Mudanças no grid da F1 prometem um 2021 animado

O tabuleiro de mudanças na F1 para 2021, que parecia sonífero diante das renovações de Leclerc e Verstappen, sofreu uma bela sacudida com os anúncios feitos hoje: quase simultaneamente, Daniel Riccardo e Carlos Sainz Jr foram confirmados por McLaren e Ferrari, respectivamente.

Tais comunicados marcam posicionamentos ousados por partes dos times. Normalmente, tais anúncios seriam até considerados adiantados mesmo se a temporada estivesse em curso (teríamos cerca de 30% das corridas disputadas). Mas neste contexto de dúvidas de que a temporada 2020 realmente aconteça, acaba tomando mais impactante.

A decisão da Ferrari acaba por formar em 2021 a dupla de pilotos mais jovem de sua história. A escolha por Sainz mostra que os italianos contam com Leclerc sendo o líder da equipe. Mas deixando o espanhol como uma espécie de “sombra”, fazendo o papel que coube ao monegasco na temporada passada.

Não se nega a capacidade de Sainz. O espanhol mostrou na temporada passada ter o necessário para ser um piloto de ponta: andar rápido (embora precise trabalhar no ritmo de classificação), trabalhar bem em equipe e patrocinadores e uma ótima leitura de corrida (seria uma herança de Alonso?). Mas como atenuante, tínhamos uma McLaren com um carro que funcionou bem, que soube ser desenvolvido e um time extremamente motivado. Agora, ele cai em uma Instituição (o i aqui é maiúsculo propositalmente). A Ferrari é uma panela de pressão permanente e Sainz terá que rapidamente chegar e marcar a sua posição.

Isso em um quadro em que Leclerc tem que garantir efetivamente sua consolidação como piloto de ponta e Mattia Binotto acaba mais uma vez questionado como chefe de equipe (a tal bomba relógio citada por mim em um texto de janeiro deste ano…). Entretanto, esta ação aparentemente tem o dedo de uma figura que vem aos poucos crescendo na indústria automobilística: John Elkann. Neto de Gianni Agnelli, o arquiteto da transformação da FIAT em gigante, Elkann é um discípulo direto de Sergio Marchionne e vem tomando espaço, atualmente ocupando o posto de presidente do Conselho de Administração da Ferrari e deve ser um dos homens-chave da fusão FCA x PSA (Peugeot-Citroen).

A McLaren tomou uma posição de recompor o seu time com uma ação que já queria ter conseguido fazer para a temporada anterior. Riccardo era um desejo antigo do time e vem em um momento interessante para ambos.

O australiano fez uma aposta em ir para a Renault e comandar um time de fábrica. Entretanto, a experiência não parece ter sido tão construtiva (embora o R.S 20 pareça ser uma evolução consistente em relação ao seu antecessor) e havia dúvidas em relação ao comprometimento dos franceses em relação ao futuro e investimentos para realmente concretizar o eterno potencial para lutar pela liderança.

O time inglês vem em uma concreta reconstrução desde 2018 e conta agora com uma posição muito interessante para o futuro próximo: um ótimo chefe de equipe (Andreas Seidl), um diretor técnico talentoso (James Key), uma estrutura técnica revisada e uma unidade de potência Mercedes para 2021.

Este pacote acaba por ser chamativo para um piloto de alto nível e parece ter soado mais atraente ao australiano do que a Renault. E Riccardo chega sedento com a possibilidade de mostrar que pode brigar pela liderança, o que se desenhou quando estava na Red Bull. Esta união é a fome com a vontade de comer. Além do mais, a chegada da Riccardo traz uma figura extremamente carismática, o que pode ajudar a trazer mais patrocinadores e público para a equipe

Em tempo: se tudo der errado, a McLaren poderá fazer um belo sitcom com Riccardo e Norris sob o mesmo teto…

Agora, o grande movimento é esperado por parte da Mercedes. Parece ser uma questão de tempo o anúncio da renovação de contrato de Hamilton. Mas e Valtteri Bottas, como fica? Indo mais além: como fica a situação da equipe em si e de Toto Wolff?

A carta de Vettel fica em suspenso. Muita gente boa dá conta que o alemão hoje considera duas opções: tentar uma vaga na Mercedes ou se afastar da categoria (minha aposta).  Algumas vozes começam a lançar a possibilidade de uma colocação na Racing Point/Aston Martin, que deverá ter um verdadeiro banho de loja e ter um relacionamento mais estreito com a Mercedes…

Outra incógnita é a Renault. A equipe promove uma enorme mudança no gabinete técnico para o novo regulamento e Cyril Abiteboul se mostra animado diante dos novos limites orçamentários definidos. Mas será ele quem estará à frente da equipe no curto prazo? Será que a nova diretoria da montadora manterá o projeto F1? Se as respostas anteriores forem sim, aumenta a chance de uma cartada para tentar Vettel (teria ele paciência para comandar um projeto de reconstrução?) ou se considerar pela enésima vez o retorno de Fernando Alonso…

Enquanto os carros não voltam, tempos interessantes para o futuro. Não sabemos se teremos 2020, mas 2021 dá muito o que discutir. Gostamos!

 

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