Uma revista alemã publicou uma ‘entrevista’ com o ex-piloto e heptacampeão de Fórmula 1, Michael Schumacher, antes de revelar que a referida entrevista foi gerada por um chatbot de Inteligência Artificial (IA).
Die Aktuelle, uma revista publicada semanalmente na Alemanha, chegou às manchetes da imprensa pelos motivos errados, depois de publicar uma ‘entrevista’ com Michael Schumacher em sua última edição.
Publicada em 15 de abril, a Die Aktuelle trazia uma foto do heptacampeão em sua primeira página, com a manchete: ‘Sensação Mundial – Michael Schumacher, a primeira entrevista’.
Tal entrevista seria de fato um grande furo de reportagem, já que a lenda alemã não é vista em público há mais de dez anos. Schumacher que havia se aposentado da F1 no final da temporada 2012, se envolveu em um acidente de esqui que mudou sua vida durante as férias em dezembro de 2013, quando sofreu um grave traumatismo craniano. Sua família tem sido fortemente protetora de sua condição desde então, sem fatos concretos sobre seu nível de recuperação ou estado atual.
No entanto, no documentário ‘Schumacher’, surgiram indícios da gravidade de sua condição, quando seu filho Mick revelou que ele e seu pai não podiam conversar sobre sua carreira na F1, quando o jovem ainda era piloto da Haas na categoria.
“Acho que papai e eu nos entenderíamos de uma maneira diferente agora”, disse Mick Schumacher sobre Michael. “Simplesmente porque falamos uma linguagem semelhante, a linguagem do automobilismo. Teríamos muito mais sobre o que conversar e é aí que minha cabeça está a maior parte do tempo, pensando que seria muito legal”, disse Mick no documentário.
Coseguir uma entrevista com Michael teria sido um grande movimento da revista, mas o fato dessa ‘entrevista’ ter sido apresentada pela Die Aktuelle como uma entrevista ‘enganosamente real’, mas gerada pelo uso de um chatbot de IA, fez com que a publicação recebesse uma avalanche de críticas.
A entrevista foi feita de forma, como se Schumacher estivesse realmente respondendo às perguntas, porém isso foi feito pelo chatbot. As perguntas incluem detalhar sua condição na última década, e talvez retornar à cena do acidente de esqui que interrompeu sua vida. Por questões éticas, não serão reproduzidas nenhuma das respostas dadas na ‘entrevista’.
Em um artigo editorial intitulado ‘Estúpido demais para ser verdade’, o especialista em mídia alemão Boris Rosenkranz, criticou a decisão da revista em publicar um artigo tão inflamatório e insensível.
“Não se deve esperar muito da revista ‘Die Aktuelle’ e do escritório editorial por trás dela, de preferência nada, e certamente nada como decência ou veracidade”, escreveu Rosenkranz.
“Isso está em uma revista que não tem nada a ver com jornalismo. Agora você poderia dizer: ‘OK, eles finalmente revelaram que é uma entrevista de IA, mas acima de tudo, ‘Die Aktuelle’ insinua que as respostas que o chatbox dá ali, ou pelo menos o seu conteúdo, possivelmente vêm de Schumacher, ou de seu ambiente.”
“É estúpido demais para ser verdade. Claro, há muitos pontos de interrogação no texto, como sempre para proteção legal. Você pode se esconder atrás disso, mas não pode esconder a ideia, que é dar aos leitores a sensação de que Michael Schumacher pode estar falando sobre sua condição física”, disse ele.
Dado o tremendo desgosto que a família Schumacher continua a suportar até hoje, uma entrevista falsa que busca essencialmente criar as possíveis respostas do verdadeiro Michael Schumacher, e apresentá-las como se ele as tivesse dito, é outro ponto baixo para a integridade jornalística.
Publicado sem assinatura, a Die Aktuelle claramente está ciente da provável reação que tal peça geraria, e optou por se esconder atrás do véu de ser uma entidade corporativa, sem um ponto focal para os críticos direcionarem sua raiva.
Infelizmente, a ação da Die Aktuelle não foi o primeiro incidente moralmente reprovável com o qual a família Schumacher teve que lidar. A ex-assessora de Schumacher, Sabine Kehm disse à mídia alemã que algum tempo atrás, um jornalista tentou obter acesso ao quarto de hospital de Schumacher em Grenoble, se passando por um membro do clero.
“Aparentemente, um jornalista vestido de padre tentou obter acesso ao quarto de Michael”, disse Kehm ao Die Welt. “Eu nunca teria imaginado que algo assim pudesse acontecer. O intruso foi capturado e escoltado para fora do local”, disse ela.
Com a tecnologia IA ainda em sua infância, o conteúdo que ela pode criar pode ser usado para gerar diversos cenários, mas com tais capacidades, vem a responsabilidade ética e moral de não enganar os leitores, algo que infelizmente, algumas publicações podem optar por ignorar em nome dos cliques ou audiência.
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