A FIA e as equipes da Fórmula 1 estão discutindo se a brita ‘colada’ nas áreas de escape, pode ser a solução mais efetiva para punir pilotos que ultrapassem os limites de pista.
O circuito de Zandvoort, que voltou ao calendário da F1 em 2021, utilizou cola nas bordas de algumas caixas de brita para evitar que pedras fossem lançadas na pista. A pedido da FIA, outros circuitos adicionaram ou expandiram áreas com caixas de brita este ano, com o objetivo de punir fisicamente pilotos que saiam da pista, em vez de depender apenas de câmeras e julgamentos dos comissários. Porém, a brita solta na pista pode danificar os pneus.
Simone Berra, engenheiro chefe da Pirelli, acredita que a solução usada em Zandvoort seja o melhor meio termo para punir saídas de pista, sem causar danos desnecessários aos pneus.
“Acreditamos que melhorar as caixas de brita é o caminho certo para lidar com limites de pista”, disse ele. “Provavelmente a melhor solução, e algo que as equipes estão discutindo com a FIA, seria usar uma solução como a de Zandvoort, com brita colada. Isso poderia ser bom porque evita que as pedras entrem na linha de corrida.”
“Não sei se seguiremos por esse caminho, mas pode ser uma possibilidade para o futuro. De qualquer forma, a FIA vai introduzir caixas de brita com mais frequência porque, honestamente, funciona e faz sentido”, disse ele.
“É uma solução que temos disponível e devemos considerar, porque impede que a brita entre na pista e potencialmente diminua a velocidade dos carros que passarem por cima dele”, acrescentou Berra.
A Pirelli detectou mais cortes nos pneus durante o GP da Áustria, após a adição de duas novas áreas com caixas de brita nas curvas nove e dez. O fabricante não acredita que os cortes sejam motivo de preocupação naquele circuito específico.
No entanto, Mario Isola, diretor de automobilismo da Pirelli, destaca a necessidade de encontrar a solução mais adequada para cada circuito, principalmente após a experiência no Catar em 2021, onde foi preciso impedir os pilotos de subirem em certos detritos que causaram estouros de pneu.
“Obviamente, brita tem seus prós e contras. Se usarmos zebras muito altas para obrigar os pilotos a respeitarem os limites, corremos o risco de danificar os pneus, como aconteceu no Catar”, disse Isola. “É claro que depende do tempo que o carro passa sobre a zebra, da velocidade e da carga. Mas esse risco existe.”
“Por outro lado, com brita, o carro perde tempo ao passar por cima. Mas o risco é ter pedras soltas na pista. Tivemos alguns cortes em Spielberg, na Áustria. Não eram muito profundos, atingiram a banda de rodagem, mas não a estrutura do pneu. Então não identificamos nenhum problema potencial com a integridade ou durabilidade do pneu. Porém, precisamos monitorar a situação, pois cortes mais profundos podem danificar o pneu. Fragmentos de carbono são bem mais perigosos que pedras, mas isso não significa que devemos ignorar e deixar de monitorar a questão da brita”, acrescentou.
Circuitos que recebem corridas de carro e moto têm relutado em usar caixas de brita em algumas curvas devido ao potencial risco para os pilotos das motos.
“Não sei se existe uma solução perfeita”, disse Isola. “Entendo que a FIA precisa trabalhar com a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) para encontrar uma solução conjunta para o automobilismo e o motociclismo. Eles têm exigências e necessidades diferentes, então às vezes não é fácil.”
“O que sei da Áustria é que eles vão substituir a brita por asfalto quando as motos correrem. Obviamente, isso é um custo alto para o circuito, ter que ficar trocando brita por asfalto e vice-versa. Imagino que não seja fácil, e não podemos pedir para todos os circuitos fazerem isso”, completou Isola.