Para (pouca) surpresa, a Haas F1 anunciou nesta quarta-feira (26) a confirmação de Louis Deletraz e Pietro Fittipaldi como pilotos de testes e reservas da equipe para a temporada deste ano (se ela acontecer…).
Após um ano na função dentro da Haas, o brasileiro conseguiu confirmar a Superlicença e agora se junta ao suíço como apto a poder participar não só dos treinos livres, mas também como entrar no lugar de um dos titulares da equipe.
Este aspecto foi tratado em uma das últimas colunas escritas aqui (Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Câmara: devagar com o andor, de 10/03) e agora cabe recordar a matemática que levou a obter a superlicença, o que já foi abordado por mim em outros espaços.
Como é de conhecimento do público em geral, a FIA, no Anexo L do Regulamento Esportivo Internacional, diz que um piloto deve ter 40 pontos conquistados em 3 temporadas, de acordo com uma tabela de distribuição. Isso começou a ser aplicado em 2015 e a cada ano, o sistema é reavaliado.
Pietro chegou em 2019 com 35 pontos válidos, referentes ao título da Fórmula 3.5 V8 em 2017. Em busca dos 5 pontos restantes, se lançou em disputar a DTM pela Audi, em paralelo ao trabalho desenvolvido nos simuladores da Haas. Mas por diversos motivos, obteve um 15º lugar na classificação geral (era necessário ao menos chegar em 5º para obter os pontos faltantes).
Muita gente cogitou a possibilidade da mudança das regras da FIA, prevendo dar um ponto para os pilotos que completassem 100km em treinos livres, pudesse ser usada ao brasileiro. Mas houve um esclarecimento da federação explicando que a regra só valeria a partir de 2020. O máximo que Pietro poderia postular seria a licença especial para participar de treinos livres, que exige pelo menos 25 pontos.
A chance que havia para obter os pontos seria partir para os campeonatos asiáticos, disputados justamente quando os campeonatos europeus já haviam sido encerrados. Dos que contam pontos para a tabela da FIA, restava a F3 Asiática.
No ano retrasado, a Red Bull tentou fazer com que um de seus pilotos, Dan Ticktum, fizesse o certame para conseguir os pontos. Mas além de não ter tido um bom desempenho inicial, a FIA chamou a atenção dos organizadores e reviu a pontuação. Nesta edição, a F3 seguiu o modelo previsto nas normas para poder contar pontos: 5 etapas com 3 rodadas cada, em circuitos homologados pela FIA.
Deste jeito, a F3 Asiática programou uma etapa para 2019 e as quatro restantes para 2020. Isso chamou a atenção de diversos outros pilotos como Nikita Mazepin e Tatiana Calderon, já conhecidos do público. Também bateram ponto Jack Doohan, campeão do período anterior, membro da academia Red Bull de pilotos e filho do campeão de motovelocidade Michael Doohan e Jamie Chadwick, campeã da W Series.
Muitos adjetivos podem ser dados à F3 Asiática nesta temporada 19/20, menos tranquila: início do aparecimento do coronavírus, dificuldade de ter os 12 pilotos na pista para que o campeonato fosse validado para dar a totalidade dos pontos previstos….Mas no fim, como tudo, Pietro conseguiu o 5º lugar na classificação geral, o que lhe deu 6 pontos para a contagem da Superlicença.
A partir daí, cabem as interpretações…
Até 2019, o Anexo L da Fia previa que seriam necessárias até 3 temporadas para que se obtivessem os 40 pontos necessários para a Superlicença. Sempre lembrando que quem solicita este documento junto à FIA é a equipe associada a federação local do piloto. Para 2020, a redação foi alterada. O artigo 5.1.6 prevê que os 40 pontos devem ser obtidos em a) até 3 temporadas anteriores à data da solicitação ou b) 2 anos/temporada antecedentes a data da solicitação em adição a pontos em campeonatos completados no ano da solicitação, o que for maior.
No caso de Pietro, ele teria os 35 caducando no fim de 2019. A F3 Asiática começou a ser disputada em 2019 e terminou em 2020. Dependendo da avaliação da federação, ele poderia ter 41 pontos (se considerar a F3 em 2019) ou somente 6 (se considerar o término do campeonato este ano, já que a maioria das provas foi disputada em 2020). Aparentemente, o parecer foi feito considerando a categoria asiática no ano passado, permitindo o brasileiro a ter a superlicença emitida.
Os critérios de emissão de Superlicença, embora tenham melhorado, ficando mais claros desde 2015, ainda deixam lacunas em aberto e exigem que alguns abnegados se debrucem para tentar entender as tabelas e normas, de modo a saber se pilotos são aptos ou não para terem condições de pilotar.
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