O texto faz parte da série “A Saga da Equipe Fittipaldi na Fórmula 1”, com 9 capítulos contando a história da equipe brasileira montada pelos irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi. A partir de quarta-feira (15), acompanhe diariamente os novos capítulos no site da F1Mania.net
Pela primeira vez na história da equipe Fittipaldi, nenhum dos irmãos estaria ao volante de seus carros. No final de 1980, Emerson Fittipaldi anunciou sua aposentadoria das pistas. Cansado das lutas em viabilizar a equipe, resolveu focar em ajudar do lado de fora.
Mas não significava que não haveria um brasileiro ao volante: Chico Serra, campeão da F3 em 1979 e 6º lugar no campeonato de F2 em 1980, assumiria um dos carros. Keke Rosberg ficaria mais um ano e seria o primeiro piloto do time.
Pelo lado técnico, havia planos para um F9. Mas a equipe acreditava que o F8 era um bom carro e merecia desenvolvimento. Outro motivo era a falta de recursos financeiros para a construção de um novo carro. Por isso, a insistência no F8, que foi logo para a versão C (uma B foi pesada, mas não foi à frente), feita por Harvey Postlewhaite, Ricardo Divila e Gary Thomas.
Com a rescisão do contrato com a Skol, a equipe se viu inicialmente sem recursos. O mercado brasileiro encontrava-se retraído pela crise econômica. E a equipe Fittipaldi não era vista bom bons olhos graças a tudo que foi dito pela imprensa não-especializada. Para o início da temporada, havia um ligeiro apoio do Instituto Brasileiro do Café e da Phillip Morris. Negociações eram feitas com a petroleira alemã Avia, que assumiria o posto de patrocinadora principal. Um anúncio era esperado para qualquer momento.
Para dar andamento, os Fittipaldi iam se endividando. Não que as dívidas fossem algo inexistentes. Mas as demandas de uma equipe de F1 são grandes e em 80 a coisa começou a apertar. Entretanto, com a perspectiva de arranjar um patrocinador principal, as coisas se arranjariam.
Se a situação não era simples, o aspecto político da categoria também batia à porta. Desde o ano anterior, FISA e FOCA batiam de frente em relação aos rumos da categoria. A FISA queria mais controle e o fim do efeito solo. A FOCA, principalmente composta pelos fabricantes ingleses (Fittipaldi inclusa), não abria mão. Isso criou uma cisma.
Na confusão, o GP da Argentina foi adiado e Bernie Ecclestone organizou uma “Fórmula Libre”. Em 7 de fevereiro de 1981, as equipes da FOCA alinharam para um GP na África do Sul. Alfa, Renault, Ferrari, Ligier e Osella ficavam de fora. Neste GP esvaziado, Rosberg chegou a se classificar em 4º lugar no grid e terminou em 5º. Serra também fez uma boa prova, chegou a andar na 5ª posição, mas acabou em 9º.
Após esta corrida, as partes viram que ninguém venceria e costuraram um acordo, o Pacto de Concordia (nomeado assim pois a sede da FISA fica na Praça da Concórdia em Paris). Que está em curso até hoje, com uma série de adendos e deverá ter uma nova versão em 2021. E a temporada começaria efetivamente em Long Beach, 15 de março.
Começando no meio do grid (Rosberg em 16º e Chico em 18º), ambos foram subindo na corrida. Rosberg conseguiu andar um bom tempo no 8º andar e teria chances de pontuar (andou bastante na frente de Patrick Tambay, que chegou em 6º), mas abandonou com problemas de motor. Serra, em sua primeira corrida oficial, obteve o 7º lugar.
Jacarepaguá recebia a F1 de volta e foi organizada uma despedida para Emerson. Logo após o warmup, foi programado que ele desse algumas voltas. Mas o F8C teve uma falha de câmbio e o bicampeão teve que dar voltas em um bugre…Para a corrida, uma chuva caiu e a pista ficou encharcada. Serra foi abalroado logo na largada enquanto Rosberg chegou a andar em 5º, mas acabou em 9º.
A prova de que o F8C tinha potencial foi quando o finlandês obteve o 8º lugar no grid da Argentina. Mas faltava combinar com a bomba de combustível que falhou depois de 4 voltas. Para San Marino, a Fittipaldi veio com uma versão do controle de suspensão para manter a altura de 6cm e outras traquitanas para melhorar o efeito solo. Mas não deu muito certo, além de vetado pelos comissários.
A esta altura, a promessa do patrocínio alemão não se concretizava e as condições pioravam. Para ajudar, havia uma briga em relação aos pneus. A Michelin tinha o monopólio do fornecimento, mas Bernie Ecclestone introduziu os Avon (onde ele tinha participação) e a Fittipaldi os usou parcialmente (com Rosberg).
Na Bélgica, Rosberg conseguiu andar em 8º até o câmbio quebrar na 10ª volta. Em Monaco, ambos os carros ficaram de fora do grid (Rosberg ficou fora por um décimo). Este GP também marcou a saída de Harvey Postlewhaite e Peter Warr da equipe. A falta de recursos era enorme e simplesmente a equipe não tinha condições de bancar desenvolvimento. Uma série de patrocínios pequenos apareciam nos carros, mas não cobriam.
Na Espanha, Emerson assume o posto de chefe da equipe e os Michelin voltam a ser usados. Mas as condições não melhoravam, embora ambos os carros chegassem no final. O objetivo agora era conseguir chegar no final. Wilsinho também trabalhava na fábrica e obter mais recursos. Só que as dívidas aumentavam…
Rosberg tirava leite de pedra do carro e conseguia botar o carro no meio do grid. Serra também lutava, mas a falta de experiência e a dificuldade de preparação prejudicava. Por problemas, Serra nem largou na França e não se classificou na Inglaterra. Na Alemanha, ambos ficavam de fora.
A situação ficou tão estranha que a equipe não participou do GP da Áustria porque…não tinha motores! Para fazer caixa, a equipe vendeu alguns de seus motores e a Cosworth estava em férias, não tendo peças para fornecer. Como não conseguiu motores emprestados, ficou de fora. Oficialmente, a ausência foi justificada como “pausa para reorganização técnica”. Não por menos, mais algumas pessoas foram desligadas da fábrica de Reading…
Os Fittipaldi voltavam na Holanda tendo como novidade somente a introdução dos pneus Pirelli no lugar dos Michelin. O acordo com os alemães havia gorado e, como desgraça pouca é bobagem, mais uma vez os carros não se classificaram. O mesmo aconteceu na Itália e no Canadá.
O moral estava no chão e o cofre vazio. Para Las Vegas, a equipe consegue o apoio da fabricante de bicicletas Caloi (o fato de Serra ser genro de Bruno Caloi ajudou um pouco no acordo) e Keke Rosberg conseguiu classificar o carro na 20ª posição. E devagar, obteve o 10º lugar. Um alento diante das últimas provas.
1981 terminava com a Fittipaldi numa condição técnico-financeira muito precária. As dívidas já batiam na porta e manter o desenvolvimento que a categoria exigia se tornava algo complicado. Após muita conversa, os Fittipaldi decidiram insistir em continuar em 1982.
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