A FIA entrou em campo nesta terça (31) para auxiliar as equipes a passar pela tempestade do coronavírus. Como dito em um dos textos anteriores, a regra é cortar para sobreviver. Em adição às medidas tomadas anteriormente, foram definidos:
– As fábricas das UPs também ficarão fechadas por três semanas (a única que não havia reduzido seu ritmo era a Honda, com sedes na Inglaterra e Japão), sem permissão para trabalho, tal qual as equipes;
– Caso o campeonato tenha 14 etapas ou menos, o número de UPs habilitadas para uso pelas equipes foi reduzido de 3 para 2 (os demais itens foram limitados a 2 unidades cada). Caso o número de provas caia para menos de 11, a quantidade de baterias cai de 2 para 1.
– Oficialização da postergação do novo regulamento técnico para 2022.
– Proibição do trabalho de desenvolvimento nos carros de 2022 a partir de 28/03/2020.
– Mudança nos testes;
– Confirmação da proibição do DAS da Mercedes para 2021; e
– Autorização para a FIA e a F1 mudar o calendário sem votação e alteração de regulamento com pelo menos 60% dos times, com aprovação posterior do Conselho Mundial.
As ações tomadas hoje vão em linha com a visão de tentar aliviar o caixa das equipes no cenário de que as receitas serão reduzidas e que o cenário de uma temporada em 2020 venha a acontecer seja cada vez mais improvável. Medidas mais radicais começam a ser consideradas. Em entrevista à BBC Sports, Christian Horner, chefe da Red Bull, declarou que as equipes consideram postergar a aplicação das novas regras para 2023 em nome do fluxo de caixa. Segundo ele, é mais importante agora a estabilidade.
O caminho até aqui vem sendo no sentido correto. Mas é preciso mais. Até o momento, não há uma definição sobre que itens dos carros de 2020 ficarão congelados para desenvolvimento. A Racing Point deu uma dica em alguns itens, como aumentar o uso de alguns itens, como rodas, por exemplo. Mas a economia estimada nisso fica na casa de £10 milhões. Isso responde a cerca de 5 a 10% do orçamento de uma equipe. Não é muito. Na mesma entrevista, Horner falou que, caso 60% do chassi fossem congelados por 18 meses, os custos operacionais cairiam dramaticamente para todos.
Nesta esteira, o teto orçamentário estabelecido para 2021 de US$ 175 milhões está em discussão. Se fala em um corte de 40% neste valor, embora nada esteja ainda fechado. Mas como dito anteriormente, mais importante do que o teto orçamentário, a renegociação e/ou encerramento de patrocínios será determinante neste aspecto. Com certeza, teremos menos dinheiro circulando no mercado.
E as equipes olham tudo com atenção. Com normas locais cada vez mais prolongando os fechamentos de fábricas, a pressão sobre a mão de obra aumenta. Inglaterra e Itália já anunciaram pacotes de socorro a empresas, mas como os times de F1 contam com pessoal bem especializado, os salários são mais altos e a cobertura governamental só abrange parte da folha. A chance de demissões acontecerem aumenta…
Uma medida que deve ser considerada em breve – se é que o assunto não esteja na mesa – é o adiantamento de possíveis cotas de premiação e patrocínio para que as equipes possam fazer um pouso mais suave. Mas a F1 também tem seus problemas…
A despeito de ter anunciado lucro ano passado, o valor das ações da categoria despencou em bolsa, acompanhando o movimento do mercado. Com os valores referentes às provas e transmissões não tem sido recebido, a posição de caixa não é das melhores, ainda mais que a estrutura de administração da categoria aumentou bastante nos últimos anos. Estaria a FOM em condições de socorrer as equipes? Não esquecendo que agora está em processo renhido de negociação com alguns dos principais mercados televisivos, Brasil no meio.
Isso abre margem para que investidores possam entrar injetando dinheiro ou até mesmo uma troca de guarda no comando, possibilidade que volta e meia aparece na mesa, já que aparenta uma certa desilusão por parte da Liberty Media em certos momentos. Não nos esqueçamos que em 21 termina o mandato de Chase Carey à frente da FOM… Algumas fontes dão conta que alguns empréstimos feitos anteriormente deixam a situação mais complicada, podendo inclusive levar a categoria para a mão de bancos…
O fato é que a F1 terá que se redimensionar à força. E o fã vai ter que assumir que a categoria terá que beber na fonte de outras como a Indy ou até mesmo a F2, no sentido de limitar desenvolvimento dos carros e deixar que as coisas se definam mais nas soluções de acerto e engenharia, embora a F1 seja muito menos igualitária e não haja mostrar de que exista um certo nivelamento entre elas. O máximo que se falava neste sentido era em congelamento de desenvolvimento das UPs para 2025. Não nos assustemos se isso venha antes e com forte mão da FIA para equalizar desempenho entre os fornecedores (será que a Ferrari poderia ajudar neste sentido, nos termos do acordo firmado no início do ano?).
Para sobreviver, a F1 terá que abrir mão de muita coisa e fazer ainda mais. Como dito antes, o caminho parece o correto, mas a união entre todas as partes terá que sair agora nem que seja à força para que consigam ultrapassar a tempestade.
Receba as notícias da F1Mania.net pelo WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/HA74fR3PiN1AOcPsVZjBaT
Siga-nos nas redes sociais:
Twitter – https://twitter.com/sitef1mania
Facebook – https://www.facebook.com/sitef1mania
Instagram – https://instagram.com/sitef1mania
Inscreva-se em nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/f1mania?sub_confirmation=1
Está no ar o Episódio #6 do Podcast F1Mania.net Mundo Afora – Igor Fraga na Red Bull, testes promissores de Eric Granado e mais. A análise é dos jornalistas especializados em esporte a motor Alexander Grünwald, Felipe Giacomelli e Leonardo Marson. Ouça:
Spotify – http://f1mania.vc/auV
Google Play Music – http://f1mania.vc/auU
Deezer – http://f1mania.vc/auX
iTunes – http://f1mania.vc/aRy