabíamos, e sempre ressaltamos, que continuar no topo depois de quatro anos consecutivos seria difícil contra a forte concorrência que está há muito tempo no jejum de vitórias”, afirmou Luca, que pediu o empenho de cada um dos membros da escuderia para chegar à perfeição, “trabalhando sempre com humildade e determinação”.
É notório o clima de crise na Ferrari, e o resultado do GP da Hungria, disputado neste domingo, exprime as dificuldades que a equipe vem enfrentando desde a etapa de Monte Carlo. Schumacher foi apenas o oitavo, posição em que largou, não fez sequer uma ultrapassagem e foi retardatário de uma Renault — a de Fernando Alonso, vencedor da prova. Rubens Barrichello acabou deixando a prova em virtude do “estouro” da suspensão traseira esquerda no final da reta principal do circuito de Hungaroring. ”O desempenho e os episódios que vimos em Budapeste não deverão se repetir, e, neste ponto, todos nós, durante a reunião, estamos cientes e concordamos”, acrescentou Montezemolo.
Luca também fez uma solicitação aos parceiros da Ferrari, que, nas últimas três etapas, conquistou apenas 18 pontos — a McLaren marcou 30, a Williams, 29. “Aos nossos colaboradores, pedimos um esforço extraordinário para podermos responder a esta concorrência muito forte para alcançarmos o nível mais alto”, declarou o italiano, que ressaltou o valor de seus funcionários. “Sei de poder contar com uma equipe que, durante os momentos mais difíceis, sempre soube reagir sem perder a cabeça, empenhando-se com ambição e sofrimento para obter a vitória”, continuou.
Pelo discurso de Montezemolo, extenso, o encontro foi o estopim de que o “estado de emergência” foi decretado. Não fosse a pole e a vitória de Barrichello em Silverstone, a Ferrari estaria amargando um vazio de sete provas sem largar na frente e de cinco sem cruzar a linha de chegada na frente dos demais. “Sei que ainda temos o melhor piloto, Michael, que é, em absoluto, o líder do campeonato, e um companheiro como Rubens, que, mais uma vez ontem, até o momento em que estava na prova, demonstrou seu valor”, elogiou o manda-chuva, sempre enfatizando a batalha que serão os GPs da Itália, dos Estados Unidos e do Japão.
No final, indiretamente, Luca quis achar um culpado para a derrocada da Ferrari. “Esperamos que o verão de calor recorde que nos fez sofrer tenha terminado”. Esta é uma clara referência à queda de produção dos compostos da Bridgestone, que são muito inferiores aos Michelin em altas temperaturas. “Quero rever em Monza o conjunto Ferrari-Bridgestone que, desde 99 até hoje, nos consentiu de vencer 3 títulos e 45 GPs”, concluiu o presidente.