Várias interrogações surgem para a temporada 2020 da F1. Neste momento, as atenções do grande público se voltam para a apresentação dos carros. Alguns poucos se preocupam com a posição das equipes: vão priorizar 2020 ou 2021? Mas há um aspecto que vem passando em brancas nuvens e que pode fazer toda a diferença para o desenvolvimento das corridas: qual será a posição da Direção de Prova e dos Comissários?

2019 foi um ano de muita agitação neste campo. Às vésperas do GP da Austrália, Charlie Whiting, por anos o responsável pela parte de segurança da FIA e da Direção do Prova, veio a falecer. Tal ação causou grande comoção no mundo da F1 e colocou no centro das atenções um novo personagem: o australiano Michael Masi.

Masi não era necessariamente um iniciante. Ele já havia sido diretor de provas na Supercars australiana e vinha respondendo pelo comando da F2. A ideia era que acompanhasse mais algumas provas junto a Whiting e se cacifar para ser seu sucessor. Mas os planos foram acelerados. E muito.

Não só Masi, mas a FIA e todos os envolvidos tiveram que se ajustar de acordo com as coisas iam acontecendo. Afinal de contas, Whiting era um patrimônio da casa e muita coisa ficava sob sua responsabilidade. E aos poucos, as coisas foram se encaixando.

Um dos pontos cobrados ao longo deste ano foi a consistência das posições tomadas pelos comissários. O assunto virou manchete no GP do Canadá por conta da punição a Sebastian Vettel e gerou uma verdadeira onda de críticas. Tanto que, na corrida seguinte, GP da Áustria, houve o entrevero entre Leclerc e Verstappen e foi tratado como “lance de jogo”.

Piloto é um animal que reclama de qualquer jeito. Se estiver somente dito, vai querer que detalhe no regulamento. Se coloca no regulamento, ele diz que é engessado. E assim segue o baile. Não à toa, no fim do ano, saiu uma matéria até com certo estardalhaço com Max Verstappen comparando as decisões dos Comissários com as dos juízes de futebol.

Todo caso, ele não está de todo errado: ambos têm que fazer valer a lei, usar de bom senso e não aparecer mais do que o jogo. E algumas vezes ao longo do ano, não foi isso que aconteceu.

Depois de uma temporada, já houve tempo para que Masi se acostumasse ao posto e que os pilotos se ambientassem ao novo estilo. Ao mesmo tempo em que buscou ser mais aberto, explicar mais as decisões e reintroduzir sinalizações como a bandeira de advertência, Masi, em conjunto com todo o corpo diretivo e esportivo, buscar maior homogeneidade nas ações, de modo que estas não interfiram tanto nos resultados de pista. Um exemplo? Porque não já ter feito o ajuste com a punição de Lewis Hamilton no Brasil e permitir uma festa completa para Carlos Sainz? Ok, alguns protocolos devem ser seguidos para reduzir o questionamento. Mas certas situações…

Em uma matéria da Racefans publicado nesta segunda-feira (06), o australiano agradeceu o apoio recebido dos pilotos, equipes e de todo o staff da F1 ao longo de 2019, que “sem ele, não teria conseguido”. Com certeza, Masi já viu onde pode ir e isso faz toda a diferença. Afinal, confiança e experiência são boas qualidades em um cargo crítico como esse. O próprio Whiting se valeu muito isso ao longo de sua atuação. E seu sucessor parece seguir a mesma linha, não correndo o risco de ser um novo Bruynseraede, mais conhecido por suas peculiaridades.

E que discutamos mais as brigas entre pilotos do que as decisões dos árbitros neste 2020. O público agradece.

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