F1Mania.net no GP do Brasil: Bate-papo com Felipe Massa

“Chuva ou qualquer coisa que aconteça será bem-vinda”, diz Massa sobre GP do Brasil

Por Luiz Felipe Chaguri
Colaboraram: Victor D. Berto e Vinícius Alves

Em seu último GP do Brasil na Fórmula 1, o brasileiro Felipe Massa vê com bons olhos a possibilidade de chuva para o final de semana em Interlagos. Em bate-papo nesta tarde em Interlagos, o piloto da Williams falou sobre diversos temas, desde o futuro do País no automobilismo, até sobre o fato de estar atrás de Lance Stroll em pontos na disputa interna da equipe. Confira:

Última despedida:
Primeiramente eu gostaria de confirmar que essa despedida é a oficial. É sempre especial viver essa semana de GP Brasil, entrar aqui no Autódromo de Interlagos, é um sensação especial, incrível pra qualquer piloto brasileiro, independentemente se já passaram 15 anos, é sempre um lugar especial, onde eu cresci. Então é sempre bom viver mais uma corrida em casa, dessa vez será a última na Fórmula 1, sem dúvidas a emoção vai fazer parte desta semana, como foi o ano passado, difícil chegar naquele ponto. A única coisa que eu espero é ter uma boa corrida, um bom resultado e que acabe de maneira bacana. Espero que a gente possa ter uma boa corrida. Não vai ser fácil, pois a gente tem uma luta com outras equipes, mas vamos tentar o máximo.

Sobre o carro em Interlagos:
É difícil dizer, não acredito que esta corrida seja muito diferente do que foi nas últimas duas corridas. A gente sabe que tem equipes como a Force India que tem um carro mais rápido que a gente, a Renault também que tem um carro um pouco mais rápido, então não acredito que seja muito diferente das últimas corridas.

Privatização de Interlagos:
É difícil responder sem estar participando daquilo que vai acontecer, quem vai comprar, quais são as ideias. Eu acho que se for privatizar Interlagos pra melhorar, pra nova empresa tomar conta de Interlagos, cuidar, fazer mais eventos, mais corridas e deixar a pista ainda melhor do que sempre foi, por que não? Agora, é importante saber o que vai acontecer com Interlagos, quem vai entrar, como vai fazer. Eu não tenho experiência para responder da maneira correta e sim espero o melhor para a pista de Interlagos.

Dá pra imaginar o automobilismo brasileiro sem Interlagos?
Não dava nem pra imaginar sem a pista de Jacarepaguá, pra falar a verdade e infelizmente aconteceu. Eu acho que se a gente perder outro circuito importante como era o do Rio e a pista de Interlagos, sem dúvidas é mais um motivo triste para o automobilismo brasileiro e mundial.

Frio na barriga de correr em casa:
Eu acho que a experiência ajuda muito, estou aqui para me divertir, fazer o meu melhor dentro do carro, dentro da pista. Eu acho que a emoção de estar em Interlagos é um friozinho diferente. Mas eu acredito que você sentar no carro e ir para cima, você usa a energia que tem esse lugar, toda a experiência que você tem, pra fazer um melhor.

Preferência do clima:
Qualquer coisa que aconteça para me ajudar, será bem-vindo.

Futuro do Brasil no automobilismo:
Está faltando uma escola para preparar os pilotos. A formação de pilotos hoje em dia é bem mais complicada pois temos menos categorias, os pilotos que saem do Brasil, tem que ter dinheiro e ter a chance de correr lá fora e pelo dinheiro, os pilotos que estão lá fora, ainda não conseguiram demonstrar o talento necessário para estar na Fórmula 1, o mais rápido possível. E eu acho que tem muito a ver de como está nossa escola, como está nosso automobilismo. Precisa de mudança, precisa de um federação muito mais moderna e tentando seguir o que muitas federações fazem fora do Brasil, então precisa de mudanças, precisa de uma mentalidade diferente e agora que a gente tem um presidente novo na CBA, tomara que ele tenha uma ideia um pouco mais moderna e naquilo que eu puder ajudar, eu estou a disposição pelo automobilismo brasileiro e ver o futuro do Brasil na Fórmula 1.

O que você acha que a CBA poderia fazer para melhorar:
A federação não tem dinheiro para ajudar um piloto a correr e nem montar uma nova categoria, mas acho que ela tem o poder e a força de ir atrás e fazer com que isso aconteça, usando as empresas, usando toda a força que eles tem para criar uma categoria ou ajudar pilotos com empresas ou com incentivo do governo, não sei, estou dando um exemplo. Tem muitas opções possíveis para fazer, criar uma escola para ajudar os pilotos que merecem ter a chance de chegar lá em cima, como muitas federações fazem. A federação francesa e alemã arruma dinheiro para os pilotos correrem em categorias de base. Eu acho que se não for atrás para criar uma mentalidade mais moderna, nada vai acontecer.

Sobre assumir um cargo na FIA para ajudar o automobilismo brasileiro:
Por que não? Isso tem que me dar o prazer e eu não entraria em nada se não tivesse uma chance de fazer alguma coisa positiva. Já chegou até mim alguns convites para fazer algo deste tipo. Só que agora eu estou em um momento diferente e posso começar a pensar nas coisas aqui pra frente. Agora, não achem que eu vou fazer qualquer tipo de mudança. O que eu puder ajudar em alguma coisa que seja interessante para mim, eu estou à disposição.

Sobre o prejuízo que teve quando criou a Fórmula Futuro:
Sim, gastei dinheiro, foi um grande prejuízo. Não vou revelar valores, mas foi grande. Não foi uma perda de tempo, pois eu estava fazendo algo para ajudar, tentei pelo menos. Agora, não valeu muito a pena para mim não.

Futuro na Fórmula E:
Para falar a verdade, eu estava muito mais perto o ano passado. Que seria para correr esta temporada que vai começar agora. Agora, com todas essas mudanças que aconteceram, eu acho que deu uma travada. Agora daqui pra frente eu vou atrás de me preparar, para entender o caminho certo pra mim. Eu não vou entrar em nenhuma categoria que eu não seja uma peça importante para lutar por vitórias e campeonatos.

Falta de velocidade na F-E:
Não tem como comparar um carro de Fórmula E, com um carro de Fórmula 1, nem com outras categorias. Mas, é uma competição e o que dá prazer é competir. É um campeonato que vem crescendo, as grandes marcas estão entrando e tende a entrar ainda mais no ano que vem. É um campeonato que corre por países bacanas, como vai correr pelo Brasil também. Então tem um futuro pela frente e eu acho que tem uma evolução grande pelo lado técnico também.

Sobre o Stroll ter o passado na tabela:
Me incomodaria se fosse por culpa minha, se fosse um problema meu, se eu tivesse ritmo, aí me incomodaria muito, mas não foi o caso. Eu acho que todas as corridas que o Lance teve uma pontuação alta, foram corridas que eu estava na frente dele e tive um problema, como na Rússia, eu estava em sexto, furou meu pneu, tive que parar e cheguei em nono. Barcelona, encostaram no meu carro, depois que eu tinha feito uma largada maravilhosa, era uma corrida para chegar em quarto. Em Baku, aonde o Stroll foi pódio, eu estava na frente dele e quebrou meu carro. No México, eu larguei, furou meu pneu na primeira volta, o Verstappen também encostou em alguém, não furou o pneu e ganhou a corrida. Às vezes as pessoas não enxergam o que acontece na corrida. A mesma coisa o Alonso, estar atrás do companheiro de equipe dele e nunca vi ninguém o criticar por isso. Você tem que comparar o trabalho que ele faz dentro da pista, das classificações, do ritmo de corrida, não é bem assim, então no meu ponto de vista eu estou totalmente tranquilo.

Clima de disputa entre os companheiros na pontuação:
Clima de disputa tem em cada corrida, para ver quem anda na frente, não é algo de agora ou de antes. Como eu disse antes, eu fiz corridas muito boas das quais eu cheguei em nono, pois eu não pude chegar mais à frente, pois as outras equipes estavam melhores. Temos mais duas corridas pela frente e vou tirar o máximo que puder do meu carro.

A F1Mania.net está “in loco” em Interlagos, acompanhando tudo o que acontece no GP Brasil de Fórmula 1, penúltima etapa desta temporada de 2017.