Em uma corrida de poucas ultrapassagens, a emoção ficou por conta dos cálculos em diversas situações do GP de Abu Dhabi, no encerramento da temporada 2010 do Campeonato Mundial de Fórmula 1, das posições em que se encontravam os quatro postulantes ao título, que terminou nas mãos de Sebastian Vettel, da Red Bull, o primeiro alemão campeão desde Michael Schumacher – e vencedor da corrida, com Lewis Hamilton em segundo e Jenson Button em terceiro, formando um pódio ao lado dos dois últimos campeões mundiais.
Para Lucas Di Grassi (Bombril, Sorocred, Locaweb, Eurobike, Schioppa), que correu com um equipamento que era mais de dez quilos mais pesado que o de seu companheiro de equipe, o alemão Timo Glock, a corrida foi positiva, e lhe garantiu como o melhor piloto da Virgin no campeonato. “Tive um problema eletrônico na largada, e saí bem lento. Mas consegui me recuperar ainda na primeira volta, quando passei o (Christian) Klien, e quando o Safety Car entrou eu já fui para os boxes trocar os pneus para o jogo que eu usei durante todo o restante da corrida, por mais de 50 voltas (a corrida teve 55). Esta estratégia me permitiu passar o Bruno (Senna) e me manter na pista por mais tempo. Foi uma corrida boa”, afirmou o estreante brasileiro, que no terço final da corrida imprimiu um ritmo forte para alcançar a Lotus do finlandês Heikki Kovalainen, chegando a tirar até dois segundos por volta.
“Ele estava bem distante, mas comecei a andar em ritmo de treino classificatório, mas eu estava com os mesmos pneus desde a segunda volta, quando fiz a troca enquanto o Safety Car estava na pista. Mas entre as equipes novatas só ficamos atrás da Lotus do (Heikki) Kovalainen. Então, o saldo foi positivo”, afirmou.
Sobre o título conquistado por Sebastian Vettel, Lucas diz que foi merecido. “A Red Bull fez o melhor carro da temporada, e o Vettel se mostrou o piloto mais rápido do ano, tendo feito dez poles em 19 corridas. Então, por tudo que ele e a equipe fizeram, o título foi merecido”, avaliou.
Vettel e Di Grassi foram contemporâneos desde os tempos da Fórmula 3 EuroSeries, em 2005, e duelaram naquele mesmo ano no GP de Macau, o principal da categoria, quando Lucas venceu e o hoje campeão mundial foi o terceiro colocado.
Estréia positiva e de aprendizado – Di Grassi terminou sua temporada de estréia – e de sua equipe – à frente de seu companheiro na soma dos resultados, e destacou o aprendizado. “Foi uma grande escola, sem dúvida. Meus anos como piloto de testes da Renault me deram uma grande base técnica. E nesta temporada, minha primeira como piloto titular, eu aprendi imensamente mais: como trabalhar com os pneus, estratégia de corrida, tempo de pista… Foi realmente um ano incrível”, comentou Lucas, que terminou 11 das 19 corridas do ano, uma a mais que Timo Glock, seu companheiro de equipe. O brasileiro também somou os dois melhores resultados da Virgin ao longo do ano – 14º lugar na Malásia e 15º em Cingapura.
“Pelo fato de a equipe também ser estreante, todos nós sabíamos que teríamos uma temporada muito difícil”, lembrou. “Mas tenho certeza que aprendi realmente muito neste meu primeiro ano. Mais do que se eu estivesse, por exemplo, em uma equipe já estabelecida. Certamente, eu teria tido melhores resultados, mas o aprendizado não teria sido o mesmo”, disse.
Di Grassi agora continua concentrado em resolver seu futuro na Fórmula 1. “Estamos conversando. O fato de uma parte das ações da equipe ter sido comprada vai trazer mais dinheiro dentro do time, o que vai ser benéfico em termos de desenvolvimento do carro. Isso vai ser fundamental para um salto de qualidade em 2011”, afirmou Lucas, referindo-se à montadora russa Marussia, já patrocinadora da Virgin desde o início do ano e que agora detém a maior parte das ações da equipe.
“Termino o ano com a sensação de missão cumprida – fiz o melhor que pude com o que eu tinha, então acho que o esforço e a qualidade do meu trabalho foram bem melhores do que o que refletem as tabelas de resultado. Gostaria de agradecer a todos na equipe por esta temporada. Todo mundo se portou como se fôssemos uma família unida, então parabéns a todos nós por nosso primeiro ano na Fórmula 1”, agradeceu.