Categoria: F1
|
30 de setembro de 2020 22:36

Negócios ou ativismo? A coerência da F1

O GP da Toscana da Fórmula 1 acabou levantando uma questão que virou uma grande discussão nas redes sociais: Vários sites acabaram noticiando que a FIA poderia investigar e tomar alguma ação contra o fato de Lewis Hamilton ter usado uma camisa com os dizeres “Prendam os policiais que atiraram em Bryonna Taylor” nos eventos pré e pós-corrida.

Muita coisa foi dita e escrita. No fim, a FIA declarou que não tomaria nenhuma ação contra o piloto, mas que iria rever os seus procedimentos. No fim, acabou por proibir pilotos de usarem camisas no pódio. Acabou mostrando a velha face que também acaba por atingir outros esportes.

No caso específico da Fórmula 1, a categoria se caracterizou ao longo dos anos em evitar se engajar em situações políticas. Afinal de contas, esta é a melhor maneira de não afetar os negócios. Diversas demonstrações foram dadas: corridas em locais com regimes de governo, digamos assim, com políticas controversas.

A lógica sempre foi: olho no dinheiro. Afinal de contas, esporte não se mistura com política (é o que muitos pensam).

Mas este é um tema que nos atinge a cada momento. E o próprio esporte tem a sua dinâmica política. Que dirá a Fórmula 1, mestra em lances que deixariam Maquiavel orgulhoso com a aplicação efetiva de suas teorias. É atribuída uma frase a Frank Williams de que a F1 lembra que é um esporte por cerca de 2 horas durante alguns domingos do ano. O resto são negócios.

A mudança de comando na categoria soou como talvez uma mudança de abordagem. Afinal de contas, eram novos tempos e um novo público precisava ser conquistado. Algumas situações foram sendo abraçadas, como o fim das grid girls e culminou com a instituição de um programa para a neutralização das emissões de CO2 até 2030 e uma inesperada campanha de inclusão, a “We race as one”.

Estas duas últimas pareciam mostrar que a categoria pretendia abandonar a atitude de se manter imune ao que se passava ao seu redor e efetivamente se posicionar. Poderia não parecer muito, mas dado o histórico da Fórmula 1, só o fato de dizer que iria fazer já se trata de uma grande mudança de postura.

Mas como vovó dizia, o uso do cachimbo faz a boca ficar torta. Se olharmos no detalhe, podemos dizer que o plano de neutralização de CO2 foca nos processos: só a logística abrange boa parte. As corridas em si emitem menos de 1% e é onde a categoria se debruça para manter a sua relevância tecnológica. A campanha “We race as one” se mostrou capenga justamente em momentos em que alguns pilotos não demonstraram um interesse genuíno de participar das manifestações nas corridas, bem como a FIA e a Fórmula 1 buscam formas modelar a expressão (pode até se questionar como é feito, mas o racismo é algo que estoura em nossa cara diariamente com um silêncio ensurdecedor).

No fim, o objetivo é o dinheiro. E dentro da lógica, nada melhor do que firmar um acordo multimilionário com uma petroleira altamente poluidora, embora esteja tentando mudar a sua percepção como toda a indústria do setor, de um país com posturas bem discutíveis com sua população (esta seja a parte mais grave da equação). E ainda considerando sediar uma etapa no próximo ano.

Velhos costumes não se perdem facilmente. Por este motivo, torna-se complicado escolher o lado certo. Correr na Africa do Sul durante o Apartheid, na Argentina durante o Regime Militar, no Bahrein durante protestos…estes são alguns exemplos. A coerência antes de tudo é com o negócio. Pode ser que, em algum momento, tudo siga para a mesma direção e as coisas se acertem. Lacração pode não resolver, mas a omissão pode ser fatal. Afinal, política é quase tudo na vida. A Fórmula 1 precisa resolver se algumas de suas posturas são meramente cosméticas ou realmente liberará alguns anéis para manter seus dedos.

 

Quer assistir ao vivo às corridas da Indy e Superbike? Clique e experimente o DAZN grátis por 1 mês!

Clique e receba as notícias da F1Mania.net pelo WhatsApp.

Siga-nos nas redes sociais:
Twitter
Facebook
Instagram

Inscreva-se em nosso canal no YouTube.

Confira o destaque do nosso canal no YouTube: F1Mania.net Em Dia 30/09/2020 – Verstappen já venceu 9 corridas na F1 aos 23 anos, dá pra alcançar Hamilton?:

 

Ouça nossos podcasts diários na sua plataforma favorita:
Spotify
Google Play Music
Deezer
iTunes
Amazon

This website is unofficial and is not associated in any way with the Formula 1 companies. F1, FORMULA ONE, FORMULA 1, FIA FORMULA ONE WORLD CHAMPIONSHIP, GRAND PRIX and related marks are trade marks of Formula One Licensing B.V.