A frágil situação do brasileiro Antonio Pizzonia na equipe Jaguar de Fórmula 1 tem preocupado os seus fãs, amigos e inclusive profissionais que conviveram com o amazonense em sua caminhada rumo à categoria máxima do automobilismo. “É uma vergonha o que estão fazendo com ele”, acusa Paulo Carcasci, que já trabalhou com o piloto na Fórmula Vauxhall Junior e Fórmula Renault, e também com a própria Jaguar. “O cara é um bota, e não esquece, não desaprende como se acelera”, elogiou o diretor da One Sports Management, empresa que presta serviços de instrução, assessoria e gerenciamento para pilotos no exterior.
Paulo Carcasci se sente bem à vontade para se manifestar sobre os problemas que Antonio Pizzonia está enfrentando com a Jaguar, já que conheceu bem o piloto e a equipe, e não tem mais nenhum relacionamento profissional com ambos. “A Jaguar tem primado por um péssimo gerenciamento desde que compraram a equipe do Jackie Stewart. Mais uma vez eles estão se precipitando em fazer mudanças. Sempre foi assim, tanto no campo técnico, como de recursos humanos, pilotos e até nos cargos diretivos”, comentou o brasileiro, que também trabalhou com Luciano Burti quando o paulista ingressou na Jaguar. “Até o competente Niki Lauda eles dispensaram. Talvez o problema do Antonio esteja aí: fatores políticos. Afinal, foi o Lauda que contratou o Pizzonia, depois do show que ele deu ao testar pela primeira vez na equipe”, lembrou o ex-piloto e empresário. “Vejam que o Niki e até o Frank Williams já se manifestaram a favor dele”, completou.
Com a experiência de 18 anos no automobilismo, e a muitos trabalhando com pilotos talentosos e escuderias competentes em diversas categorias mundiais, Paulo Carcasci critica veemente a posição da equipe inglesa. “A equipe falar publicamente que está revendo a posição de seu piloto é muito sério. Que ânimo ele vai ter agora? Isto desestabiliza qualquer um, até os mecânicos dele, que não vão ter motivação para fazer um bom trabalho, se o piloto deles está na porta da rua”. Segundo o empresário que milita na Inglaterra com “coaching and management”, e no Brasil é o responsável pela Seletiva de Kart Petrobras, ao lado de seu irmão Binho Carcasci, “não dá para falar que o problema é o piloto. Qualquer um outro no lugar dele estaria fazendo a mesma coisa nestas condições, por melhor que seja. É um conjunto de fatores. O Antonio é um piloto novato na categoria, que ainda conhece pouco o sistema de trabalho da equipe, mais desorganizada do que a ultra-competente Williams, a qual estava acostumado, e não conhecia a maioria das pistas”. “A falta de resultados vem mais de um carro cheio de problemas, que fica mais nos boxes do que na pista, ao invés da velocidade do piloto. Na Williams ele provou que era mais rápido do que o Marc Gene e o Ralf Schumacher, e se equiparava ao Montoya. E o Frank Williams viu isto pessoalmente”, testemunha o técnico de 39 anos de idade.