F1
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9 de junho de 2023 05:50

A escolha de Sainz

Todo fã de Fórmula 1 está acostumado a não esperar uma disputa livre entre os dois pilotos da Ferrari. A partir do momento em que um deles se destaca, ao ponto de ser claramente o homem com mais chances de terminar bem posicionado na classificação geral, boa parte da estratégia da escuderia italiana durante as corridas é voltada para beneficiá-lo — mesmo que em detrimento de seu companheiro de equipe.

Antes da temporada 2023, diversas plataformas de apostas e jogos online, as quais entre outras coisas cobrem os maiores eventos esportivos ao redor do mundo e oferecem estatísticas confiáveis, indicavam que o piloto da Ferrari mais bem cotado para o título era Charles Leclerc. Nada mais lógico, visto que nos primeiros meses de 2022 o monegasco foi o principal rival do holandês Max Verstappen, da Red Bull.

Durante os três primeiros meses da atual temporada, no entanto, o desempenho de Leclerc foi decepcionante. Nas cinco primeiras corridas de 2023 em que o piloto chegou até o final, o máximo que conseguiu foi um terceiro lugar (no Azerbaijão). Isso o deixava em sétimo no Mundial de Pilotos, logo atrás de seu companheiro, Carlos Sainz. Este, embora não viesse apresentando desempenho espetacular, tampouco abandonou qualquer corrida.

Reescrevendo o roteiro

Não chega a ser surpreendente ver Sainz acumulando mais pontos que Leclerc. Em 2021 o espanhol terminou em quinto lugar, enquanto o monegasco terminou em sétimo. Se em 2022 vimos Sainz terminar novamente em quinto e Leclerc em segundo, muito dessa diferença se deveu às seis vezes em que o madrilenho precisou abandonar uma corrida (mais do que qualquer um dos sete primeiros na classificação final).

Para este ano, Sainz talvez tenha buscado inspiração no desempenho de George Russel, da Mercedes, durante a última temporada. O britânico destacou-se pela sua regularidade, tendo abandonado apenas um Grande Prêmio dos 22 disputados. Foi principalmente por isso que terminou em quarto lugar no Mundial de Pilotos (fez 275 pontos), mesmo sem ter conquistado mais pódios que Sainz (que fez 246 pontos).

Mas seria injusto resumir a recuperação de Sainz em 2023 (pelo menos no que se refere à disputa interna) ao fato de não ter abandonado nenhum dos sete primeiros GPs. Porque, na maioria das corridas, ele não deixa muito (ou nada) a dever a Leclerc. O único quesito em que o nativo do Principado de Mônaco é indiscutivelmente superior ao nativo da Espanha é o desempenho em treinos classificatórios.

O preço a ser pago

Dois parágrafos atrás comparamos o Sainz de 2023 com o Russell de 2022, e no fim do ano passado o espanhol mesmo disse ter como objetivo para a atual temporada ser consistente. Não nos cabe julgar como ele vem conseguindo isso, mas até certo ponto é lamentável que, entre o início de março e o início de junho deste ano, ele não tenha chegado ao pódio uma única vez. É quase impossível que repita os nove pódios do ano passado.

O madrilenho parece ter se convencido de que, mais do que vencer ou mesmo lutar para ser um dos três melhores em cada corrida, o importante mesmo é voltar a terminar uma temporada à frente de seu companheiro de equipe. Mas até que ponto isso terá valido a pena se para 2024 a Ferrari trouxer Lewis Hamilton? Porque, se o britânico vier e o espanhol permanecer, ninguém terá dúvidas sobre quem será o piloto número um.



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