Existe um lugar no mundo que não quer ver Michael Schumacher conquistando seu sexto título mundial na Fórmula 1. Os argentinos não estão nem um pouco contentes com a possibilidade de o alemão superar seu ídolo e recordista Juan Manuel Fangio.
Schumacher já é pentacampeão – conquistou o título ano passado, acabando com um reinado de 45 anos de Fangio. Só que o piloto da Ferrari pode garantir o sexto título neste final de semana, quando acontece o Grande Prêmio do Japão, última etapa da temporada; para isto, basta apenas ele conquistar um ponto, chegando na oitava colocação.
Essa facilidade, no entanto, não impedirá que os fanáticos argentinos – que colocam o automobilismo como segundo esporte favorito, atrás apenas do futebol – torçam pela McLaren de Kimi Raikkonen na madrugada deste sábado para domingo. Mas a simpatia pela Ferrari existe. Ela começou com José Froilán González, que levou o monoposto de Enzo Ferrari a uma vitória em Silverstone, Inglaterra, em 1951.
Anos mais tarde, Fangio ganhou seu quarto título mundial com a Lancia Ferrari (1956), depois de ter triunfado com a Alfa Romeo (57) e a Mercedes (54 e 55). Antes de encerrar sua carreira, ainda conquistou mais um título com a Maserati (57). Outro compatriota a correr com a Ferrari foi Carlos Reutmann, nos anos 70.
O panorama hoje, porém, é bem diferente e os argentinos não querem o carro vermelho vencendo a corrida. Desde o aparecimento de Diego Maradona, no futebol, ele e Fangio se tornaram os principais esportistas do país.
Para que outro jogador consiga superar Maradona, haveria muita discussão e independente dos resultados e qualidades do novo candidato, ele teria que ser considerado pelo imaginário popular um novo gênio do futebol, mas com Fangio a história é outra, já que com todos os seus recordes e com um sexto título mundial, não teria discussão que agüentasse. Um outro mito argentino cairia por terra.
“Corridas são corridas”, dizia Fangio, frase com a qual costumava advertir seus colegas, mecânicos, jornalistas e fãs da categoria, que nenhuma corrida se vence antes da largada. A do próximo domingo, sem dúvida, tem a particularidade de que Schumacher pode ser campeão sem nem mesmo vence-la.
Para Raikkonen conseguir o título, ele teria que vencer a corrida e ainda torcer para Schumacher não conquistar um único ponto, do contrário ficariam empatados no Mundial de Pilotos, mas o alemão venceria por ter mais vitórias no ano.
Com todas essas possibilidades, o assunto está complicado para Fangio, ou melhor, para seus admiradores que querendo prestar um tributo em sua homenagem, se tornarão fanáticos torcedores de Raikkonen no domingo.
Amigos da Velocidade