Categoria: F1
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9 de dezembro de 2015 09:00

Retrospectiva da temporada 2015 de Fórmula 1

Luis Fernando Ramos

– O fato mais marcante do ano – Lewis Hamilton

Dentro e fora das pistas, Lewis Hamilton esteve em evidência em 2015. O terceiro título da carreira do piloto inglês foi seu mais impressionante. Ele somou onze pole positions nas doze primeiras corridas da temporada e foi acumulando vitórias com uma tática infalível, de se manter na ponta e apenas controlar a aproximação de quem vinha atrás. As três derrotas no duelo direto com Nico Rosberg nas três últimas corridas do ano foram um sinal de alerta que ele leva para a próxima temporada, mas nada que o preocupe em demasia. Afinal, fora das pistas, Hamilton teve um ano cheio de ação, com cada passo bem documentado nas mídias sociais. O inglês esbanjou um estilo extravagante com festas, carros de luxo e roupas modernas. Fez festa num carnaval fora de época no Caribe e até se envolveu num ainda mal explicado acidente de rua em Mônaco. Está curtindo a vida adoidado, e isto o torna um piloto ainda mais difícil de ser batido.

– A principal corrida – GP dos Estados Unidos

O clima em Austin no final de outubro não era dos mais amigáveis, efeito do furacão Patrícia que se formou com uma força incomum mas se dissipou rapidamente. Ainda assim, a capital do Texas teve um final de semana bastante molhado que levou ao cancelamento de várias sessões. Mal preparadas, as equipes se alinharam para a largada daquela que foi a melhor corrida do ano. Lewis Hamilton apertou Nico Rosberg logo na primeira curva, mas a dupla da Mercedes ganhou a companhia dos pilotos da Red Bull, que tinham um carro com ótimo desempenho nestas condições. Mas a pista foi secando e foi a vez de Rosberg fazer a diferença, ultrapassando Hamilton e caminhando para uma vitória consagradora. Mas o alemão acabou cometendo um erro bobo a oito voltas do final. Mais do que a vitória, acabou entregando o título antecipado de bandeja nas mãos do rival.

– A guerra dos motores – Ferrari recupera terreno

No segundo ano de era dos motores V6 híbridos, a Mercedes continuou com a unidade de potência dominante. Mas a Ferrari se recuperou bem em relação ao ano passado e isto foi fundamental para o crescimento do time italiano. A Renault decepcionou, tanto em termos de performance como em confiabilidade, com diversas quebras ao longo do ano. Mas nada parecido com o que a Honda passou em seu retorno à F-1. Com um desenho compacto, as unidades dos japoneses geraram muitas dores de cabeça para os engenheiros da McLaren. Além das quebras, o motor jamais pôde ser usado em sua capacidade máxima. Nos bastidores, as fabricantes de motores se viram em pé de guerra com a FIA, que chegou a considerar a criação de um motor mais barato e com especificações diferente. Por ora a ideia foi deixada de lado, desde que as fabricantes apresentem um plano para baixar os custos de cada unidade para as equipes clientes.

– O destaque da temporada – Sebastian Vettel

Numa temporada marcada pelo domínio da Mercedes, Sebastian Vettel conseguiu se destacar com três vitórias e uma performance bastante consistente em seu primeiro ano na Ferrari. Algo que surpreendeu tendo em vista que, na temporada passada, tanto ele (superado pelo companheiro de Red Bull Daniel Ricciardo) como a equipe (que passou o ano sem vencer) decepcionaram. Mas o alemão comandou o renascimento do time italiano e mostrou do que é capaz quando se sente à vontade num carro de corrida. Foi o único a interromper o domínio da Mercedes e teve uma constância impressionante, subindo ao pódio em 13 das 19 etapas realizadas. Só o fato de ter se mantido na briga pelo título até o GP dos EUA contra os dois pilotos da Mercedes ilustra bem a força do seu trabalho.

– A decepção – McLaren-Honda

Uma equipe com dois campeões do mundo lutando pelas últimas posições. O ano da McLaren foi uma coleção de decepções. Está certo que dificuldades já eram esperadas para a Honda neste primeiro ano como fornecedora de motores V6 híbridos. Mas esperava-se uma evolução ao longo da temporada que acabou não acontecendo. Pelo contrário: até a última corrida do ano, os pilotos do time tiveram de lidar com quebras ao longo do final de semana. Por incrível que pareça, a harmonia interna foi mantida. Mas o futuro não é dos mais promissores. Além dos problemas na pista, a McLaren viu a debandada de antigos patrocinadores. O dinheiro vai minguando junto dos resultados e isto nunca é um bom sinal.

– Interlagos – Boa reforma, péssima corrida

O circuito de Interlagos recebeu a Fórmula 1 neste ano ainda fora da condição ideal. A prometida reforma não estava nem na metade. Apenas a área de recepção das equipes e um novo prédio administrativo apareceram como novidade neste ano. Todo o prédio dos boxes e a nova área do Paddock Club ficaram para o ano que vem. Mesmo assim, os times aprovaram o espaço triplicado que ganharam para suas refeições e reuniões. A corrida em si foi uma das piores do ano. Com clima seco, sem nenhuma neutralização de Safety Car e com um único abandono logo na primeira volta, o GP do Brasil teve pouquíssima movimentação e troca por posições. Espera-se que no ano que vem a reforma no circuito tenha terminado. E que a prova seja muito melhor.

– A revelação – Max Verstappen

O holandês chegou na Fórmula 1 sob a desconfiança de todos. A FIA inventou um novo sistema de pontuação para a obtenção da superlicença para correr na categoria, com o claro intuito de evitar casos como o de Verstappen. Os colegas também ensaiaram algumas críticas, como fez Felipe Massa depois do acidente que o piloto da Toro Rosso causou em Mônaco. Nada que o tirasse dos trilhos. Com ultrapassagens impressionantes na pista e uma segunda metade de temporada muito boa, Verstappen deixou sua marca e encerrou o ano em alta. Imagina só quando ele ganhar experiência…

– Os brasileiros – Bom começo, depois queda

Os dois brasileiros do grid da Fórmula 1 tiveram uma trajetória parecida em 2015. Felipe Massa e Felipe Nasr começaram o ano muito bem, mas tiveram uma queda na segunda metade da temporada. Na Williams, Massa começou o ano com um desempenho melhor que o do companheiro Valtteri Bottas, especialmente nas classificações. Mas viu o finlandês crescer no final para terminar a temporada em vantagem no duelo interno. Já Nasr teve uma estreia impressionante e um bom início de campeonato, mas sucumbiu à falta de desenvolvimento do carro da Sauber. Encerrou o ano em vantagem sobre o companheiro Marcus Ericsson, mas foi um duelo bem mais equilibrado do que se imaginava.

– Projeção para 2016 – Poucas mudanças

O futuro da Fórmula 1 ainda é incerto, com uma intensa briga política ocorrendo nos bastidores que coloca de um lado as fornecedoras de motor – lideradas por Ferrari e Mercedes – e do outro os “baixinhos” Bernie Ecclestone (presidente da Formula One Management) e Jean Todt (presidente da FIA). Mas essa disputa só deve trazer mudanças em 2017, que é para quando estão planejadas mudanças mais significativas no regulamento técnico da categoria. Assim, a expectativa para a próxima temporada é a de um repeteco das duas últimas. Ainda que a Ferrari consiga diminuir a diferença para a Mercedes, a vantagem da equipe campeã foi confortável o bastante para se manter na frente no ano que vem. Assim, a briga pelo título tende a ficar novamente entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, com o inglês buscando um terceiro título consecutivo e o alemão tentando levar para 2016 a boa forma com que encerrou o campeonato deste ano.

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