Estamos na época de “férias” da Fórmula 1, esporte baseado no hemisfério Norte e que por isso se suspende no grande mês de paragens para descanso por lá, que é agosto. Catorze corridas estão disputadas, faltam dez; mas essa paragem prolongada por um mês justifica que falemos em “segunda parte”, mesmo que faltem menos de metade dos Grandes Prêmios. Verstappen segue na liderança do campeonato e venceu metade dessas catorze corridas, mas não venceu nenhuma das últimas quatro.
A luta pelo título parece estar aquecendo, e mais ainda a luta em cada corrida. Veja que os últimos cinco Grandes Prêmios tiveram cinco vencedores diferentes, algo que não acontecia faz vários anos. Veja o contraste com a temporada passada, que ficará na História como a época de domínio mais avassalador por um piloto, tendo Verstappen vencido 86,36% das corridas (19 em 22). O que podem os torcedores e os apostadores esportivos esperar dos próximos GP’s?
Como apostar nos próximos Grandes Prêmios
Nossos prognósticos sugerem que as odds de aposta para o vencedor do Grande Prêmio deverão aumentar, pois os resultados serão realmente mais imprevisíveis. Os resultados recentes sugerem que Mercedes e McLaren estão em um pico de forma, mas o piloto que faz a “pole position” no sábado não é necessariamente aquele que vence a prova no domingo. A Ferrari pode surgir forte na qualificação, como aconteceu na Bélgica, mas parece ser por agora a quarta equipe atrás das três rivais.
Claro que Verstappen nunca pode ser descartado. A Red Bull defendeu que ele poderia ter vencido na Hungria se não tivesse bobeado em uma primeira tentativa de ultrapassagem sobre Hamilton.
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Apostando no vencedor do Campeonato
Verstappen segue como o mais provável campeão na Fórmula 1 em 2024. Poderão faltar vitórias, mas a concorrência está tão apertada entre os rivais que eles deverão seguir tirando pontos uns dos outros, deixando o holandês tranquilo na frente. E Verstappen não é piloto para “pisar na bola” na hora da verdade.
Nossa análise histórica dos padrões de competição e dos “ciclos de dominação” na Fórmula 1 sugere que essa época tem tudo para ser como a de 2009. Nesse ano, Button dominou nas provas iniciais, mas depois a equipe Brawn perdeu vantagem e a concorrência se aproximou. Mas nenhum piloto se afirmou como opositor claro a Button, e seus rivais (principalmente ‘Rubinho’ Barrichello e Vettel) dividiram os pontos necessários para desalojar o britânico da liderança.
O que diz a teoria dos “ciclos de dominação na Fórmula 1”?
Durante a maior parte do século XX, e portanto nas primeiras décadas do Campeonato Mundial criado em 1950, os regulamentos técnicos da Fórmula 1 eram razoavelmente livres. Claro que existia uma “fórmula” de requisitos que os engenheiros deveriam cumprir – daí o nome da categoria – mas sempre teve muito espaço para inovações técnicas.
Se você olhar os carros desde 1950 até 1985, vê transformações imensas. O motor passou para a traseira, surgiram ailerons, pneus slick e um monte de inovações que entretanto foram para o arquivo histórico, como o Tyrrell de 6 rodas de 1976, o Brabham “ventilador” de 1978, ou a primeira versão Ligier de 1976 com sua gigante entrada de ar.
Sensivelmente após 1983, a Fórmula 1 se tornou mais estável. Em parte, porque os regulamentos passaram a ser mais estáveis e a permitir menos inovações, em nome da segurança e depois da terrível temporada de 1982; em parte também porque o crescimento financeiro da categoria criou maiores desigualdades entre equipes grandes e pequenas. E sem hipótese de revidar com inovações técnicas (devido aos regulamentos), as equipes grandes passaram a ter mais hipóteses de dominar por longos períodos.
Além dos acidentes, 1982 foi ano também de instabilidade política e diretiva na F1; a FIA e o “chefão” Bernie Ecclestone tinham interesse em não repetir esse cenário, e regulamentos estáveis ajudavam.
Veja que entre 1960 (segundo campeonato consecutivo de Jack Brabham) e 1986 (idem, para Alain Prost) nenhum piloto conseguiu vencer um campeonato em dois anos sucessivos. Mas, desde 1986, essa vem sendo a regra – e com vários pilotos vencendo por vários anos (Schumacher, Vettel, etc.).
Veja também que os carros desde cerca de 1985 até hoje são muito mais semelhantes entre si que na era anterior. A inovação mais visível, e obrigatória por regulamento, foi a introdução do “halo” de segurança em 2018.
Claro que o acidente de Ayrton Senna em 1994 só reforçou essa luta pela segurança que já vinha da década de 80. Até porque há quem suspeite que a onda de acidentes graves no início de 1994 se deveu a certa imprudência nas mudanças de regulamento que teve para essa temporada.
Estamos vivendo ainda no ciclo de dominação Red Bull, que se aproximou da Mercedes em 2021 e “explodiu” em 2022. Há um limite mínimo de competitividade do qual os taurinos não deverão baixar, e até o momento nenhum adversário parece ter descoberto sozinho a chave das vitórias consecutivas em circuitos e condições tão diferentes entre si como os autódromos de Hungaroring e Spa-Francorchamps, por exemplo.
E quanto ao Campeonato de Construtores, como apostar?
A notícia da continuação de Sergio Perez como piloto titular da Red Bull, em meio a rumores sobre sua substituição, vem diminuir as chances da equipe taurina de ser campeã. Não tem jeito: Verstappen “sozinho” não pode vencer esse campeonato como fez (literalmente) em 2023. A McLaren tem uma chance fortíssima de chegar lá, se continuar fazendo dobradinhas.
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