Piloto promete “garra e dedicação” na Sauber-Audi e pede paciência dos fãs brasileiros
Confirmado para o grid da Fórmula 1 em 2025, Gabriel Bortoleto, de 20 anos, declarou em coletiva nesta quarta-feira, com a presença do F1Mania.net, que leva como inspiração o ídolo Ayrton Senna, buscando mostrar “garra e dedicação” em sua estreia na principal categoria do automobilismo mundial. Ao assinar o contrato de múltiplos anos com a Sauber-Audi, Bortoleto quebra um jejum de sete anos sem um piloto brasileiro titular na F1.
Com o título da Fórmula 3 e a liderança da Fórmula 2 em 2024, ele reconhece que o desafio da F1 será mais complexo.
“Na Fórmula 1 não temos condições de sabermos onde vamos estar daqui algum tempo, é uma categoria muito mais complicada do que parece, tem muitos upgrades que vêm durante a temporada. O orgulho que eu digo, isso é muito do brasileiro, dedicação, garra, vontade de ganhar, vontade de fazer acontecer”, afirmou o piloto.
Apesar de sua empolgação, Bortoleto demonstra realismo ao saber que a Sauber é a última colocada do Mundial de Construtores deste ano, ainda sem pontos.
“Não vai ser fácil. Não é que vou chegar no ano que vem e ganhar corridas, ganhar o campeonato, isso não temos como saber se vai acontecer. Mas eu mostrar garra na pista, não dar moleza,” disse ele, refletindo o espírito resiliente que ele associa aos brasileiros.
Ao comentar sobre sua motivação, Bortoleto se descreve como alguém que busca inspiração em Ayrton Senna, afirmando que isso faz parte de como ele se define como piloto.
“Você faz uma ultrapassagem bonita, faz um qualify legal, faz coisas interessantes na chuva, mostra realmente que você é uma pessoa diferenciada. Acho que é isso que define o brasileiro e é assim que eu me defino. Sou uma pessoa que tento me inspirar no Ayrton Senna e é algo que eu tenho muita vontade de me tornar cada vez mais”, disse Bortoleto.
Negociação com a Sauber e o Projeto Audi
Bortoleto compartilhou que a negociação com a Sauber-Audi começou há cerca de um mês. Durante uma reunião com Mattia Binotto, chefe da equipe, Bortoleto disse ter enfrentado uma série de perguntas para avaliar seu preparo para a vaga.
“Eu entrei no escritório do Mattia Binotto e ele me fez umas 3 mil perguntas em menos de um minuto para ver se eu tinha resposta para todas elas,” contou o piloto, entre risos, ao lado do novo chefe.
Ele disse que Binotto lhe apresentou o projeto da Audi, e ambos perceberam rapidamente a vontade mútua de firmar essa parceria.
“Eu lembro muito bem, foi muito legal, poder conhecê-lo também, foi um momento muito especial. Eu também senti essa conexão, ele me mostrou o Projeto Audi, me mostrou o futuro que ele desejava e o que ele também desejava para mim. Ali eu acho que já deu o clique, os dois queriam estar juntos.”
O brasileiro também negou as especulações de que ele seria emprestado pela McLaren, equipe onde é membro da Academia de Pilotos, para a Sauber-Audi, retornando ao time inglês em 2026.
“Não teve tanta implicação quanto à McLaren, como a mídia colocou, falando de negociação e liberação. Não foi assim. Foi algo bem mais pacífico e calmo. Mas faz parte, foram especulações,” explicou ele, afirmando ter sido atraído pelo projeto da Audi.
Paciência e expectativas para o futuro
Reconhecendo o entusiasmo dos fãs brasileiros, Bortoleto pediu paciência e compreensão em relação ao tempo necessário para alcançar resultados sólidos na F1.
“Acredito que a torcida tem uma noção da situação que estamos passando agora. E eu espero que todos nos apoiem nesse momento e que tenham paciência assim como eu vou ter paciência no meu próprio crescimento. Para quem conhece a minha carreira sabe que eu não tive anos fáceis no meu começo, tanto no kart quanto nas fórmulas, mas eu tive que esperar para que quando eu tivesse o carro eu entregasse os resultados necessários. Na Fórmula 3, na Fórmula 2 e na Fórmula 1 agora”, disse Bortoleto.
Ele também mencionou as transformações pelas quais a Sauber está passando, com foco nas temporadas de 2025 e 2026, anos que trarão mudanças significativas nas especificações dos motores da F1.
“Sabemos que a Sauber está numa situação que não é muito fácil agora. Mas eu vejo todas as mudanças que estão fazendo agora, as pessoas que estão trazendo para o time. Tem bastante coisa positiva acontecendo aqui. Sabemos que não é um projeto de um ano, dois anos, é um projeto que vai levar tempo. Temos ambição de ganhar, mas não será rápido. A questão é progredir passo a passo, vamos crescendo juntos,” explicou.
“Eu como piloto não vou chegar 100% pronto, tem as coisas que tenho que aprender da Fórmula 1 e isso vai ser muito bom. Estou entrando em uma equipe que também está progredindo ao mesmo tempo”, disse o brasileiro.
No momento, Bortoleto segue como membro da equipe da McLaren, acompanhando a temporada até o seu final. A transição para o trabalho direto com a Sauber ocorrerá após a última etapa do campeonato. Ele ainda está avaliando a possibilidade de mudar-se para outro país, considerando os compromissos com simuladores e dias de oficina.
“Ainda não sei se vou mudar de país, vou tomar essa decisão em conjunto com a equipe. Sou um piloto que gosto de me envolver muito com as equipes em que estou. Vou querer passar bastante tempo aqui porque, na F1, as equipes são muito maiores que na F2 e F3”, concluiu Bortoleto.