O que o fã da Fórmula 1 mais quer agora é deixar as corridas virtuais de lado e ver carro na pista. Mas no meio da confusão criada de provas canceladas ou postergadas e discussões sobre orçamentos, cabe fazer um exercício do que pode ser a categoria daqui para frente.
Antes mesmo da COVID, a categoria prometia uma mudança profunda para 2021. Um novo regulamento técnico seria implantado, um inédito teto orçamentário de US$ 175 milhões (excluindo valores com salários de pilotos, três membros do comando da equipe, unidade de potência, marketing e viagens) e uma nova estrutura comercial e decisória em substituição ao Pacto de Concórdia, que rege a F1 desde 1981 (com várias emendas…).
Com o avanço do coronavírus, o mundo da Fórmula 1 virou de cabeça para baixo: várias provas canceladas (o ponto alto o cancelamento do GP da Austrália em cima da hora do primeiro treino); a Europa sendo devidamente atacada, levando ao fechamento das fábricas dos times; Sem corridas, o fluxo de dinheiro das equipes e da própria categoria sendo sangrado (nesta quinta, foi anunciado um prejuízo de US$ 152 milhões nos 4 primeiros meses deste ano).
A altura que estas linhas são escritas, a Fórmula 1 planeja começar a temporada no dia 05 de julho, na Áustria. Mas qual será a categoria que veremos para o futuro próximo?
Gastos menores
Esta é uma busca eterna. Mas os custos das equipes inflacionaram a partir da década de 80 e desembestaram a partir dos anos 90. O topo chegou em 2008, quando os times gastavam cerca de meio bilhão de dólares por ano. Com a crise de 2008, várias ações foram tomadas para segurar os orçamentos. Podemos dizer que as coisas ficaram estáveis em um nível alto até aqui.
A introdução do teto orçamentário inicialmente em US$ 175 milhões tem por objetivo segurar os gastos de desenvolvimento, construção e administração. As grandes conseguiram garantir exceções, que abre brecha para gastos. Entretanto, se estima que times como Mercedes e Ferrari teriam uma redução de 10 a 20% em relação aos valores de 2019 (cerca de US$ 400 milhões).
A realidade imposta vem forçando a uma revisão das regras. Se acordou uma redução maior para US$ 145 milhões e se fala em mudanças para baixo nos anos seguintes, ao invés de reajustes conforme a inflação, conforme previsto na versão inicial das regras financeiras.
Embora o custo com pilotos esteja fora do teto orçamentário, deveremos ver também uma queda dos valores pagos a pilotos. O que chega ao público é a redução que a Ferrari propôs a Vettel para renovação e a possibilidade do contrato de Hamilton ser renovado com o apoio dos patrocinadores pessoais do piloto.
A Fórmula 1 ainda gastará muito. Os times grandes serão atingidos com mais força, devendo ter seus orçamentos totais podendo cair em quase 40%. Os times menores, em tese, não seriam tão afetados. Seria um fator de aproximação entre as equipes, embora não garantido.
Equipes menores
Com a redução exigida pelas regras financeiras, deveremos ter revisões nas estruturas. Atualmente, as equipes contam com cerca de 600 a 900 funcionários e estima-se uma redução de cerca de 20% nos quadros, pelo menos nas equipes inglesas (por volta de 1.200 postos).
Tal ação até deu a brecha para que Mattia Binotto, o chefe de equipe da Ferrari, falasse que uma possível revisão levaria os italianos a uma possível ampliação do escopo da área de competições, de modo a aproveitar ao máximo o quadro atual de funcionários.
As demissões não viriam tão somente pela redução pura e simples. Mas com a maior restrição ao desenvolvimento pelo lado regulamentar (técnico e financeiro), uma reavaliação dos quadros é inevitável.
Uma onda de demissões abriria margem para que possíveis entrantes pudessem ingressar na categoria e aproveitar esta mão-de-obra disponível. Mas a preocupação atual é manter os times atuais…
Mais proximidade entre as equipes
Este é um objetivo que a Liberty Media busca desde quando assumiu a categoria e ficou mais do que claro com o anúncio de novas regras para 2021. As mudanças técnicas previstas inicialmente para 2021 (postergadas para 2022) tem como principal objetivo facilitar que os carros andem mais próximos e assim, o espetáculo fique mais atrativo para o público.
As novas regras técnicas, bem mais rígidas para as equipes, o que suscitou até a reclamação de que os diretores técnicos não teriam tanta liberdade para trabalho, juntamente com os limites orçamentários, querem dar a seguinte linha: quem souber trabalhar melhor com o que tem, estabelecer objetivos corretos, poderá se sobrepor.
Claro que hoje as equipes ditas “grandes’ ainda saem na frente. Mas em um quadro desse, permitiria reduzir o abismo entre os times da frente e o resto do pelotão. O objetivo é deixar a situação mais próxima do que foi a chamada “F1.5” do ano passado, onde a briga do pelotão médio chamou bastante a atenção.
Dessa forma, você teria mais disputas e mais atenção do público. E poderia gerar a corrente positiva: carros mais próximos, mais disputas, mais audiência, mais público, novos patrocinadores…
Nova governança
A discussão sobre a nova governança vem se arrastando pelos últimos anos. Como o acordo vigente acaba no final deste ano, a decisão sobre um novo arranjo se torna urgente.
Este acordo trata não só de como as decisões serão tomadas, mas também sobre como os valores de premiação e patrocínios serão divididos. Esta última parte acaba por ser a mais sensível aos times.
O objetivo era tornar as decisões mais simplificadas e a premiação mais igualitária, de modo a permitir que as equipes pudessem cobrir boa parte de suas despesas com esta rubrica e reduzir a pressão sobre o caixa.
Com a crise do COVID-19, as conversas mudaram. E não se descarta a possibilidade das discussões não serem concluídas este ano e começar 2021 com este acordo em aberto, o que não seria necessariamente uma novidade. O que houve de fato neste sentido agora foi a mudança anunciada pela FIA de acabar com a necessidade de haver uma unanimidade para mudanças no regulamento no mesmo ano (passa a ser maioria simples).
Embora a situação seja complicada para o esporte a motor em geral (Jean Todt verbalizou isso na última edição da revista da FIA), a F1 tem ainda uma chance imensa de se reinventar. Ainda se tem o desafio de fechar o novo acordo de governança e definir o futuro tecnológico da categoria para manter vivo o interesse das montadoras.
A F1 já passou por diversas crises ao longo de seus 70 anos e sobreviveu. O momento agora é de tensão e incerteza. Nem tudo está definido e poderemos ter mudanças nos próximos tempos. Mas é a oportunidade de reinvenção e agora é um momento único. Cabeça fria é o que deve prevalecer agora. Há a chance de ver o copo meio cheio.
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