Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Muito pode se falar de Claire Williams. Mas não se pode negar que ela luta para tentar mudar o estado de coisas da equipe que carrega o seu sobrenome. Os esforços são notáveis e ficam claros nos documentários disponíveis. A antiga dominadora vem sangrando em praça pública e teve 2019 a sua pior temporada desde a sua encarnação atual, iniciada em 1977.

Ainda no ano passado, a parte técnica teve a “intervenção” de Patrick Head e o trabalho de reconstrução do FW42, que se mostrou um retrocesso até mesmo em relação ao FW41 de 2018 que já havia se mostrado pouco competitivo. A equipe optou por partir para a “prata de casa” para tentar a retomada do bom caminho, além da vinda de Nicholas Latifi. O canadense desempenhou o papel de piloto de testes em 2019, paralelamente à disputa do campeonato de F2, onde ganhou o título.

Nos testes de Barcelona, a evolução parecia firme. Não só bastava a demonstração de ter um carro completo para o início dos trabalhos (ver o capítulo da segunda temporada do Drive to Survive no Netflix), mas dar condições para que os pilotos pudessem mostrar um trabalho minimamente decente. Neste ponto, muita gente começava a prestar mais atenção em George Russell, que é tido como um talento com potencial de campeão, inclusive aparecendo na lista de postulantes a um posto na Mercedes no lugar de Valtteri Bottas. O FW43 ainda ficava atrás dos demais, mas mostra que poderia pensar em lutar efetivamente no grupo intermediário.

Uma situação que chamou a atenção na apresentação do FW43 foi a aparição de mais marcas no carro. O grupo ROK ampliou sua presença através da continuidade da ROKiT (celular) e com a chegada da cerveja ABK, o aperitivo Bogart’s e da tequila Bandero. Mas houve também o desembarque da família Latifi…

Além do aumento da presença da Sofina Foods, empresa da família que já estava no carro na temporada passada, houve a chegada da Lavazza, empresa italiana de café, mas distribuída no Canadá pelos Latifi, e do Royal Bank of Canadá.

Tal chegada ainda não recuperava totalmente a perda dos apoios da Martini, Randstad (empresa de RH) e outras marcas trazidas por Lawrence Stroll. Entretanto, diante do péssimo ano de 2019, não deixava de ser um alívio.

Para garantir um folego para esta retomada e preparar o profundo trabalho para a construção do carro para as regras de 2021, a Williams também se preocupou em garantir o caixa. Não bastava só obter mais patrocínios, mas era preciso também se garantir em obter melhores resultados na pista para conseguir mais dinheiro de premiação, rubrica esta que vem caindo constantemente nos últimos anos.

O maior resultado disso foi o péssimo primeiro semestre de 2019 em termos financeiros. De acordo com o relatório publicado em seu site, o grupo teve um prejuízo de mais de 20 milhões de libras (mais de 126 milhões de reais) em seis meses.  Além disso, a disponibilidade de caixa caiu muito e a empresa tinha empréstimos de mais de 25 milhões de libras para pagar entre 2020 e 2021 (sem contar juros).

A seguir eis um quadro com as receitas e os resultados financeiros da Williams de 2015 até agora. Por ser uma empresa com ações em bolsa, a Williams tem em seu site todos os seus relatórios financeiros. Quem tiver curiosidade, pode ir até o site e clicar no link “Corporate”.

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Para sair disso e fazer frente aos investimentos necessários, a Williams tomou uma ação ousada. Inicialmente, vendeu o controle acionário da sua divisão de engenharia, que vem crescendo continuamente nos últimos anos (esta parte desenvolve várias ações, indo de prateleiras para supermercado a consultoria para a equipe Jaguar de Fórmula E). Não é uma ação tão nova, pois a equipe já havia vendido um terreno em 2017 para poder ganhar caixa.

Mas o movimento mais impactante foi revelado em matéria divulgada no site motorsport.com na última sexta, dia 10/04. Claire Williams declarou que refinanciou parte dos empréstimos que tinha com o HSBC e um empréstimo com uma das empresas de Michael Latifi, pai de Nicholas.

Não foi divulgado o valor, mas se estima em um valor de 50 milhões de libras. O que mais impressiona foi que a Williams deu como garantias parte de suas instalações, bem como os carros que fazem parte de sua divisão “Heritage” (“Herança”). O perfil Formula Money (@formulamoney) divulgou a lista completa em seu perfil do twitter.

Refinanciamento de dívidas é algo até certo ponto corriqueiro no mundo corporativo. Afinal de contas, um dos objetivos é conseguir fazer uma gestão mais eficiente do fluxo de caixa e garantir a continuidade do negócio. Neste caso, a Williams busca não só sobreviver, mas quer usar estes recursos para garantir um salto para a frente.

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

Jogada ousada da Williams: empréstimo garantido com instalações

É arriscado, mas a lógica é: obter resultados melhores na pista para conseguir maiores prêmios e obter mais patrocínios. Em suma, a Williams quer criar um ciclo virtuoso. Em certa medida, foi a escolha que a Mercedes fez anos atrás e, graças aos seus resultados, atualmente a Daimler acaba investindo cerca de 20% do orçamento da equipe. O resto vem de receitas com premiações e patrocinadores.

Se o plano se cumprir, a Williams consegue pagar estes empréstimos (prazos e quantitativos não foram divulgados e devem vir à tona em breve) e se recolocar em condições de competir dignamente. Caso contrário, há o risco de a equipe cair nas mãos de bancos e da família Latifi futuramente. A Williams hoje se posiciona a favor daqueles que querem cortes nas despesas e reza para que se consiga colocar um campeonato de pé em breve para poder garantir receitas e seguir em frente.

Que os deuses do automobilismo ajudem o time de Grove…
 

Receba as notícias da F1Mania.net pelo WhatsApp: http://f1mania.vc/a0M

Siga-nos nas redes sociais:
Twitter – https://twitter.com/sitef1mania
Facebook – https://www.facebook.com/sitef1mania
Instagram – https://instagram.com/sitef1mania

Inscreva-se em nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/f1mania?sub_confirmation=1

Está no ar o Episódio #8 do Podcast F1Mania.net Mundo Afora – Entrevista com Sérgio Sette Câmara, alterações na pontuação de superlicença e novo calendário do Mundial de Endurance. A análise é dos jornalistas especializados em esporte a motor Alexander Grünwald, Felipe Giacomelli e Leonardo Marson. Ouça:
Spotify – http://f1mania.vc/auV
Google Play Music – http://f1mania.vc/auU
Deezer – http://f1mania.vc/auX
iTunes – http://f1mania.vc/aRy

 

Confira o destaque do canal da F1MANIA no YouTube: ​F1Mania.net visita homenagens a Ayrton Senna em Ímola: