Fanático não é só aquele que vive em função do que defende com unhas e dentes, mas também é o sujeito que faz de seu motivo de orgulho uma filosofia, algo que leva como lição para a vida toda. Essa opinião é levada a sério pelo empresário Cezar Antonio Brescovit, 37. Nos domingos em que não há transmissão de GPs de Fórmula 1 pela Rede Globo, “Brizola”, como é conhecido, passa o tempo fuçando nas 275 fitas de vídeo em que arquiva corridas e treinos gravados desde 1984.
Dono de uma coleção particular que reúne um pequeno acervo de verdadeiras relíquias da F-1, que inclui bonés autografados por pilotos, miniaturas oficiais de carros de corrida, camisetas, cartazes e até ingressos, Brizola, que mora em Palotina, cidade com quase 28 mil habitantes localizada no Oeste do Paraná, não perde a chance de acompanhar um GP do Brasil in loco há 19 anos, nas pistas de Jacarepaguá e Interlagos. Um dos souveniers que guarda com carinho especial é um ingresso de papel, de uma época bem anterior à dos atuais cartões magnéticos.
Numa das corridas que acompanhou em São Paulo, no início da década de 90, ele pulou o alambrado do autódromo para ver de perto as máquinas de seus sonhos.
“Fui fotografar o carro do (Nelson) Piquet, mas um segurança da Benetton me impediu e quase quebrou minha câmera”, conta. “Eu faço qualquer coisa para ficar perto de um Fórmula 1, isso é a minha paixão. O ronco dos motores, o circo ao redor dos principais pilotos do mundo, o cheiro do combustível queimando, tudo isso fica impregnado no meu sangue”, exagera.
O gosto pelas corridas é encarado com saudosismo pelo empresário, fã confesso dos duelos proporcionados há anos por mitos como Nelson Piquet e Ayrton Senna.
“Eu ficava impressionado com a disposição do Ayrton, mas quem é Piquet de carteirinha nunca trai seu ídolo”, comenta, revelando sua preferência pelo tricampeão que, hoje, encaminha seu filho Nelson Ângelo à F-1.
Cezar Antonio armou uma espécie de circo virtual da Fórmula 1 em sua casa. Quando sente vontade de rever as corridas do passado, ativa um moderno sistema de som estéreo, com caixas acústicas ligadas ao televisor com tela de 33 polegadas.
“Assisto as corridas como se estivesse dentro do cockpit”, demonstra, elevando ao máximo o volume do aparelho. “Os vizinhos já estão acostumados, não me incomodam”, assegura o empresário, que mora num apartamento.
O farto material proporciona ao fanático, de fato, a sensação de estar pilotando um F-1. Ele possui fitas gravadas por emissoras do Japão mostram Senna dentro de seu McLaren durante toda a corrida em Suzuka. As corridas disputadas em outros países são arquivadas por ele de forma a facilitar a busca. Um GP que Cezar Antonio diz jamais esquecer é o da Hungria em 1986.
“O Piquet passou o Senna três vezes e ganhou. Para mim, foi a melhor corrida de todas”, manifesta o empresário, que vê em Michael Schumacher o favorito ao título de 2003, apesar do mau momento vivido pela Ferrari.