A Nova Era da F1: história está sendo escrita diante dos nossos olhos

Estamos vendo a história ser escrita diante dos nossos olhos. O chavão é mais velho do que andar para a frente. Também é um ótimo modo de começar um artigo, soando cheio de pretensão. Mas o anúncio desta quarta-feira é um capítulo à parte da categoria.

Todas estas mudanças já foram bem abordadas aqui no site e por este escriba que toma um pouco de sua atenção. Quem acompanha a categoria sabe que vários dos itens aprovados pela FIA, FOM e equipes já eram desenhados pelo menos desde 2017, quando a Liberty Media assumiu o comando da categoria.

Desde o início, os objetivos dos donos da Fórmula 1 eram reduzir a diferença entre as equipes e tornar o sistema mais palatável para os times, principalmente pelo aspecto financeiro. O público foi atendido em parte com mudanças na transmissão e uma efetiva entrada no mundo das redes sociais.

O diagnóstico era correto e ia de encontro em boa parte ao que o público queria. Mas e as equipes? Um verdadeiro cabo de guerra foi formado entre as “grandes” e as pequenas. Muita coisa não chega até o público, mas os interesses de todos chegam de certa forma aos olhos e ouvidos. Em cima deles, conseguimos pinçar um quadro geral.

A Fórmula 1 que surge agora é filha da crise. Quem acompanha a categoria poderia imaginar uma Ferrari aceitar um teto orçamentário que reduz cerca de quase 30% do que gasta? Ou as equipes acordarem em limitar fortemente o desenvolvimento?  É uma realidade totalmente diferente e que vai além do que já vimos em outras crises anteriores, até mesmo do que 2008.

Repito algo que já escrevi: o verdadeiro teto orçamentário virá das restrições de financiamento e não das regras. A instituição dos limites financeiros é algo extremamente positivo e um passo na direção correta, embora ainda seja uma exorbitância uma equipe gastar cerca de US$ 145 milhões por ano.

Quero mesmo ver pelo lado positivo estas mudanças. O que chamou bem a atenção foi a regra de distribuição de testes aerodinâmicos (já abordadas aqui neste espaço no dia 25, “A luz no fim do túnel (de vento) da Fórmula 1?”)e a efetiva introdução dos itens de “código aberto” (as equipes desenham algumas partes definidas e deixam seus projetos em servidores da FIA para quem quiser acesso) e podem ser adquiridos.

As principais características estão lá, mas a mutação desta vez foi grande. A Liberty Media sai como vencedora desta batalha. Os principais pilares imaginados por Ross Brawn e sua equipe foram implantados. Jean Todt também pega carona neste sentido e, como Brawn, torce para que tudo dê certo para poder dizer que deixa um legado ao final do seu mandato na FIA em 2021.

O embate final será em torno do novo acordo comercial. Um acerto era eminente, mas com o COVID, as coisas mudaram. Devermos sim ter um rearranjo e ter uma ligeira mudança nos valores distribuídos, deixando a categoria menos desigual.

Se as coisas funcionarem agora, até poderemos pensar em um futuro próximo termos mais equipes, bem como regulamentos mais liberais. Entretanto, se perde o impacto da necessidade e da urgência e poderemos ter uma repetição do que vimos após 2009 e o circuito vicioso se realimentar. Só que, para fazer o futuro, a Fórmula 1 mais que nunca tem que ver o passado.

Vamos agora torcer para termos uma temporada 2020 e começar a ver o que esta nova Fórmula 1 nos reserva.

 

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