Cavalaria chegou na F1, mas a guerra ainda precisa ser vencida

Em colunas anteriores, este modesto escriba levantou a possibilidade de, diante do acirramento da crise criada pela incerteza do início da temporada 2020, a Liberty Media deveria considerar partir para um apoio direto às equipes de modo a garantir a sobrevivência neste momento.

Enquanto uma possibilidade de começar a temporada aponta no horizonte, mesmo com portões fechados, nesta quinta-feira veio a notícia de que a Liberty promoveu uma operação financeira interna entre seus empresas: A Formula One Management (FOM) obteve cerca de US$ 1,4bi da Liberty SiriusXM  (cadeia americana de 850 rádios por streaming) através da troca de ações de uma outra empresa do grupo e ainda uma parte do time de baseball Atlanta Braves.

Até aí, nada demais. Só que esta operação serviu para, além de dar liquidez à FOM, adiantar valores para algumas equipes e poder estender este apoio a outras equipes “se manterem solventes, pois queremos que elas corram em 2020, 2021 e além”, de acordo com Greg Maffei, CEO da Liberty.

Alguns dizem que este apoio também pode englobar os organizadores de GPs, pois, caso realmente sejam feitas corridas, não poderão faturar com a venda de ingressos e hospitality centers, já que tudo aponta para circuitos com portões fechados e restrição para a circulação de pessoal.

Esta foi uma ação de curto prazo, para apagar um incêndio que ameaçava tudo. Mas hoje a situação equivale a alguém que chamou os bombeiros para debelar um foco de incêndio em casa. Só que o sistema elétrico está todo comprometido, tem um monte de material inflamável e a água acabou por deixar a estrutura danificada. Entenda porquê:

– O que a F1 faz para estas equipes que receberam dinheiro (que não sabemos até agora quem são) é adiantar parte do valor que teriam a receber de premiação. É mais ou menos o que os clubes brasileiros de futebol fazem com a Rede Globo, adiantando valores de contrato de televisionamento.

E como isso fica? Será um empréstimo a fundo perdido ou deve ser devolvido? A equipe fica sem receber nenhum valor posteriormente se for o caso?

A solução resolve agora, até porque os bancos estão seletivos para empréstimos neste momento. Mas pode causar um problema grande no fluxo de caixa destas equipes no futuro. A área financeira vai ter que justificar salários agora…para não os perder no futuro.

– A própria F1, caso resolva apoiar os promotores, também desfalca seu cofre. Algum tempo atrás, um estudo da agência Moody’s dava conta que a FOM tinha em caixa cerca de US$ 400 milhões, o que garantia “segurança”.

Só que há de se considerar o seguinte cenário: deste valor, uma parte se trata de valores já pagos por alguns promotores pelos GPs. E como funcionaria este apoio da FOM? Ressarcimento de valores referentes aos ingressos? Caso positivo, em que base? Parcial ou total?

Neste ponto, se encaixaria a intenção de fazer o máximo de corridas possível para poder minimizar o prejuízo. Nesse ponto, o Brasil acaba perigando pois, além de Monaco, não paga a taxa para sediar o GP. Monaco já foi cancelado e a perna americana (Estados Unidos e México) está sob observação.

E ainda poderemos ter uma enxurrada de pedidos de revisão contratual ou até mesmo encerramento. Afinal, boa parte das provas são pagas com apoio de governos. Com arrecadações em baixa, vários valores serão questionados. Um exemplo básico é Austin, onde parte das despesas são reembolsadas conforme previsão de uma lei estadual, que incentiva a realização de eventos. O valor gerado por eles através de exposição e turismo justificariam o reembolso (Um modelo parecido seria pensado para Deodoro). Se a prova for realizada com portões fechados…parte da arrecadação de impostos cai pelo público reprimido. Aí…

Neste aspecto, também entram os contratos de transmissão, que preveem um mínimo de provas a ser realizadas (fontes não confirmadas dão conta de 15 provas). Diferente disso, o valor a ser pago é reduzido e significa menos dinheiro para a FOM e as equipes….E contratos cruciais estão na mesa para discussão (Brasil incluso).

Estes são os pontos principais. Não existe solução fácil. Para este momento, era preciso que a cavalaria viesse e desse algum alívio para pensar os próximos passos. Algum fôlego será tomado. Esta corrida está ainda nas primeiras voltas e a estratégia terá que ser muito bem pensada.

 

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