O ex-gerente da Ferrari e atual comentarista, Peter Windsor, acredita que Mattia Binotto ‘garantiu’ sua saída da Scuderia, no momento em que confrontou Charles Leclerc no final do GP da Inglaterra de Fórmula 1 em 2022.
Binotto renunciou ao cargo de chefe da equipe Ferrari no final de 2022, após o fracasso da equipe na disputa pelo título, sendo substituído por Frederic Vasseur em 2023. É praticamente unanimidade, que mesmo se Binotto não renunciasse, a Ferrari iria demiti-lo de qualquer maneira.
As tensões dentro da equipe já vinham crescendo durante a temporada, e no GP da Inglaterra em Silverstone, onde o então líder da corrida Leclerc, foi deixado na pista com pneus velhos durante um período de Safety Car, o que fez com que o monegasco perdesse posições e do P1, terminasse a corrida apenas em P4. A corrida foi vencida pelo companheiro de equipe Carlos Sainz, que conquistou sua primeira vitória na F1.
Depois da corrida as câmeras mostraram Binotto ‘apontando’ o dedo no rosto de Leclerc no parque fechado, no que se tornou a imagem que ‘definiu’ a vacilante disputa da Ferrari pelo título.
Falando por meio de uma transmissão no Twitch, Windsor afirmou que foi naquele momento que Binotto começou a perder seu cargo de chefe da equipe.
Ele disse: “Acho que tudo veio à tona quando Charles inexplicavelmente foi deixado na pista naquele momento do GP da Inglaterra. Ele era o único com pneus velhos e ficou para trás. Ele deveria ter vencido aquela corrida.”
“Obviamente, Charles ficou furioso e atacou todo mundo pelo rádio, e quando ele saiu do carro no parque fechado, Binotto fez aquele movimento com o dedo para ele, como: ‘Não fala assim, quem manda aqui sou eu’,” acrescentou Windsor.
“Isso não foi correto e naquele momento, devo dizer, pensei: ‘Bem, os dias desse cara (Binotto) estão contados’, porque não há como lutar contra uma força como a energia que é Charles Leclerc, e como ele é bom em última análise.”
Windsor identificou duas áreas-chave em que Binotto falhou em seu papel como chefe de equipe, alegando que teve a sorte de sobreviver à controvérsia de 2019 em torno da legalidade da unidade de potência da equipe, e não teve controle suficiente das operações de corrida do time em 2022.
“Ele meio que entrou por padrão, quase como um chefe de equipe temporário. Cara legal, uma pessoa bastante suave no geral. Você pode subir e conversar com ele, ele é um cara legal e uma pessoa muito atenciosa”, disse Windsor.
“Mas para mim havia duas coisas importantes que eram um problema para ele. Um deles era obviamente aquele drama do motor, eles basicamente trapacearam e essa era sua responsabilidade, porque ele era o cara do motor. E ainda assim ele manteve seu emprego, o que é uma coisa bizarra.”
“Suponho que, se você olhar para trás agora, pode dizer que ele provavelmente manteve o emprego porque, se a Ferrari o tivesse demitido, seria admitir que eles realmente estavam trapaceando, então eles levaram a culpa e continuaram”, acrescentou.
“Ele realmente não tinha um delineamento adequado no controle de gerenciamento, entre o grupo de estratégia e o grupo de desempenho de corrida, incluindo os pilotos e isso sempre parecia ser uma incompatibilidade.”
“Há um grupo de três engenheiros relativamente jovens que fazem a estratégia na Ferrari e eles pareciam ter muito poder para anular os engenheiros de corrida em vários momentos, o exemplo clássico foi o GP da Hungria, quando eles mantiveram Leclerc com pneus duros.”
“Eu acho que talvez fosse algo que Binotto não conseguia sentir ou simplesmente não via, ou talvez no ano passado ele tivesse pessoas demais ao seu lado que eram ‘caras de Binotto’, e algumas pessoas não estavam realmente muito confortáveis com a liderança dele, e eles estavam do ‘outro lado da cerca’ e isso provavelmente também influenciou”, concluiu Windsor.