A entrada da Audi na Fórmula 1, inicialmente projetada para transformar a Sauber em sua equipe de fábrica em 2026, enfrenta desafios significativos. O grupo alemão, que comprou a totalidade da Sauber, está agora considerando a possibilidade de vender uma participação minoritária ao fundo soberano do Qatar. Essa mudança estratégica busca aliviar as pressões financeiras da Audi, mantendo, contudo, uma posição de controle.
Segundo informações do portal ‘The Race’, o investimento qatari seria uma forma de sustentar o desenvolvimento da infraestrutura da Sauber em Hinwil, na Suíça, bem como a construção de uma nova instalação dedicada a motores de Fórmula 1 em Neuburg, na Alemanha. O custo desses projetos é substancial, estimado em centenas de milhões, e ocorre num contexto de cortes de despesas por parte da empresa-mãe, o Grupo VW, que já implementa uma ampla redução de custos e enxugamento de sua força de trabalho.
O interesse do Qatar em investir na Sauber não é um movimento isolado. O fundo soberano qatari já está envolvido na F1 como patrocinador do Grande Prêmio do Qatar e possui laços com o Grupo VW. Esse tipo de investimento minoritário segue uma tendência recente na F1, em que fundos do Oriente Médio e dos Estados Unidos aumentam suas participações no esporte, à medida que o valor das equipes se eleva. Exemplos disso incluem o envolvimento do Bahrein com a McLaren, evidenciando um interesse crescente de investidores institucionais no controle de partes minoritárias das equipes.
Essa possível venda pode ter impacto direto no futuro do piloto brasileiro Gabriel Bortoleto, que foi confirmado como piloto da Sauber para 2025. Com apenas 20 anos, Bortoleto é um dos talentos emergentes mais promissores, atualmente liderando a classificação da Fórmula 2 e se preparando para sua estreia na F1 ao lado de Nico Hülkenberg. Caso a venda ao Qatar se concretize, o brasileiro poderá enfrentar uma equipe em fase de reestruturação e adaptação financeira, o que pode afetar positivamente — com um possível aumento de investimentos — ou negativamente, com ajustes que poderiam interferir no planejamento inicial da equipe.
A trajetória do projeto Audi-Sauber tem sido marcada por obstáculos, com mudanças significativas na direção da equipe. Andreas Seidl, que inicialmente comandava a transição, foi substituído por Mattia Binotto, ex-chefe da Ferrari, que agora assume a responsabilidade de reverter o desempenho abaixo do esperado da equipe. Até o momento, a Sauber ainda não conquistou pontos na temporada, refletindo o impacto das dificuldades de adaptação e o ritmo lento do desenvolvimento técnico da equipe.
Para a Audi, manter o controle enquanto atrai capital do Qatar representa uma estratégia de equilíbrio. A venda minoritária permitiria que o grupo gerenciasse o financiamento dos pesados investimentos necessários, sem abrir mão da gestão direta da equipe de F1. Esse movimento é visto como uma adaptação ao cenário atual da indústria automobilística, que, além dos desafios econômicos, enfrenta uma pressão crescente para avançar nas tecnologias sustentáveis e melhorar a eficiência financeira.
No cenário da Fórmula 1, essa possível reconfiguração da Sauber evidencia o impacto que a estrutura acionária e as decisões corporativas têm sobre o desenvolvimento de pilotos e equipes. Com a adição de Bortoleto ao time, a Sauber e a Audi parecem apostar na combinação entre a experiência de Hülkenberg e a juventude do brasileiro como um caminho para estabelecer uma base sólida antes da estreia oficial da equipe de fábrica da Audi em 2026.