A poucos meses dos testes que antecedem a temporada 2026 da Fórmula 1, um novo debate sobre o uso das futuras unidades de potência reacendeu tensões entre as fabricantes, e a Mercedes, em particular, não esconde sua frustração.
Mesmo após um aparente consenso entre os fornecedores de motores durante uma reunião realizada no final de semana do GP do Bahrein, o tema retornará à pauta da Comissão da F1 nesta quinta-feira (25), com possibilidade de ajustes na forma como a energia será utilizada nos finais de semana de corrida.
O regulamento atual prevê, a partir de 2026, uma divisão igualitária entre motor a combustão e propulsão elétrica. No entanto, há preocupação de que circuitos com alta exigência de potência, como Monza, Baku, Jeddah e Las Vegas, forcem os pilotos a poupar bateria de forma excessiva, o chamado ‘lift and coast’, prejudicando o espetáculo e o desempenho.
A proposta que será discutida sugere alterar esse equilíbrio para um formato 60-40, com maior peso para o motor a combustão. A ideia tem apoio do chefe da Red Bull Racing, Christian Horner, que afirma que a rediscussão partiu da própria FIA. “Eles fizeram suas análises e querem evitar ao máximo que os pilotos precisem ficar poupando energia durante a corrida, o que não seria bom para o esporte e seria extremamente frustrante para os pilotos”, afirmou Horner.
Para Toto Wolff, chefe da Mercedes, o retorno do assunto é motivo de indignação. “Ler a pauta da Comissão da F1, é quase tão hilário quanto ler comentários sobre política americana no Twitter”, ironizou. “Quero me preservar e não comentar muito, mas é uma piada. Uma semana atrás houve uma reunião sobre os motores, e agora isso volta à agenda.”
Segundo informações dos bastidores, enquanto Mercedes defende a manutenção das regras, Ferrari, Red Bull e Audi não descartam mudanças. A Honda ainda não sinalizou sua posição. Para que qualquer alteração seja aprovada, quatro dos cinco fabricantes precisam concordar.
O descontentamento da Mercedes decorre principalmente do entendimento de que o tema já havia sido encerrado no Bahrein. Com os primeiros testes marcados para janeiro de 2026, ainda há tempo para ajustes, mas a incerteza em torno de um regulamento que deveria já estar fechado, é vista com preocupação por parte das equipes.