As mudanças anunciadas pela FIA e que contaram com a concordância das equipes no início da semana, com o objetivo de aumentar a competitividade, permitir o ingresso de novos times e reduzir a desenfreada escalada de custos na Fórmula 1, ganharam também o apoio de Felipe Massa. Pouco antes de embarcar de Zurique para Barcelona, local da quinta etapa do calendário neste domingo, o piloto da Sauber elogiou as medidas e disse que elas deverão atingir os objetivos imaginados pelos dirigentes da categoria. Inicialmente planejada para 2008, a maioria delas deverá ser introduzida já em 2006.
“No geral, concordo com quase todas as decisões. E, se dependesse de mim, os motores V10 poderiam ser trocados pelos V8. No ritmo atual e com o nível tecnológico existente na Fórmula 1, os motores chegariam a 2006 passando dos 900 cavalos. É muita coisa. Com os V8, a potência naturalmente cairá e todo mundo terá de sair do zero, criando uma relação de equilíbrio hoje inexistente”, justificou o brasileiro.
Massa gostou igualmente da escolha de um único fornecedor de pneus. Segundo ele, essa será outra novidade capaz de eliminar uma “distorção” que tem decidido corridas. “Todos estão vendo que os pneus A podem se dar melhor num circuito, enquanto os B levam vantagem em outros. Com uma só marca, será igual para todos”, disse, reivindicando a volta dos pneus slick. “Cheguei na Fórmula 1 já na era dos pneus sulcados. Fico imaginando como deve ser legal pilotar esses carros com os slick.”
Em relação à unificação do sistema de gerenciamento eletrônico, Massa lembrou que nunca guiou um Fórmula 1 que não contasse com o máximo da sofisticação tecnológica, incluindo o controle de tração – recurso com os dias contados. “Estou curioso para saber como será a Fórmula 1 com a eletrônica bastante simplificada. Mas, se todos foram a favor, é porque a mudança trará vantagens”, continuou.
Massa afirmou que a diminuição do peso do carro e a proibição do emprego do carro reserva não terão tanta relevância. Defendeu o ponto de vista das equipes, que rechaçaram a volta do câmbio manual proposta pelo residente da FIA, Max Mosley. “Para os pilotos, trocar as marchas com a antiga alavanca ou com os botões atrás do volante é a mesma coisa. Mas a Fórmula 1 tem de ser diferente em algumas áreas, e essa é uma delas. Senão, não é Fórmula 1”, argumentou. Sobre o sistema de classificação, cujo formato deverá ser alterado ainda neste ano, Massa sugeriu o regresso do regulamento que vigorou até 2002, quando cada piloto tinha direito a completar 12 voltas. “O modelo vigente atende aos interesses de marketing das equipes médias e pequenas, que ampliaram consideravelmente a exposição de mídia com as tomadas classificatórias individuais. Tecnicamente, no entanto, é muito mais atraente o antigo sistema. E a classificação atual está mesmo muito monótona”, concluiu.
Amanhã, o primeiro compromisso de Massa em Barcelona será uma partida de tênis juntamente com o companheiro Giancarlo Fisichella. Eles jogarão com os astros espanhóis Emílio Sanchez, Arantxa Sanches, Albert Costa e Carlos Moya. O material esportivo utilizado pelos pilotos irá a leilão no mês que vem em Mônaco e o total arrecadado será destinado às vítimas do atentado terrorista em Madrid em março último. “Não jogo desde a Malásia. Estou um pouco enferrujado. Tomara que as duplas misturem pilotos e tenistas, ou será um massacre.”