Segunda parte…
6. Cristiano, que aspectos da F1 to impressionaram mais?
Da Matta: A coisa que mais me impressionou é a velocidade com que tudo acontece – o desenvolvimento de cada parte do carro, dos pneus à aerodinâmica, passando pelo chassi. Isto é realmente incrível se comparado com as outras categorias que competi antes. Cada corrida tínhamos alguma coisa diferente no carro e isso é o que faz a diferença na F1. Definitivamente você precisa estar mais atento ao desenvolvimento do carro. Por outro lado, nas outras categorias, pelo fato de você não poder brincar com as coisas, há mais desenvolvimento no acerto. O carro é definitivamente uma coisa muito maior na F1 e há muitas áreas ainda por serem trabalhadas.
7. Cristiano, o que você acha da diferença dos padrões de pilotagem da CART e da Fórmula 1?
Da Matta: Acho que a justiça na Fórmula 1 é boa, e isso também era bom na CART. Cada vez que se fazia algo louco não era como a F3000 ou a F3. Quando ao nível é difícil de julgar, pois na CART corríamos com carros bastante parecidos com todos, mas aqui nunca poderemos dizer nada de quem tem um carro melhor. Mas há muitos pilotos bons aqui, com certeza.
8. Olivier, como você se saiu freando com o pé esquerdo pela primeira vez esse ano?
Panis: Bem, foi meio bizarro pois não usava o meu pé esquerdo já há muitos anos, particularmente para freadas fortes, mas este ano não tive chance, devido ao tamanho do cockpit em volta dos pedais, com a barra de direção. Estou usando agora e no fim do ano me sentia como se tivesse feito isso durante 10 anos. Não tenho do que reclamar. É claro que fiz isso no kart, que é freado com o pé esquerdo, mas na F3 eu já freava com o pé direito porque tinha uma alavanca ali. Me pareceu mais natural usar o pé direito para isso, mas esse ano, como disse, não tive chance. Precisei de 10 voltas e aí me senti como se tivesse feito isso o tempo todo.
9. Olhando novamente a temporada, quais foram seus melhores e piores momentos?
Panis: Me sinto frustrado por não ter marcado mais pontos pois tínhamos essa chance. Mas por outro lado me sinto positivo pelo trabalho que fizemos como equipe. Demos tudo na classificação e trabalhamos bem com as novas regras na maioria do tempo. Do ponto de vista da velocidade estou bastante feliz. Nunca é o suficiente até que você vença uma corrida mas acho que estamos caminhando na direção certa. A corrida mais frustrante foi Indianápolis, onde nos classificamos extremamente bem em terceiro e depois usamos uma estratégia de paradas errada. Assim que saí com pneus de chuva e percebi que a chuva não ia durar, soube que minha chance de qualquer bom resultado tinha ido embora.
Da Matta: O ponto alto pra mim foi ter me acostumado a tudo e me adaptado à F1. Liderar Silverstone por 17 voltas foi o momento que mais gostei. A classificação em Suzuka também foi muito especial, pois era a corrida da casa da Toyota, e apesar de termos ido para as voltas antes da chuva cair, foi eletrizante ter classificado em terceiro. Não estava mentalmente preparado para a entrevista coletiva pós-classificação, o que foi uma nova experiência pra mim, mas uma que espero me acostumar ano que vem! O momento ruim, definitvamente, foi quando eu tomei uma volta no Brasil. Eu sei que não sou tão ruim na chuva, mas as coisas ficaram piores pois era minha primeira corrida em casa na F1.
10. É mais fácil pregredir com o carro ao longo do inverno ou durante a temporada?
Panis: Quando a comparo a algumas equipes que pilotei antes, sinto que a Toyota fez uma grande evolução durante esta temporada. Acho que depois de Silverstone, onde tínhamos um novo pacote aerodinâmico, estivemos melhorando durante todo o tempo, trabalhando duro com o Ricardo também, e acho que o que conseguimos durante a temporada é impressionante.
Da Matta: Durante o inverno, parece que você progride mais pois o carro é novo e a margem para desenvolvimento é grande, mas ao mesmo tempo você tem que manter a onda durante a temporada. Senão você fica pra trás. Ficamos um pouco no início da temporada européia em Ímola e na Áustria, mas na segunda metade da temporada, demos grandes passos a cada corrida. Uma coisa que aprendi muito rapidamente é que o desenvolvimento na Fórmula 1 deve ser contínuo.
Zonta: O desenvolvimento do carro é essencialmente a parte principal do meu trabalho como terceiro piloto. Tínhamos um calendário bem ativo e completamos muitos quilômetros, para continuar o desenvolvimento. Usamos duas equipes de teste esse ano, dividindo os trabalhos em preparação a longo-prazo e preparação específica pra cada corrida. Essa divisão de trabalhos funcionou bem, e acho que isso foi refletido na competitividade do carro na segunda metade da temporada.