Nas últimas semanas, um grande conflito entre FIA e Liberty Media tem se aflorado no circo da Fórmula 1. Para entender como o embate se deu, é necessário atentar para alguns fatos.
Na última sexta-feira (20), o site especializado em economia Bloomberg informou que o fundo de investimento público da Arábia Saudita (PIF, sigla em inglês) havia feito uma proposta à Liberty Media no valor de U$ 20 bilhões [R$ 103,99 bilhões] para comprar a categoria. Contudo, a empresa norte-americana rejeitou a oferta.
Uma vez da repercussão da notícia, o presidente da FIA, Mohammad Ben Sulayem, na segunda-feira (23), veio à público através de sua conta do Twitter salientar que “como guardiões do automobilismo, a FIA, como uma organização sem fins lucrativos, é cautelosa quanto às etiquetas de preço infladas de 20 bilhões de dólares que estão sendo colocadas na F1.”
Ben Sulayem não parou por aí, apontou que para adquirir a categoria não basta apenas dinheiro e sim considerar o bem do esporte. O emiradense finalizou sua manifestação declarando que o órgão regulador tem o dever de “considerar qual será o impacto futuro para os promotores”, ou seja, intervir em uma possível negociação.
A Liberty Media, por sua vez, através de seus advogados, rebateu os comentários do presidente da FIA em uma carta, afirmando basicamente que a instituição não tem poder de contrapor às decisões tomadas pela empresa, já que a Liberty é detentora majoritária dos direitos comerciais da Fórmula 1.
Além disso, apontou que qualquer declaração por parte da FIA que desvalorize o esporte, resultaria em uma responsabilização legal, isto é, um processo contra a instituição reguladora.
Mas afinal de contas, por que o presidente da FIA afirma que a instituição é “guardiã” da Fórmula 1, ou seja, possui poder de decisão, enquanto a Liberty Media contrapõe tal declaração ?
Bem, quando Bernie Ecclestone negociou os direitos comerciais da categoria com a FIA, em 2001, o acordo foi validado por 113 anos e contou com uma cláusula que assegura o direito de veto por parte da FIA em caso de venda da Fórmula 1.
Vale lembrar, como aponta a jornalista Julianne Cerasoli, que o direito em questão nunca foi acionado, bem como seus detalhes são desconhecidos, o que justifica as recentes declarações de ambas as partes.