Futuro de Monza continua indefinido; pilotos defendem permanência

Luis Fernando Ramos

Enviado especial a Monza (ITA)

Durou quinze minutos o encontro entre o chefão da Fórmula 1 Bernie Ecclestone e o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi no domingo pela manhã em Monza. Tempo suficiente para tomar um café, mas não para salvar o futuro da corrida do país na categoria.

O contrato atual se encerra após a corrida do ano que vem. Ecclestone se mantém inflexível no pedido de 25 milhões de Euros anuais – cerca de R$ 107 milhões – como taxa para a realização da corrida em um novo contrato. O atual prevê o pagamento de 11 milhões (cerca de R$ 47 milhões). Seria um aumento superior a 100% que ninguém parece disposto a aceitar.

A Ferrari garante que não se envolve na negociação. Mas seu chefe na F-1, Maurizio Arrivabene, acha que tirar a prova do calendário seria um tiro no pé para a categoria.

– Existe um cerne da Fórmula 1 que, na minha opinião, é representado por Monza, Spa-Francorchamps, Hockenheim, Silverstone e Mônaco. Penso que precisamos preservar isso. Porque quando uma pessoa perde sua cultura, ela perde suas raízes e deixa de ser um ser humano. O mesmo vale para o esporte.

Sebastian Vettel segue o mesmo pensamento e, após a experiência emocionante de subir ao pódio de Monza como piloto da Ferrari, foi bem claro ao expressar o que pensa:

– As emoções no pódio são incríveis. Se tirarem isso do calendário por qualquer motivo financeiro de merda, vão arrancar nossos corações. Estamos aqui para correr e estas emoções fazem o trabalho valer a pena. É por elas que estamos aqui.

Felipe Massa, que também esteve no pódio, aponta a importância de não se virar as costas para uma corrida que tem uma das torcidas mais fanáticas.

– Não dá para imaginar Monza fora da F-1. Faz parte da história da categoria. É um lugar muito importante, com tanta tradição. A F-1 não pode perder isso. Não pode perder estas corridas importantes. Corremos pelos fãs. Quando você vê uma reta inteira de gente – do pódio até a curva 3 você não consegue ver nenhuma faixa de asfalto. É um calor humano enorme que não pode ser descartado.

As negociações do futuro da prova italiana devem prosseguir quentes nos próximos meses.