Em 2003 – 16 corridas, 2 TF103s, 32 entradas, 17 voltas na liderança, 19 largadas entre os dez primeiros, 5 largadas duplas entre os dez primeiros, 6 visitas aos seis primeiros do grid, 16 pontos, 2 entrevistas coletivas pós-treino de classificação, 3 pilotos, 1 equipe, 1 objetivo, 1 temporada.
A Panasonic Toyota Racing terminou sua segunda temporada na Fórmula 1 em alta, marcando mais dois pontos à frente de sua torcida em Suzuka.
O pilotos titulares Olivier Panis e Cristiano da Matta estão na companhia do piloto de testes Ricardo Zonta, para opinar abertamente sobre a performance da equipe em 2003, falando sobre os momentos bons, ruins, o carro, a equipe, os efeitos do tempo e o futuro.
1. Como você avalia o TF103 – seus prós e contras?
Olivier Panis: Devo dizer que pela primeira vez que testei o carro fiquei impressionado com seu potencial, comparado com o carro do ano passado. Acho que fizemos bem durante os testes de inverno – melhor aerodinâmica, melhor mecânica, melhor motor. Para mim o ponto fraco foi a inconsistência durante a temporada. Em alguns circuitos éramos rápidos e em outros não, mas acho que aprendemos muito e temos bons parâmetros para o ano que vem. O motor é um dos melhores que já pilotei, e espero que, com as novas regras que dizem que podemos ter apenas um motor durante todo o fim de semana, possamos manter nossa potência e sustentar a confiabilidade.
Cristiano da Matta: Eu concordo com o Olivier, a consistência foi nosso maior inimigo este ano. Em alguns lugares, sem nenhuma razão aparente, não éramos tão bons e nunca conseguíamos relacionar uma coisa à outra pra entender por quê. Acho que um dos pontos positivos foi nosso motor, que foi extremamente confiável durante toda a temporada. Enfim, temos uma boa base a partir da qual podemos criar uma carro redondinho para a próxima temporada.
Ricardo Zonta: Comparado ao carro velho, o TF103 é uma grande evolução. Melhoramos muito a aerodinâmica. Ainda há alguns problemas na tração e na estabilidade, mas isso também foi melhorando muito ao longo do ano. A tração tem a ver com a melhoria da suspensão e a estabilidade de entrada de curva é mais pro lado aerodinâmico.
2. O carro chegou ao ponto que pensavam ou vocês esperavam melhores resultados?
Panis: Acho que não conseguimos traduzir a competitividade do carro em bons resultados, pontos. Muitas coisas serviram para mostrar que éramos bem rápidos, mas aí tínhamos tempos difíceis, como Ímola, Mônaco e Áustria, e mesmo assim todos trabalhavam duro para melhorar o carro e mostrar que estávamos no caminho certo. Conseguimos melhorar bastante o carro durante a temporada. Se as pessoas disserem que éramos rápidos durante os teste de inverno e depois não conseguimos nada, é verdade, mas por uma série de razões. Se eu esperava melhores resultados? Sim, é claro, mas acho que demonstramos que o carro é rápido e temos grande potencial para as próximas temporadas. O que conseguimos em Hockenheim, com Cristiano e eu entre os seis primeiros era o que podíamos conseguir na maioria das corridas esse ano. Nosso desempenhos nos classificatórios era encorajante. Em apenas duas corridas, não tínhamos um TF103 entre os 10 primeiros, e em Indianápolis e Suzuka classificamos na segunda fila. Para uma equipe na sua segunda temporada, esse tipo de desempenho é bem impressionante.
Da Matta: Pessoalmente, sempre seria uma temporada mais difícil pois eu estava vindo para uma nova categoria, com muitos circuitos dos quais eu não tinha nenhum conhecimento. Na maioria das ocasiões, eu tinha apenas uma hora de treinos antes de ir para a classificação. Aquilo foi difícil, pois se você olhar para os resultados dos circuitos que já tinha andado antes, acho que mostrei minha verdadeira habilidade. No mais, acho que merecíamos mais em termos de resultados, mas acho que aprendemos muito durante o ano e estaremos em boa forma ano que vem.
Zonta: Particularmente se você olhar para alguns circuitos como Indianápolis ou Barcelona, estivemos bastante competitivos, mas em outros lugares foi difícil achar uma boa direção Talvez precisemos trabalhar mais no sentido de achar o melhor equilíbrio para cada Grande Prêmio separadamente, pois algumas vezes é bom e em outras não. Do ponto de vista de resultados, acho que fizemos muito bem nos classificatórios, mas por uma ou outra razão, não conseguimos ganhar tantos pontos quanto queríamos.
3. Olivier, com sua experiência de vários carros diferentes na F1, onde você colocaria o TF103?
Panis: Em alguns momentos este ano, o TF103 me impressionou muito e se mostrou altamente competitivo, por exemplo em Barcelona, Indianápolis e Silverstone. Algumas vezes ele é muito bom quando está no seu máximo mas não se sabe porque ficamos um pouco atrás. Isso é o que devemos trabalhar e melhorar ao longo do inverno, mas espero que o TF104 do próximo ano seja capaz de marcar pontos regularmente, e quem sabe o que mais?
4. Cristiano, você liderou o GP da Inglaterra por 17 voltas. O carro estava especialmente bom lá?
Da Matta: Silverstone é um dos circuitos que realmente favoreceram o TF103 e certamente um dos melhores momentos do ano. Testamos lá algumas semanas antes do GP e fomos para lá sabendo que o carro iria se sair bem. Liderei a corrida beneficiado pelos incidentes bizarros na pista, o que fez com que o safety car saísse. Claro, já liderei corridas antes, mas foi um sentimento especial liderar uma corrida de F1 pela primeira vez no meu ano de estréia.
5. A boa performance da equipe no GP da Espanha foi resultado de muitos testes no circuito de Barcelona?
Panis: Nosso sucesso na Espanha não foi totalmente devido ao fato de que testamos muito lá. Está mais relacionado ao circuito e ao carro em geral — a aerodinâmica que você tem e a estabilidade do carro. Digo que, com os recursos que temos, a fábrica que temos e as pessoas que temos, podemos melhorar todo o tempo. É inacreditável tudo o que a Toyota fez nesta temporada – não apenas em Barcelona.
Da Matta: A Toyota ainda é uma equipe jovem com apenas dois anos de experiência. Barcelona foi a primeira corrida em que tudo correu bem pra nós durante todo o fim de semana. Não acho que podemos atribuir nosso 6º lugar na Espanha puramente aos testes porque todas as equipes testam em Barcelona. Foi simplesmente o fato de que todas as peças se encaixaram, como em Hockenheim e Silverstone. É o tipo de desempenho que estaremos tentando em todas as corridas em 2004.
Zonta: Fizemos muitos testes no Circuit de Catalnuya e acho que todos os testes são benéficos, independente se foi com sucesso ou não. Não há substitutos para milhagem e dados, porém Barcelona é um local comum de testes, por isso todas as equipes começaram a semana com uma boa idéia do acerto. Na minha opinião, nossa pré-temporada lá ajudou até certo ponto, mas as operações feitas pela equipe durante o fim de semana tiveram um importante papel.