Fórmula 1 sob ameaça: lema é cortar para sobreviver

Como o calendário da F1 2020 tornou-se um alvo móvel, com a possibilidade de uma super temporada 20/21 aumentando ou até mesmo de não termos temporada este ano (lembrando que o mínimo exigido pelo regulamento esportivo para que o campeonato seja válido é de 8 etapas), as equipes se veem pressionadas pelo aspecto financeiro.

Inicialmente, os times aceitaram transferir a aplicação do novo regulamento de 2021 para 2022, entretanto com a introdução do teto de gastos em US$ 175 milhões já para o ano que vem. Vários detalhes ainda precisam ser definidos, como que partes dos carros terão o desenvolvimento congelado.

Em entrevista ao francês Auto Hebdo, o chefe da Alfa Romeo, Frederic Vasseur, declarou que as ações foram na direção correta, mas que haverá a necessidade de alguma calibragem, pois estima que cerca de 15% a 20% da receita será perdida pela não realização das provas. E ainda projeta que poderá haver um aumento de gastos com pessoal caso a temporada recomece e com provas em sequência, um esforço maior de fabricação de peças deverá ser feito.

Em matéria desta quarta-feira (25) no alemão Auto Sport und Motor, o jornalista Tobi Gruner (este vale a pena seguir!) trouxe o que está sendo pensado para aliviar ainda mais os cofres:  congelamento do trabalho no novo carro até fevereiro de 2021 e do desenvolvimento dos carros de 2020.

Sobre este último ponto, ainda existem muitas dúvidas. Não foi criado um consenso sobre o assunto. Tudo encaminha para que não se mexa em suspensões, caixa de câmbio e elementos de refrigeração. Mas e as Unidades de Potência? Elementos aerodinâmicos? Neste aspecto, a Ferrari se alinha com a Mercedes no sentido de não haver tanta limitação.

Até agora, o que surgiu foi a liberação para a McLaren fazer alterações no MCL35 para receber a UP da Mercedes. Embora o regulamento seja extremamente detalhista em relação aos detalhes, itens como refrigeração, caixa de câmbio e localização dos mecanismos de recuperação de energia precisam ser ajustados. Fora isso, tudo no ar.

Temos que lembrar que as equipes são empresas. E a confusão criada pelo coronavírus poderá ser mais determinante para que as equipes cortem gastos do que necessariamente o teto orçamentário. Dificilmente a perda de receita dos times fique nos 15% a 20% previstos por Vasseur… Deveremos ter contratos, no mínimo, revisados nos próximos tempos. As caixas de correio dos departamentos comerciais das equipes devem estar fervendo neste momento…

Esta pode ser a oportunidade de ouro para que a FIA e a FOM consigam introduzir uma revisão no teto orçamentário, o reduzindo mais. A última vez que se viu algo do tipo foi na crise de 2008 e todo mundo foi obrigado a se mexer. Não será também nenhuma surpresa vermos algum tipo de anúncio neste sentido. E não seria algo ruim para as montadoras neste momento, que já vinham em um momento complicado e agora deverão rever seus gastos mais uma vez. Os chefes de equipe devem estar aproveitando a quarentena para criar opções (é um bom momento, pois as fábricas inglesas também deverão entrar na quarentena decretada pelo Governo).

A F1 é um tanto quanto esnobe, mas conta com um aguçado um instinto de sobrevivência. Neste momento, o lema deve ser “vão-se os anéis, ficam os dedos”. Muita coisa deverá mudar neste mundo pós-coronavírus e antes de pensar em fazer um calendário para um possível campeonato este ano, tem que se garantir ter ainda 10 equipes no grid. Esta é uma maratona e não 100 metros rasos…

Mais do que nunca, a F1 agora tem que pensar em cortar para sobreviver. Eis mais uma bomba para Chase Carey pensar ao colocar a cabeça no travesseiro…antes que seja cortada.
 

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