O velho ditado diz: tempos extremos exigem medidas extremas. Talvez na tentativa de apagar o tremendo erro de ter insistido em fazer a prova da Austrália, a F1 procura mostrar a imagem de ser mais realista do que o rei. Nesta quinta, foram adiados os GPs da Holanda e Espanha, cancelado o GP de Monaco (onde foi anunciado que o Príncipe Albert contraiu o coronavírus) e anunciada outra medida mais impactante: com o apoio de todas as equipes, foi postergada a aplicação do novo regulamento técnico inicialmente previsto para 2021 para 2022. Em paralelo, foi decidida a permanência do chamado Teto Orçamentário para o próximo ano.
As grandes linhas foram definidas, mas os detalhes ainda precisam ser acertados. A principal preocupação é procurar preservar as finanças das equipes, já que boa parte das entradas vem da premiação dada pela FOM. Até mesmo a toda-poderosa Mercedes tem cerca de 40% de suas receitas vinculadas a premiações.
Além da postergação, foi acertado que os carros de 2020 serão mantidos para 2021, com o congelamento de desenvolvimento de certos componentes. Alguns falam que os aerofólios não seriam mexidos- salvo as adaptações previstas para cada tipo de traçado – alguns elementos da suspensão e a parte à combustão (ICE) das Unidades de Potência. Mas tudo em nome da contenção de custos.
Neste momento, as fábricas encontram-se fechadas e assim ficarão até abril, já que havia sido acordada a mudança das férias de agosto para o início do ano. Este foi mais um movimento para liberar espaço no calendário e assim conseguir fazer algumas provas. As equipes oficialmente não podem acessar os servidores das sedes para fazer trabalho remoto.
A transferência das regras de 2021 para 2022 acabaria também por ajudar as equipes com mais recursos. Afinal de contas, mais grana e pessoal disponíveis. Isso permitiria melhores resultados, mesmo com toda a restrição prevista para o uso computacional e dos túneis de vento. Mas a manutenção do Teto Orçamentário para o próximo ano pode ajudar a equilibrar um pouco as coisas…
Ora, mas por que? As equipes grandes estavam já despendendo recursos para o projeto de 2021. Não foi segredo que as principais equipes reforçaram seus orçamentos para este ano visando escapar da regra do teto orçamentário. Agora, o deslocamento dos trabalhos será realocado em alguns meses e as equipes terão dificuldade de usar este valor em 2021, já que a parte de desenvolvimento (túnel de vento, pessoal) está dentro dos itens controlados…
Além do mais, não só o teto orçamentário, mas como possíveis acordos de patrocínio poderão ser revisados. Afinal, a economia como um todo passa por um processo de desaceleração e, nesta hora, normalmente investimentos em marketing são cortados. Este aspecto poderá ser tão determinante quanto as regras financeiras. Não se assustem nos próximos meses ao verem anúncios de contratos desfeitos e/ou revisados. Embora não seja a primeira vez em que isso aconteça na categoria.
A combinação destes dois fatores é que poderão fazer a F1 mais interessante. Mas, caso o congelamento de desenvolvimento dos carros de 2020 seja configurado, não teríamos grandes mudanças em relação ao que vimos em Barcelona. Em tese, este tempo seria interessante para a Ferrari trabalhar em cima do SF1000. Mas com a fábrica fechada e as férias antecipadas…esta situação se complica, a não ser que seja feita uma grande força tarefa para colocar este carro refeito na pista.
Temos mais algumas questões que aparecem no horizonte: se o campeonato for reduzido, os limites de motores continuarão? Se o campeonato for 20/21, a McLaren usará motor Renault ou Mercedes? O formato do final de semana será modificado para que possamos ter mais provas em menos tempo?
Falar em mais alguma coisa agora é puro exercício de futurologia. A situação muda a cada dia. Na semana passada, a postergação das regras era uma possibilidade remota e que se concretizou. Helmut Marko em Melbourne falou que a temporada começaria no Azerbaijão. Hoje o quadro é este, mas vai depender da evolução da pandemia na Europa e Américas. Se falava em 20 provas, hoje se projeta 15, se começa falar em um campeonato entrando em 2021… (lembrando que, pelo o Regulamento Esportivo, são necessárias 8 provas para que o campeonato seja válido).
Mais do que nunca, a situação da F1 é comparável à da política feita por Tancredo Neves: só examine a espuma após as ondas baterem. O mar está agitado, mas temos que ver o que vem à frente. Sigamos em frente.
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