Da Matta reflete sobre o GP da Espanha

Foi fantástico marcar os primeiros pontos da Toyota no campeonato de 2003, em Barcelona. A sexta colocação foi gratificante para todos na equipe porque temos trabalhado duro para conseguir ter esse nível de competitividade.

Para ser honesto, eu estava muito confiante para correr na Espanha porque sabia que o TF103 seria competitivo no Circuito da Catalunha. A pista é rápida, várias curvas favorecem a aerodinâmica do carro e minha performance foi ajudada pelo fato da equipe conhecer a pista mais do que todas as outras que havíamos corrido nesse ano. Como a maioria das equipes e pilotos, conduzimos a maior parte da pré-temporada em Barcelona, e já havíamos completado mais de 3.500 quilômetros nos TF103s na pista antes do primeiro treino livre de sexta.

Imediatamente ocupei uma boa posição no treino livre de uma hora na sexta-feira e descubri logo de cara que a Michelin havia trazido para Espanha dois bons componentes de pneu. Não havia muita diferençã entre o componente duro e o mais flexível, mas isto é normal nessa pista porque ela tem uma superfície muito abrasiva e a durabilidade dos pneus é vital.

Fiquei muito contente em fazer o quarto melhor tempo durante o treino classificatório de apenas uma volta rápida. Ter apenas duas Ferraris e uma Renault à frente na classificação caiu sob medida. Sim, foi uma volta perfeita, mas o carro estava com muito, muito pouco combustível.

O carro continuou competitivo na manhã de sábado, mas pareceu que todos haviam melhorado seus carros mais do que eu. Comparado à sexta-feira, eu estava mais lento nas duas sessões livres de 45 minutos, apesar de não ter enfrentado nenhum problema real. A velocidade não estava lá com o acerto que havíamos escolhido.

No treino classificatório de sábado a pilotagem ficou mais difícil. Fizemos uma pequena mudança antes do treino e acabou sendo a escolha errada. A mudança fez com que o carro ficasse difícil de ser guiado, o que acabou me induzindo a cometer alguns erros que me custaram cerca de 0.3 segundo. O resultado foi um desapontante 13º lugar, 0.8 segundo mais lento que Olivier.

De qualquer forma, meu final de semana começou a melhorar cada vez mais. Na manhã do domingo o Dr Toyota, presidente honorário da Toyota Motor Corporation, e o presidente Sr Okuda visitaram-me no paddock pela primeira vez na temporada. Foi ótimo para todos da equipe ver que ele estava tendo um grande interesse no programa da empresa dirigido à F1.

No momento que peguei o carro logo antes da corrida, sabia que ele estava competitivo. Em direção ao grid senti que ele estava bem balanceado, mesmo assim a pista ainda estava suja devido às outras corridas que aconteceram antes no dia.

Quando a corrida começou fiquei surpreso por fazer uma arrancada tão boa até a primeira curva. Foi apenas minha segunda largada no seco sem safety car do ano, mas passei por Mark Webber por fora da fila e consegui sair da curva 3 em 8º lugar.

Meu carro estava muito competitivo nos dois primeiro estágios da corrida, o que nos possibilitou ser consistente e nos levou a pressionar Jacques Villeneuve e Juan Pablo Montoya. Então, no meu último pitstop, pedi a equipe para retirar um pouco da asa dianteira, o que infelizmente diminuiu o torque do carro no restante da corrida.

Ainda sim estava mais rápido do que Ralf Schumacher nas voltas finais, mas não encontrei uma maneira de passá-lo. A única chance que tive de ultrapassá-lo foi na curva 1, mas não estava conseguindo tirar tudo da sétima marcha já depois da metade da reta, portanto não pude chegar próximo o bastante. De qualquer modo, não gostaria de arriscar meu sexto lugar com uma manobra louca para ultrapassá-lo. Não nesse momento da temporada.

O que tornou o resultado ainda mais saboroso foi ter meus pais assistindo a corrida no paddock. Eles são os meus maiores apoiadores, portanto foi muito bom que eles tenham visto o resultado em primeira mão. Eles foram os primeiros a me parabenizar quando voltei ao motorhome.

Foi também um resultado bastante satisfatório para mim pessoalmente porque provei que posso realizar a missão. Estaremos testando em Paul Ricardo essa semana, tanto eu quanto Olivier faremos dois dias de testes cada, com Ricardo treinando ao nosso lado durante três dos quatro dias da sessão antes de irmos para o GP da Áustria na semana seguinte. Nunca estive no circuito de A1 Ring, mas minha confiança nunca esteve tão grande. Quero mais pontos!