“F1 precisa de comissários profissionais e remunerados”, diz Russell antes do GP de São Paulo

Para o piloto da Mercedes, comissários com salários e dedicação exclusiva melhorariam a consistência

O piloto da Mercedes, George Russell, reforçou a necessidade de a Fórmula 1 abandonar o modelo atual de comissários voluntários e passar a adotar oficiais de tempo integral, devidamente remunerados. Para Russell, a falta de consistência nas decisões tomadas pelos comissários tem prejudicado a competição, especialmente após episódios recentes envolvendo Max Verstappen e Lando Norris nos GPs dos Estados Unidos e México.

Russell afirmou que as diretrizes de corrida precisam ser ajustadas e interpretadas de forma consistente, o que, em sua visão, só seria possível com comissários permanentes.

“A meu ver, não acho que [o regulamento] precise ser refeito totalmente; acredito que só precise de alguns ajustes ou uma pequena adição,” explicou Russell a jornalistas, incluindo o F1Mania.net. Ele complementou: “As diretrizes precisam estar no lugar, mas é importante lembrar que são apenas diretrizes, não uma regulamentação escrita, e cabe aos comissários tomar o melhor julgamento.”

Os incidentes em questão ocorreram quando Norris foi penalizado em Austin, enquanto Verstappen foi punido na Cidade do México, levantando questionamentos sobre a variação nas interpretações de um fim de semana de corrida para outro. Russell defende que a consistência seria melhor alcançada com a presença de comissários fixos, que interpretariam as situações da mesma forma em cada etapa.

“Quando as decisões dependem da interpretação e da consistência, você pode argumentar que, se tivéssemos os mesmos comissários todas as semanas, essa consistência seria melhor, pois eles interpretariam as coisas da mesma forma e os pilotos entenderiam exatamente o que esperar em cada situação”, disse o piloto da Mercedes.

Profissionalização e remuneração dos comissários
Russell, que também é Diretor da Associação de Pilotos de Grande Prêmio (GPDA), acredita que os comissários da Fórmula 1 precisam de um nível profissional adequado, com uma remuneração justa. “Eu realmente acho que estamos em um ponto no esporte em que precisamos de comissários profissionais em tempo integral, com um salário real, um salário adequado,” afirmou o britânico. Ele deixou claro que sua crítica não é direcionada aos comissários atuais: “Eles são, efetivamente, voluntários, e acredito que, dentro do grupo de comissários que temos, eles definitivamente estão à altura.”

Para Russell, as mudanças significativas no esporte só acontecem após incidentes graves, como os recentes conflitos entre Verstappen e Norris, quando o piloto da Red Bull foi penalizado em 20 segundos após empurrar o carro da McLaren para fora da pista. Verstappen contestou tanto as penalidades quanto as críticas que se seguiram.

“Sobre o que aconteceu em Austin, pode-se argumentar que ambos os pilotos estavam errados. Com certeza, as coisas estão evoluindo e você precisa, é como a segurança dos carros, de um acidente grave para ter um verdadeiro progresso,” comparou Russell. Segundo ele, o mesmo vale para as regras de pilotagem: “você precisa que algo ou decisões estejam incorretas ou que as coisas ultrapassem o limite para perceber que mudanças precisam ser feitas.”

Para Russell, os recentes incidentes entre Verstappen e Norris revelam a necessidade urgente de mudanças estruturais no julgamento de incidentes na Fórmula 1. O piloto acredita que a presença de comissários permanentes não só traria maior consistência, mas também evitaria a necessidade de mudanças bruscas nas diretrizes a cada novo episódio controverso. Segundo Russell, “é necessário que decisões sejam incorretas ou que situações ultrapassem o limite antes de reconhecer que é preciso mudar.”

O F1MANIA.NET acompanha o GP de São Paulo ‘in loco’ com os jornalistas Gabriel Gavinelli, Kadu Gouvêa e Nathalia De Vivo.



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