A respiração de muita gente ficou presa ontem ao ler a notícia de que a McLaren entrou com uma ação na justiça de maneira a garantir o financiamento de suas operações até julho, sob o risco de se tornar insolvente.
Algumas semanas atrás, mais exatamente em abril, este espaço fez um ranking das equipes de Formula 1 que corriam mais risco de “quebrar” financeiramente. Àquela altura, a Williams ainda tremia…a McLaren foi inclusa naquela lista como a 5a equipe com riscos.
Já se sabia que a situação não era boa. Com a pandemia, as vendas dos carros (que representam 88% das receitas do grupo) despencaram e arrebentou o fluxo de caixa. Parecia que o investimento de £ 300 milhões por parte dos acionistas daria um fôlego para este momento complicado. Mas não foi.
Além da perda de receitas, os pagamentos a fornecedores e o último desembolso feito a Ron Dennis pela venda de sua participação na empresa acabaram por drenar o caixa da empresa. Diante disso, a solução é conseguir mais dinheiro…
Um empréstimo junto ao governo inglês foi negado. Uma das soluções levantadas foi usar as instalações e os carros do acervo. Mas há um pequeno problema…
Estes ativos conseguiriam dar liquidez à McLaren. A ideia seria vendê-los, fazer caixa e pagar uma espécie de aluguel. O problema é que são garantias de bônus lançados no mercado em 2017, no valor de US$ 700 milhões, justamente para pagar a compra das ações de Ron Dennis, ajustar alguns outros financiamentos e fazer outros investimentos. Diante dos planos, os donos destes bônus questionaram esta situação e querem fazer suas opções valerem para não verem seu investimento ir para o ralo.
Diante do impasse criado e do caixa sendo consumido, a McLaren entrou com uma ação na justiça no início do mês, de forma a pedir proteção para manter seus financiamentos e viabilizar uma forma de financiar as operações até 2021, estimando suas necessidades em cerca de £ 280 milhões de libras.
A McLaren já tinha resultados financeiros negativos há vários anos. Ano passado, mesmo com a melhora da margem da venda de carros e os melhores resultados nas pistas, o prejuízo ficou em £ 33 milhões. O objetivo dos acionistas era chegar no equilíbrio em mais 2 anos.
Aparentemente, os acionistas (Fundo soberano do Bahrein, Mansour Ojjeh, Michael Latifi e outros) não se mostram inclinados a fazer um novo aporte de capital. Desta forma, as opções são poucas e a McLaren espera uma solução até o dia 17 de julho. Ou seja, logo depois do segundo GP da temporada.
O juiz responsável considerou o prazo “ambicioso”, mas crê que pode se chegar a um acordo. Dia 2 está marcada uma audiência, onde os credores serão ouvidos. Caso não se chegue a um acordo, estarão dadas as condições para que o grupo McLaren fique sob o controle dos donos da dívida.
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