Após 257 grandes prêmios e 8 vitórias, Daniel Ricciardo se despede da Fórmula 1. Ao longo de 13 anos na categoria, o australiano se consolidou como um grande talento do esporte, deixando sua marca pelas pistas onde corria. De sorriso largo, Daniel Ricciardo conquistou os fãs do automobilismo graças à sua habilidade no volante e personalidade carismática. Relembre a trajetória do piloto natural de Perth na F1, marcada por altos e baixos, grandes vitórias e algumas mudanças de equipe.
Ricciardo estreou na Fórmula 1 quando participou de um teste pela Red Bull em 2009, no qual marcou o melhor tempo. Logo foi anunciado como piloto reserva e de testes da Red Bull e da Toro Rosso – atual RB –, e em 2011 foi contratado pela Hispania Racing Team, ou HRT, um time de fundo de grid.
Naquele ano, o australiano terminou em 27º lugar. Seus resultados foram limitados devido à pouca competitividade do carro, mas quando o ano terminou, Ricciardo tinha uma vaga garantida na Toro Rosso para a temporada seguinte.
Nos dois anos seguintes, Ricciardo correu pela Toro Rosso. Lá, também não conseguiu resultados excelentes, mas se destacou por suas performances consistentes, muitas vezes superando seu companheiro de equipe da época. Em 2013, Mark Webber deixou a Red Bull, e o australiano viu uma porta se abrindo. Ricciardo conseguiu surpreender os chefes da RBR o suficiente para garantir um vaga na equipe principal para 2014.
Em 2014, então, o jovem ‘Danny Ric’ fez sua estreia pela Red Bull, ocupando um assento ao lado do tetracampeão mundial Sebastian Vettel. Àquela temporada foi marcada pelo início da era de carros híbridos na Fórmula 1, aos quais Ricciardo se adaptou muito bem, melhor que seu companheiro de equipe, que terminou a temporada em 5º lugar. Apesar de a Mercedes ter dominado o campeonato naquele ano, o australiano conseguiu alcançar o 3º lugar, vencendo corridas no Canadá, na Hungria e Bélgica.
Daniel Ricciardo permaneceu na Red Bull até 2018, consolidando-se como um dos melhores pilotos da Fórmula 1. Sua habilidade nas ultrapassagens, especialmente com a técnica de freada tardia, tornou-se sua marca registrada, garantindo momentos de pura adrenalina e emoção para os fãs do automobilismo.
Em 2016, o australiano teve apenas uma vitória, na Malásia, e outra em 2017, no Azerbaijão, quando teve uma das melhores performances da sua carreira. Largando de P10, ele caiu para o 17º lugar na 6ª volta, mas, com determinação e habilidade, começou uma impressionante recuperação. A cereja do bolo foi uma ultrapassagem tripla sobre Nico Hülkenberg, Felipe Massa e Lance Stroll, saltando do 5º para o 3º lugar. O “honey badger”, como é carinhosamente chamado, venceu a corrida, cruzando a linha de chegada à frente de Valtteri Bottas e Stroll.
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Em 2018, Ricciardo conquistou duas vitórias marcantes. Na China, o australiano fez ultrapassagens impressionantes, que o levaram de P6 para o primeiro lugar no pódio. No GP de Mônaco, uma vitória especial para o australiano. Em 2016, o piloto perdera uma vitória devido a um erro da equipe durante um pit stop. Dois anos depois, Daniel Ricciardo teve sua redenção. O piloto da Red Bull teve uma excelente performance na qualificação que o colocou na pole position para a corrida. No domingo, ele conseguiu liderar de ponta a ponta o histórico Grande Prêmio de Mônaco, deixando mais uma vez sua marca no esporte.
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Também em 2018, no GP do Azerbaijão, Ricciardo e Max Verstappen, então companheiros de equipe na Red Bull, protagonizaram um incidente dramático. Os dois se envolveram em uma intensa disputa e ao tentar fazer uma ultrapassagem, Ricciardo colidiu na traseira do holandês, resultando em uma dupla eliminação para a equipe.
Mesmo com grande talento e habilidade, isso se mostrava não ser suficiente para ganhar um título mundial, o que deixou Ricciardo frustrado e decidido a buscar por novas oportunidades.
Em 2019, o piloto surpreendeu a todos quando decidiu se juntar à Renault, equipe de meio de grid. Apesar do risco, Ricciardo buscava um novo desafio e acreditava no potencial da equipe francesa. Além disso, 2019 foi o ano em que a primeira temporada de Drive to Survive foi lançada. A série documental da Netflix que mostra os bastidores e o mundo da Fórmula 1 mais de perto, deu grande destaque para o australiano, e Daniel Ricciardo conquistou a todos com seu grande sorriso e personalidade divertida.
Seu primeiro ano com a nova equipe foi desafiador. Enquanto lutava para ser o melhor entre os piores, Daniel teve que assistir de longe a ascensão de seu ex-companheiro de Red Bull, Max Verstappen, na Fórmula 1.
Em 2020, no entanto, ele conseguiu dois pódios com a Renault, no GP de Eifel, na Alemanha, e outro no GP de Emilia-Romanha, na Itália, mostrando seu potencial com um carro mediano.
Mesmo com a melhora no desempenho e estando cada vez mais confortável com o carro, terminando 2020 em 5º lugar no campeonato, Ricciardo decidiu fazer outra mudança, desta vez para a McLaren, que buscava retomar os dias de glória. As expectativas para a entrada do australiano na equipe papaia eram altas, mas a sua adaptação ao carro foi mais difícil do que o esperado. O piloto enfrentou muitas dificuldades e terminou atrás do companheiro Lando Norris inúmeras vezes.
O talento de Daniel Ricciardo era cada vez mais questionado, assim como seu mérito em permanecer na Fórmula 1. No entanto, parecia que as coisas iriam mudar quando ele brilhou no GP da Itália, em Monza, dominando a corrida e garantindo uma dobradinha ao lado de Norris. Essa vitória, a primeira da McLaren desde 2012, reacendeu as esperanças tanto da equipe quanto de Ricciardo. No entanto, os problemas persistiram, e a McLaren decidiu encerrar o contrato com o australiano antes do previsto, no final de 2022.
Para 2023, o australiano ficou sem uma vaga, sendo contratado apenas como piloto reserva da Red Bull. No entanto, no meio da temporada, a até então Alpha Tauri, equipe de segundo escalão da Red Bull, substituiu Nyck de Vries por Ricciardo, marcando seu retorno à Fórmula 1.
O australiano continuou na RB – nova Alpha Tauri – em 2024, com a esperança de talvez ser transferido para a Red Bull. No entanto, ficou sem nenhuma das opções. Sua falta de bons resultados levou a equipe a substituí-lo por Liam Lawson pelo restante da temporada, começando a partir da próxima corrida, no GP dos Estados Unidos.
Esse esporte é, por vezes, brutal. Nunca podemos adivinhar o que virá a seguir. Mas talvez esse seja apenas um pit stop na trajetória do australiano, e não a linha de chegada. Daniel Ricciardo pode não ter alcançado o sonho de ser campeão mundial, mas sua marca de ousadia, ultrapassagens impossíveis, os famosos shoeys no pódio, e sorrisos sinceros ficará eternizada no esporte.