Categoria: F1
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20 de fevereiro de 2020 15:04

Nada se cria, tudo se copia! Confira as principais “inspirações” da F1

Talvez este lema faça parte de algum manual de formação de técnicos de equipes de Fórmula 1. Diversas vezes vimos ao longo dos tempos conceitos sendo “compartilhados compulsoriamente”. Afinal de contas, a própria história do automobilismo inglês de competição no século passado se valeu de um trabalho de espionagem e pesquisa do que os alemães faziam para conseguir se colocar em uma posição de supremacia. Mas isso é história para outra dia.

Voltemos ao ponto de partida. Este “nariz de cera” foi motivado pela aparição do Racing Point RP20 no primeiro dia de treinos em Barcelona. Todos ficaram espantados com a incrível semelhança com o Mercedes W10 de 2019. Se olhar, a primeira impressão é que o carro de Lewis Hamilton foi pintado de rosa. Mas com atenção, vão se vendo os detalhes…

E não foram poucas as vozes reclamando deste fato. Ora, soa tudo como uma verdadeira hipocrisia. Todos copiam todos não é de hoje. E aqui vão alguns casos pinçados de “inspirações” da história da Fórmula 1.

 

Tyrrell 009 e 010 (1979 e 1980) 

Após jogar suas fichas no projeto do carro de 6 rodas, Ken Tyrrell se viu a ter que fazer “carros normais”. Em 78, ao se recusar a participar do desenvolvimento do motor Renault, perdeu o apoio da petrolífera francesa ELF, patrocinadora de anos. Em paralelo, o First National Bank (Citibank) também desembarcou, deixando tio Ken de bolsos vazios.

Em pleno momento de revolução técnica na categoria com a adoção do “efeito solo” e não querendo ficar para trás a equipe não teve dúvidas: para 1979, copiou o Lotus 78, carro que levou com folga o título. Todos ficaram espantados quando o carro azul marinho apareceu em Buenos Aires e era uma Lotus de cor diferente. A receita deu certo e a Tyrrell acabou ficando em 5º lugar na classificação entre os Construtores, com 28 pontos.

A situação melhorou, mas ainda seguia apertada. E o que Ken Tyrrell fez? Encomendou ao seu projetista Maurice Philipe que fizesse um carro como o Williams FW07, que terminou 79 em alto nível. E seguiu à risca: o Tyrrell 010 era absolutamente igual ao Williams.

Tyrrell 009 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

Tyrrell 010 / Foto: Reprodução/ Twitter
Williams FW07 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

Fittipaldi F8 (1980/1981) e Ferrari 126C2 (1982)

Não é papo de doido. Mas a Ferrari teve sim um carro bem inspirado na equipe brasileira. Explica-se: o inglês Harvey Postlewhaite veio para o time brazuca quando este comprou a Wolf. E vinha trabalhando em um carro novo, que foi batizado de F8 e estreou em 1980. Mostrou potencial, mas os recursos eram apertados e o carro não pode ser devidamente desenvolvido.

Em 1981, o carro foi modificado e, após um início complicado e com dinheiro mínimo, Postlewhaite foi mandado embora, sendo logo em seguida contratado pela Ferrari para modernizar a fábrica e métodos, preparando finalmente o primeiro chassi em compósito da equipe. Qual não foi a surpresa ao ver o 126C2 que disputaria o campeonato de 82? Era basicamente o mesmo conceito do F8. E o próprio projetista não fez questão de esconder a semelhança…

Fittipaldi F8 / Foto: Reprodução/ Twitter
Ferrari 126C2 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

Arrows A1 x Shadow DN9 (1978)

Esse caso é muito curioso. Em 1977, o projetista Tony Southgate estava trabalhando na equipe Shadow. Insatisfeitos com o rumo que as coisas iam, saiu do time e com mais alguns membros, fundaram a Arrows (O S vem de Southgate)

Até aí, nada demais. Mas quando o Arrows FA1 foi apresentado, uma confusão enorme aconteceu. No meio da comemoração pelo segundo lugar de Riccardo Patrese no GP da Suécia, foi entregue uma notificação de uma ação judicial ajuizada por Don Nichols, chefe da Shadow, processando a Arrows por espionagem industrial, já que o carro era uma cópia do seu Shadow DN9.

Na ação, Nichols (que depois se descobriu que era espião do Serviço Secreto Americano) pedia uma pesada indenização, bem como a exclusão da Arrows do campeonato. Esta ainda tentou modificar o carro para descaracterizar a cópia. Esta confusão serviu para desestabilizar a equipe, que vinha obtendo bons resultados, ao contrário da Shadow.

No final, o tribunal deu ganho de causa à Nichols. A Arrows foi condenada a pagar um valor de 600 mil libras esterlinas e teve sua licença junto a associação de construtores, a FOCA, suspensa. Um acordo foi firmado e as equipes seguiram.

Arrows A1 / Foto: Reprodução/ Twitter
Shadow DN9 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

Benetton B195 e Ligier JS41 (1995)

Esse aqui foi cópia descarada. Mas explica-se. Para garantir o fornecimento dos motores Renault à Benetton, Flavio Briatore e Tom Walkinshaw se juntaram e compraram a Ligier em 1994, que estava mal das pernas financeiramente.

Para otimizar recursos e dado o pouco tempo, o que foi decidido: a Ligier seria tocada sob supervisão da Tom Walkinshaw Racing (TWR) e teria motores Mugen/Honda, que já estavam apalavrados com a Minardi (que também deu justiça, mas é caso para outra coluna). E simplesmente usariam o mesmo projeto da Benetton.

A equipe técnica da Ligier localizada em Magny Cours só fez pegar o projeto do B195 e adaptar ao motor Mugen/Honda. Mas suspensão, cambio e tudo mais eram os mesmos dos carros anglo-italianos. Houve uma grita, mas a FIA aprovou tudo. Este acerto durou um ano apenas, com Tom Walkinshaw assumindo a Arrows.

Anos depois, a Red Bull faria o mesmo esquema com a Toro Rosso…

Benetton B195 / Foto: Reprodução/ Twitter
Ligier JS41 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

AGS JH27 e Williams FW14 (1991)

Os pequenos copiam sim, senhor! E eis aqui um exemplo mais acabado. A simpática e lascada equipe AGS fazia de um tudo para sobreviver. O dinheiro era curto, mas mesmo assim tentavam progredir. No meio de 1991, uma dupla de empresários italianos comprou a equipe. E resolveu desenvolver um carro novo.

A esta altura, a AGS utilizava uma versão modificada do carro de 90 e tinha um projeto pronto (o JH26). Mas os novos donos deram uma cartada e resolveram copiar o que parecia certo: em pouco mais de 2 meses, nascia o JH27, apresentado no fim de semana do GP da Itália.

O carro chamava a atenção pelas cores (azul, amarelo e vermelho) e pela semelhança enorme com o Williams FW14. Neste caso, a cópia não funcionou. E a AGS fez seu último GP na corrida seguinte, em Barcelona.

AGS JH27 / Foto: Reprodução/ Twitter
Williams FW14 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

Honda RA099 x Benetton B200 (2000)

Mais uma vez, Harvey Postlewhaite aparece aqui. Mas de outro jeito. Após o fim da Tyrrell, o inglês foi convidado para comandar o projeto de volta da Honda à F1 com uma equipe própria. Após meses de trabalho, um chassi foi construído pela Dallara e os testes foram tocados por Jos Verstappen, com resultados bem animadores.

Mas Postlewhaite morreu de um ataque cardíaco durantes testes em Jerez e os japoneses decidiram abortar o projeto de uma equipe própria, decidindo ficar somente no fornecimento de motores.

Boa parte da equipe técnica que se envolveu na concepção do projeto foi para a Benetton, incluindo Tim Denisham, assistente de Postlewhaite. Qual não foi a surpresa em ver que o B200, carro da Benetton para a temporada 2000 incorporava muita coisa que o Honda RA099 trazia…

Outros casos podem ser listados aqui. Mas vocês podem ver que a cópia na F1 é coisa antiga e prática corrente. Portanto, a grita contra a Racing Point não se justifica. Até porque o regulamento exige que o construtor tenha o controle sobre o projeto, incluindo os direitos autorais. Desta forma, se não há chiadeira e houve a homologação por parte da FIA…segue o jogo.

Honda RA099 / Foto: Reprodução/ Twitter
Benetton B200 / Foto: Reprodução/ Twitter

 

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