F1: Mercedes não soube ser autocrítica: “Definitivamente pagamos por isso”, diz Allison

James Allison, diretor técnico da Mercedes, assume falha ao não identificar as fraquezas que rodeavam a equipe a tempo de fazer carros melhores nos dois últimos anos. 

Depois de oito títulos consecutivos do Campeonato de Construtores até 2021, a equipe alemã começou a lutar por vitórias, pódios e até pontos. O desempenho caiu, e entre 2022 e 2023, a Mercedes conseguiu apenas uma vitória. 

No entanto, a maré parece estar mudando para a equipe, que conquistou duas vitórias em 2024 e cada vez mais parece melhorar o seu desempenho.  

Allison disse que a maneira como a equipe costumava trabalhar funcionou muito bem durante oito temporadas, mas que não percebeu a tempo que precisava mudar certos aspectos de sua abordagem para a ‘nova’ Fórmula 1.

“A coisa mais significativa que eu diria que poderíamos apontar internamente como autocrítica é que a forma como encontramos de trabalhar nas regras anteriores foi muito eficaz para as regras anteriores”, disse Allison.

“Não estou falando apenas da forma como moldamos a asa dianteira ou da maneira específica como lidamos com a pressão dos pneus na traseira do carro. Estou falando da maneira como os principais grupos de engenharia interagiam uns com os outros na equipe. Então, aerodinâmica com dinâmica veicular, dinâmica veicular com o traçado da pista e a pista com ambos esses dois grupos”.

“A maneira como estávamos configurados no mundo antigo funcionava muito bem. E não apenas bem, funcionou por oito temporadas seguidas, algo que ninguém nunca tinha feito antes, foi bastante impressionante”.

“Mas, em grande parte, continuamos com essa forma de trabalhar sob circunstâncias diferentes e fomos insuficientemente autocríticos para reconhecer que havia fraquezas inerentes nessa abordagem no novo mundo que não importavam no antigo. Definitivamente, pagamos um preço por isso.”

“Os carros estão todos tão próximos do chão neste conjunto de regras que suspensão e aerodinâmica precisam estar realmente, realmente, realmente intimamente ligadas umas às outras”, disse Allison. “No mundo antigo, elas precisavam ser primas, mas não precisavam estar realmente, realmente completamente integradas nos mundos uma da outra”.

“Na verdade, teria sido ineficiente no mundo antigo gastar tempo preocupando-se com a interação de um grupo sobre o outro de maneira particularmente intensa, porque elas eram um pouco ortogonais uma à outra em certa medida. Agora elas estão completamente juntas e a interação precisa ser muito apertada.”