Hamilton vs. Rosberg: um histórico de rivalidade e as causas no GP da Espanha

Quem não se lembra dos tempos de Ayrton Senna e Alain Prost no fim dos anos de 1980 e início dos 90? Quem não viveu a época já deve ter lido sobre o tema ou assistido a vídeos dos grandes pegas. Mais recentemente, em 2007, Fernando Alonso e o então estreante Lewis Hamilton voltaram a protagonizar tensões que passavam da pista para o paddock – e vice-versa -, ambos na McLaren

O piloto inglês, hoje tricampeão do mundo, volta a protagonizar um novo duelo: agora com alemão Nico Rosberg. Companheiros de equipe na Mercedes, o primeiro já conseguiu dois títulos seguidos pelo time – o segundo, no entanto, vive a sua melhor fase na Fórmula 1, vencendo as quatro primeiras corridas da temporada atual.

Neste domingo (15), na Espanha, Hamilton largava na pole e prometia iniciar a volta por cima na temporada. A promessa não durou mais do que as três primeiras curvas do GP da Espanha. Rosberg tomou a ponta na larga e viu Hamilton tentar recuperar a primeira colocação duas curvas depois – o alemão fechou a porta, o inglês pegou a grama, rodou e atingiu seu companheiro de pista. Resultado? Poeira para todo lado e os dois carros na caixa de brita. Fim de prova.

A FIA isentou os dois de culpa, classificando como incidente de corrida. Quem adotou a mesma linha foi o chefe da Mercedes, Toto Wolff, que explicou inclusive um problema de motor no carro de Rosberg. “Nico estava na configuração errada [de motor], ele tinha menos energia do que Lewis. Isso explica a discrepância na velocidade”, explica Toto. “Nico fechou a parte interna, no que parecia uma manobra limpo, e Lewis escolheu ir para esse lado e sobre a grama. Foi um incidente de corrida, muito infeliz e desencadeada por várias circunstâncias.”

O dirigente, no entanto, prefere os panos quentes. “Continuamos a deixá-los correr [depois de Spa de 2014], e era inevitável que algo assim iria acontecer. Hoje foi um série de coincidências que acabaram resultado em uma derrota em equipe. Eu acho que foi um incidente que poderia ter sido evitado pelos dois lados”, destaca Wolff.

O presidente de honra da Mercedes, Niki Lauda, preferiu culpar Hamilton. “É muito simples para mim. Foi um erro de cálculo na cabeça de Lewis, por isso, eu o culpo mais do que Nico. Porém, para a equipe e para a Mercedes é inaceitável”, afirma Lauda. “Lewis estava muito agressivo para passar e por que Nico tinha que lhe dar espaço? Ele estava na liderança.”

Um pouco do histórico

A dupla caminhou junta nos tempos de kart, têm fotos sorridentes ainda pequeninos, mas quando a competitividade aflora, contar os ânimos e a ansiedade é algo que não cabe, talvez, nem aos fortes.

Foi no Q3 do GP de Mônaco, em 2014, que o caldo começou a azedar. Na ocasião, Hamilton acusou Rosberg de ter errado de propósito na última parte do treino para provocar bandeira amarela e impedir que o inglês melhorasse sua marca. Mas foi na curva Les Combes, em Spa-Francorchamps, que Rosberg tentou ultrapassar Hamilton, deixou seu bico tocar no pneu traseiro do companheiro, provocando o furo do composto. Mais tarde, Rosberg admitiria ter feito de propósito.

Acabava, definitivamente, qualquer espaço para companheirismo. Dali para frente, Hamilton reverteria a situação no campeonato e repetiria o título em 2015. Neste ano, o jogo virou para o lado de Rosberg, Hamilton chegou a sugerir que a equipe estava dando tratamento diferenciado. E daqui para frente?

Será que a sombra de 1986, quando Nelson Piquet e Nigel Mansell duelaram tanto na Williams que acabaram perdendo o título para Alain Prost, então na McLaren, pode rondar o prateado ambiente da Mercedes? Próximo capítulo…