A FIA criou polêmica com a publicação de uma nova lista de penalidades para condutas verbais (uso de palavrões) inadequadas dos pilotos da Fórmula 1. A federação deixou claro que fará de tudo para garantir que os pilotos se alinhem às suas expectativas, com punições severas para qualquer infração.
Um grande problema é a arbitrariedade na aplicação dessas penalidades. Como decidir quando aplicar uma punição e quando não?
Quando Max Verstappen usou a palavra ‘fucked’ durante uma coletiva de imprensa, a FIA foi implacável. O holandês recebeu como punição a prestação de serviço comunitário, o que, para ser justo, não foi muito grave. Verstappen teve que participar de um projeto local de automobilismo em Ruanda, conversar com as pessoas de lá e pronto, penalidade paga.
Se Verstappen cometer o mesmo ‘erro’ novamente em 2025, não escaparia tão facilmente. Uma primeira ofensa acarretará uma multa de € 40.000 (pilotos de F1 recebem 4 vezes a penalidade mínima para pilotos na maioria das outras categorias, que é 4 vezes € 10.000). Com cada ofensa subsequente, a multa aumenta e, eventualmente, até uma suspensão de corrida pode ser aplicada.
Um exemplo: se George Russell, como presidente da associação de pilotos da F1 (GPDA), quiser saber onde a FIA está gastando as multas que arrecada, isso é uma ofensa? Porque talvez possa ser interpretado como uma implicação de que a FIA é corrupta, desviando dinheiro para ganho pessoal?
Ou e se Lewis Hamilton ajoelhar-se enquanto o hino nacional toca (como fez durante protestos contra violência contra negros)? É um ato político e, portanto, passível de punição de acordo com as regras? Ou é uma forma de liberdade de expressão? Não esquecendo que o que é perfeitamente aceitável em um país pode ser completamente inaceitável em outro. Pegue a palavra ‘fucked’, com a qual ninguém pisca os olhos na Holanda. No Reino Unido, ouvir essa palavra faria as pessoas recuarem chocadas.
Há a possibilidade de a FIA e Ben Sulayem, presidente da entidade, estarem tentando silenciar os pilotos antecipadamente, na esperança de que eles se concentrem exclusivamente nas corridas, mas em sociedades democráticas, a crítica deve ser permitida. É exatamente aí que reside o maior temor. A má conduta verbal é rapidamente equiparada à crítica e, então essas novas regras da FIA sem dúvida devem gerar momentos muito desconfortáveis.