A luta de Lewis Hamilton para ajudar a Mercedes voltar ao P1, lembra Ross Brawn dos ‘sacrifícios’ que Michael Schumacher fez quando estava com a equipe há uma década atrás.
Depois de oito temporadas dominando a Fórmula 1, conquistando sete títulos consecutivos de pilotos e oito consecutivos de construtores, algo sem precedentes na categoria, na atual temporada se tornou impossível para a Mercedes vencer qualquer um dos dois campeonatos, tal é seu déficit para a Red Bull.
Com uma nova era aerodinâmica dos carros com efeito-solo, a Mercedes foi radical em sua filosofia de design do W13, mas passou a sofrer muito com o ‘porpoising’, que só conseguiu minimizar, pouco antes das férias da F1.
Perto do final de uma temporada em que ainda não venceu nenhum GP, a equipe de Brackley admite que ainda não entendeu bem as nuances do carro.
Isso levou a uma grande quantidade de testes nos treinos livres das sextas-feiras, com a Mercedes às vezes bem fora do ritmo, enquanto experimentavam soluções diferentes.
Não é a primeira vez que a Mercedes passa por isso, com a equipe caindo na hierarquia após a conquista do campeonato em 2009, ainda sob o nome Brawn GP.
Quando a Mercedes comprou a equipe em 2010, eles tiveram que reconstruir tudo e trouxeram o heptacampeão Schumacher de volta à Fórmula 1, esperando que o alemão pudesse guiar a equipe para o sucesso.
Brawn afirmou que o que Hamilton está passando hoje, lembra o que Schumacher experimentou uma década atrás.
“Lewis está no crepúsculo de sua carreira”, disse o diretor da F1 ao F1-Insider. “Mas isso não significa que acabou.”
“Este ano ele tem um carro com o qual não pode vencer. Então ele coloca muita energia para mudar isso. Para ele, desta vez é um teste de caráter. Pode ser que seu companheiro de equipe George Russell, esteja com mais ‘fome’ nas corridas como resultado”, disse Brawn.
“Você pode comparar um pouco a situação de Lewis com o retorno de Michael com a Mercedes. Como piloto, você sempre tem que decidir se quer ser parte da solução ou parte do problema.”
“Michael redefiniu seu papel naquela época, então ele fez parte da solução e ajudou a construir a equipe que conquistaria oito títulos consecutivos de construtores. Ele se sacrificou pelo futuro da equipe, por assim dizer, e desempenhou um papel fundamental em estabelecer as bases para o sucesso do time”, acrescentou.
O melhor resultado de Hamilton até agora nesta temporada foram dois P2s, com o britânico fora da luta pelo campeonato com 168 pontos, contra 335 de Max Verstappen.
Hamilton nunca ficou sem vitórias em uma temporada de Fórmula 1, o britânico conquistou 103 vitórias em suas primeiras 15 temporadas na categoria, mas 2022 pode ser sua primeira sem um P1.
Brawn, no entanto, apoia o piloto de 37 anos para conquistar uma vitória mais cedo ou mais tarde. “Lewis vai voltar, estou convencido disso. Assim como sua equipe. Acredito que os períodos de fraqueza que você precisa superar o tornam ainda mais forte. Eu sei disso por experiência própria.”
“Você tem que lembrar que perdemos por pouco três títulos antes de chegarmos na Ferrari com Michael Schumacher em 2000. Os três anos anteriores foram muito difíceis. A equipe poderia ter desmoronado por causa da decepção. Mas aconteceu o oposto, nos aproximamos ainda mais e evoluímos. Aprendemos muito e finalmente transformamos nossas fraquezas em pontos fortes”, finalizou Brawn.