2021 será o ano em que o famigerado teto orçamentário será aplicado na F1. Após tanto tempo para discussão, podemos dizer que a COVID-19 teve o poder de fazer algo que se fala por tanto tempo na categoria se tornar realidade. OK, está longe de ser perfeito e o valor acordado (US$ 145 milhões), bem como as exclusões negociadas ainda permitem muita coisa. Mas é um caminho interessante.
Em uma análise preliminar, das atuais 10 equipes, Mercedes, Ferrari e Red Bull terão que fazer uma adequação mais firme. Afinal de contas, estas equipes têm orçamentos entre 300 e 400 milhões de dólares. Mesmo ainda com liberdade para gastar com pilotos, motores, despesas de viagem e marketing e com alguns salários de membros do time, o aperto vem.
Uma saída que se desenha é que parte das atividades sejam desviadas para outras áreas. Este ano, a Mercedes começou a deslocar membros para o seu time de Fórmula E. Posteriormente, abriu uma divisão de engenharia aplicada, que já ajudou no desenvolvimento do barco da Ineos para a America’s Cup.
Além disso, o time inaugurou um segundo túnel de vento em sua sede em Brackley, onde a Racing Point fez boa parte do desenvolvimento do RP20. Neste aspecto, a equipe que assumirá o nome da Aston Martin no próximo ano vem fazendo ali todo o trabalho aerodinâmico para a temporada que vem. E alguns membros estão se juntando ao time, que deve inaugurar uma nova sede no próximo ano, não muito distante da Mercedes (cerca de 20km)….
A Red Bull deve se utilizar mais da sua subsidiária, a Red Bull Technologies, que oficialmente recebe parte dos gastos dos seus times (Red Bull e Alpha Tauri). Tanto é que a Alpha Tauri está usando o túnel de vento da matriz, já que o seu anterior usava uma escala de 50% (o regulamento permite 60%).
Já a Ferrari é quem se vê mais apertada. É público o tamanho de sua estrutura em Maranello. Desmobilizar este pessoal é um tremendo trabalho. Por isso, os italianos irão investir no programa GT e devem bater o martelo de desenvolver um hipercarro para voltar à classe principal de Le Mans em 2023.
Isso é importante? É. Mas não basta. Por isso mesmo, anunciou a saída de Simone Resta, diretor técnico, para a Haas. A Gazetta dello Sport diz que não só Resta, mas cerca de 30 técnicos estarão se deslocando para o time americano para a próxima temporada. E o Race Fans vai mais além: em 2022, o carro seria inteiramente feito na Ferrari.
Estas mudanças acabam por representar uma forma de adequar aos orçamentos. Mesmo assim, as novas regras devem reduzir a conta total em cerca de 30%. A diferença entre os times se reduz, mas ainda segue considerável. Mesmo se levar em conta esta redução, ainda teríamos um fosso maior do que 60% entre os orçamentos mais “gordos” e os mais “enxutos”. A esperança que esta limitação financeira, juntamente com a restrição do uso do túnel de vento, ajude a juntar os carros no grid. Mas isso é conversa para outra coluna…