A impressionante recuperação da McLaren na temporada 2023 da Fórmula 1 aliviou a equipe de questionamentos desconfortáveis sobre Lando Norris, seu principal piloto. Porém, apesar do progresso, fantasmas do título ainda pairam no ar.
Norris é frequentemente descrito como ‘o piloto da McLaren’. Em tempos de equipes assim como franquias, os principais times da F1 têm seus ‘pilotos exclusivos’: Max Verstappen na Red Bull, Charles Leclerc na Ferrari e a dupla Lewis Hamilton e George Russell na Mercedes.
O jovem britânico foi cuidadosamente preparado pela McLaren desde as categorias de base, tornando-se um pupilo de Zak Brown, CEO da equipe. Isso explica a dispensa de Stoffel Vandoorne em 2019 e a ascensão do jovem de 19 anos ao cockpit da equipe britânica.
2023 marcou a quinta temporada de Norris no grid da F1 ao lado de Leclerc e Russell, os quais já conquistaram vitórias em equipes com maiores chances de sucesso.
Enquanto Brown trabalhava arduamente para reerguer uma McLaren enfraquecida em 2018, os carros ainda não eram capazes de brigar por pódios regulares e muito menos, por aquela tão desejada vitória para Norris.
A McLaren admitiu abertamente que não atingiu suas metas na construção do MCL60 no início de 2023, e que a atualização do assoalho no Azerbaijão seria crucial para virar o jogo. James Key, diretor técnico, assumiu a responsabilidade enquanto a equipe iniciava a temporada como coadjuvante do meio do grid, com apenas 17 pontos somados por Norris e o novato Oscar Piastri após oito corridas.
Dificilmente era o cenário ideal para convencer Norris a renovar seu contrato que se encerra em 2025, especialmente com potenciais ofertas de equipes como Mercedes e Red Bull, que poderiam ter vagas abertas para pilotos do calibre de Hamilton e Verstappen.
No entanto, pacotes de atualização significativos na Áustria e em Singapura transformaram o MCL60 em um carro bastante competitivo, elevando o carro à segunda posição em performance, atrás apenas do RB19 da Red Bull.
A partir do GP da Áustria, Norris alcançou sete pódios, incluindo seis segundos lugares, liderando a ascensão da McLaren nas classificações de pilotos e construtores. Seu desempenho no México, onde se recuperou para o quinto lugar após uma eliminação no Q1 e perda de posições na relargada, foi considerado o melhor da temporada.
Mesmo com o quarto lugar no campeonato de construtores, a McLaren ainda possui problemas cruciais a serem resolvidos. O carro exige um estilo de pilotagem específico e apresenta fragilidades em curvas de baixa velocidade, limitando o potencial de Norris para extrair o máximo utilizando seu estilo preferido.
Norris prefere a abordagem ‘U’ nas curvas, mantendo velocidade mínima no ápice, similar a Jenson Button, mas é forçado a adotar a ‘V’, com uma entrada mais incisiva e aceleração imediata. Essa exigência foi, em última análise, o que condenou Daniel Ricciardo no ano passado.
Além disso, Norris precisa refinar alguns pontos fracos, especialmente na classificação, onde em momentos chave de 2023, como no Catar e em Abu Dhabi, cedeu à pressão. Isso pode ser aceitável na briga por pódios, mas na disputa acirrada pelo campeonato, contra um grid mais próximo, especialmente atrás da Red Bull, tais erros serão capitalizados pelos rivais.
O jovem britânico está determinado a conquistar o título com a McLaren, afinal, é a ‘sua’ equipe. No entanto, a sentimentalidade só o levará até certo ponto. Em alguns casos, a frieza e a tomada de decisões difíceis são necessárias para o avanço em sua carreira.
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