A Fórmula 1 enfrenta uma tempestade nos bastidores, com crises envolvendo tanto a organização da Liberty Media quanto a FIA. Nas últimas semanas, dois eventos de grande impacto chamaram a atenção: o abrupto afastamento do diretor de prova Niels Wittich pela FIA e uma investigação em andamento nos Estados Unidos contra figuras de peso da categoria, como Stefano Domenicali e Christian Horner, acusados de comportamento anticompetitivo.
O afastamento de Niels Wittich
O anúncio de que Niels Wittich “deixaria” suas funções imediatamente foi recebido com surpresa. O próprio Wittich negou ter pedido demissão, afirmando ao motorsport-magazin.com: “Eu não renunciei”. A situação gerou indignação entre especialistas, incluindo o ex-piloto Christian Danner, que criticou duramente a decisão da FIA.
“Diretores de prova não surgem do nada”, disse Danner. “Wittich fazia um trabalho impecável, interpretando as regras de maneira estritamente imparcial. Removê-lo sem justificativa é um erro fatal para a estabilidade do sistema.”
Danner também destacou que o cargo de diretor de prova é marcado por intensa pressão, com responsabilidades que vão além da simples aplicação das regras. “Lidar com nomes como Christian Horner, Toto Wolff e Zak Brown não é para qualquer um”, afirmou, apontando que o afastamento de Wittich é um passo arriscado em meio a uma temporada tão decisiva.
Crise na FIA e liderança controversa
O afastamento de Wittich ocorre em um ano tumultuado para a FIA, sob a presidência de Mohammed Ben Sulayem. A entidade viu várias figuras de alto escalão deixarem seus cargos, incluindo Paolo Basarri, responsável por investigar alegações contra o próprio Ben Sulayem. As circunstâncias dessas saídas têm levantado dúvidas sobre a gestão e os rumos da entidade.
Danner sugeriu que a saída de Wittich pode ser uma distração para problemas internos da FIA, mas classificou isso como um erro estratégico: “Essa decisão só desestabiliza ainda mais o sistema.”
Liberty Media sob investigação
Enquanto isso, a Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da Fórmula 1, enfrenta uma investigação do governo dos Estados Unidos. Figuras como Stefano Domenicali, Horner e Lawrence Stroll estão sendo investigadas por suposto comportamento de cartel, relacionado à tentativa de bloquear a entrada da equipe Andretti-Cadillac na F1.
A situação já escalou para um nível mais sério, com relatos de que os envolvidos serão interrogados por agentes do FBI durante o GP de Las Vegas. As alegações apontam para discussões em um grupo de WhatsApp privado, onde estratégias para impedir a entrada da Andretti teriam sido debatidas.
Embora fontes afirmem que a saída do CEO da Liberty Media, Greg Maffei, não esteja relacionada ao caso, o impacto desse escândalo pode abalar as estruturas da Fórmula 1.
Instabilidade em um momento crítico
Com três corridas restantes na temporada, as turbulências internas chegam em um momento em que a F1 deveria estar focada em disputas esportivas e celebrações. As decisões da FIA e as investigações envolvendo a Liberty Media têm potencial para prejudicar a credibilidade e a estabilidade do esporte.
A necessidade de um diálogo mais claro e ações mais estratégicas são essenciais para evitar danos duradouros. Como Danner concluiu: “Esses erros são um golpe para o futuro da Fórmula 1 e devem ser corrigidos antes que se tornem irreparáveis.”