F1 precisa evitar hipocrisia com possível entrada de Andretti no grid

A marca da Fórmula 1 nunca foi tão exposta quanto atualmente, após a tomada de controle pela Liberty Media em 2017. Nos últimos anos, houve esforços dos Estados Unidos para entrar no mundo da Fórmula 1, e a série da Netflix “Dirigir para Viver” foi o incentivo para o interesse do país, pelo chefe do Circuito das Américas, Bobby Epstein, confirmando esse interesse com a adição da corrida em Miami, além da etapa no estado texano. Além disso, está sendo cogitada uma terceira corrida no país, que seria em Las Vegas a partir de 2023.

Por enquanto, o mais perto que uma torcida americana chega da categoria é o time da Haas, que apesar de ter sua base em Kannapolis, possui uma grande parte comandada pela fábrica em Banbury. A esperança dos americanos é a oferta de Michael Andretti para entrar na categoria, porém existe uma resistência quanto ao assunto.

O plano de Andretti, que já pilotou na F1 pela McLaren, começou em outubro do último ano, quando chegou muito perto de tomar o controle da Sauber. Ainda assim, seu pai, Mario Andretti, enviou formalmente para FIA uma oferta de entrada no grid. Um novo acordo de motor foi fechado com a Renault, que forneceria para a equipe além da Alpine, e os carros seriam fabricados em Indianápolis, o que traria uma torcida ainda maior da casa.

Acredita-se que o impacto seria maior que o da Haas, pois os Andretti são donos de uma reputação de “deuses” no país após tantos feitos no mundo do automobilismo. Adicionando a tudo isso, quase certamente, o jovem piloto norte-americano Colton Herta receberia um assento na equipe Andretti Global. Entretanto a ideia não agrada tanto a alguns, entre eles, Mercedes e Toto Wolff.

No último Pacto da Concórdia assinado pelas equipes, um prêmio de US$200 milhões de dólares foi criado como uma taxa de entrada para novas organizações. Isso foi feito a fim de evitar que novas equipes acabassem no fracasso como aconteceu HRT, Caterham ou Marussia-Manor, dessa forma, provariam seu valor ao grid desde o início. Em alguns casos a taxa pode ser dispensada, mas Andretti não teria problemas com esse obstáculo. Quando o assunto foi abordado por Wolff, ele declarou que o time precisaria de pelo menos US$1 bilhão de dólares para entrar para o “jogo”. O chefe de equipe da Mercedes também afirmou que dinheiro não é tudo, e que a nova equipe deveria agregar valor às “franquias” já existentes no esporte.

Isso ainda não seria um grande problema, devido à grande popularidade e valor da organização Andretti no automobilismo, mas o verdadeiro desafio gira em torno do acordo da unidade de potência feito com a Renault. Essa adversidade se dá ao fato de que, a Mercedes fornece para quatro equipes, Ferrari três, Red Bull duas e a Renault apenas uma. Isso dá a Mercedes 40% do peso nas votações, pois embora as equipes sejam independentes, há uma tendência de os fornecedores estarem alinhados com os clientes.

E para adicionar a lista de empecilhos, se os planos dessem certo e a equipe tivesse êxito tanto na questão de popularidade quanto em pontos no campeonato, isso traria uma atenção para a Renault, ou para a sua filial, e consequentemente, as montadoras americanas que estão assumir o controle seriam prejudicadas.