Pergunta: Qual a sua opinião pessoal sobre Montreal?
Resposta: Eu gosto do lugar e das pessoas. Nós sempre recebemos muitos espectadores todos os dias e eles sempre estão claramente entusiasmados. Isso sempre gera uma boa atmosfera. Este ano, sem a presença de Jacques Villeneuve, acho que muitas pessoas suspeitaram que o número e o entusiasmo do público iria cair, mas esse não foi o caso. Os canadenses gostam da Formula 1, acho que isso vem do pai de Jacques, Gilles, que foi um herói para eles. Foi Gilles que ganhou o primeiro GP na pista Ile Notre-Dame em 1978.
P.: E quanto ao circuito?
R.: Parece que todo ano temos uma corrida diferente no Canadá. É muito difícil recuperar um carro com problemas, e também tem uma curva bem apertada na largada, por isso o safety car aparece bastante. Na verdade esse é um fato que você considera quando está pensando na estratégia de corrida. Mesmo que a matemática mostre que mais pit stops são melhores, você sempre deve considerar a possibilidade de interrupções. É quase uma corrida paralela, um pouco como Mônaco, exceto que é possível ultrapassar.
P.: Seu acidente aqui em 1997, quando você quebrou suas pernas, deve ter sido o pior acidente de sua carreira.
R.: Foi o pior acidente que já tive. Eu tive alguns grandes acidentes na F1 mas sem ferimentos. Na verdade esse acidente foi causado pela quebra do braço da suspensão e não havia nada que eu podia fazer. Foi na curva 4, aquela que é muito rápida e você não precisa usar os freios! O carro estava com três rodas e eu era apenas um passageiro.
P.: Você tem alguma sequela desse acidente ou suas pernas estão perfeitas?
R.: Elas são completamente normais. Posso fazer tudo que podia antes – futebol, tênis, tudo. Eu não danifiquei nenhuma articulação e por isso não sofro com dores no inverno ou qualquer coisa desse tipo. Parece com fraturas causadas por esquis. Eu tive sorte. A pior coisa sobre o acidente foi que aconteceu numa temporada onde estava brigando pelo pódio em quase todas as corridas. Eu até liderei na Argentina naquele ano. Mas, c’est la vie, como falamos em francês!
P.: Você se preparou para Montreal?
R.: Eu fiz um ótimo teste em Monza, que também é uma corrida de baixa pressão aero-dinâmica, por isso uma ótima preparação para Montreal. Todos na fábrica estão trabalhando muito para fazer com que o carro fique pronto para Hockemheim no mês que vem, as coisas estão indo na direção certa.
P.: Qual a sensação do carro no circuito Gilles Villeneuve?
R.: Nada mau, para dizer a verdae. Se você olhar meu tempo de classificação, eu fiquei apenas 4 centésimos de segundo atrás de Cristiano e com mais combustível, pela estratégia que fizemos para a corrida (com apenas dois pit stops), fiquei com uma tarefa difícil na classificação mas fiz uma boa volta para conseguir o 13º lugar. A estratégia parecia uma boa opção pois os pneus estavam consistentes.
P.: Quais são as principais diferenças que você percebe em circuitos de baixa pressão-aerodinâmica como Montreal?
R.: O carro tem menos estabilidade e parece mais solto durante as freadas. Passando pelas lombadas ele sobe bem mais e a aderência parece bem mais baixa, com o carro derrapando mais. Esse é o maior problema da classificação. Você quer velocidade mas se você travar os freios, pode perder até meio segundo. Não é fácil, especialmente quando tem muito combustível no carro. Você precisa ser muito preciso. Mas consegui isso e fiquei muito feliz com minha volta.
P.: Parece que o antigo formato de classificação foi aceito para Silverstone. Qual sua opinião?
R.: Eu acho que será melhor para nós, e também para os espectadores, assim todos entenderão o grid. No momento que você está em 13º, você não pode explicar para as pessoas: Ah, eu tenho 20 quilos a mais de combustível que todos. Para nós não é divertido classificar com combustível. Classificação deve ser classificação.
P.: Como foi a corrida? Má sorte e depois a desclassificação?
R.: Infelizmente sim. Houve muita confusão na primeira curva. As jaguares e McLarens estavam envolvidas e eu perdi tempo. Eu fiz o que pude pelo resto da corrida e depois apareceu o problema da equipe com os dutos. Foi muita falta de sorte mas não podemos mudar esse fato, eu sinto muito por Cristiano e toda a equipe pela perda do ponto.
P.: O que você vai fazer entre Montreal e Indianápolis?
R.: Eu ficarei próximo a Montreal, num lugar bem gostoso, com um lago, jet skis, motos de quatro rodas e todas essas coisas loucas! Eu vou ficar lá por três dias com alguns amigos, e apenas treinar e descansar antes do vôo para Indianápolis rumo ao meu 150º GP.