Essa é a pergunta que o fã da F1 se faz. Outra é: não será este um pulo em um penhasco em queda livre? O fato é que muita gente observa a situação da outrora dominadora à situação atual, caminhando para a irrelevância. Eu mesmo já escrevi sobre este assunto mais uma vez e espanta que, quando se espera que as coisas melhorem, se dá mais alguns passos atrás.
2019 esperava-se uma recuperação. Entretanto, mais um pouco do buraco foi cavado: carro reprovado no crash test, demora na construção, que levou o FW42 a andar somente no fim do segundo dia em Barcelona, demissão de Diretor Técnico (Paddy Lowe), um projeto com sérios problemas aerodinâmicos….e marcação de um único ponto graças à desclassificação das Alfa Romeo no GP da Alemanha.
O que foi que deu errado? Desde 2014, a Williams só vai recuando…
Em um (ótimo) livro de gestão chamado “Como as grandes empresas caem – E como muitas resistem ao declínio” escrito por Jim Collins, tendo como base organizações que eram líderes incontestáveis em seus mercados e acabaram fechando ou tendo seu tamanho extremamente reduzido, o autor identifica 5 fases de uma empresa rumo ao fim. A saber: Fase 1 – O Excesso de Confiança Resultante do Êxito; Fase 2 – A Procura Desenfreada por Mais; Fase 3 – A Refutação de Riscos e Perigos; Fase 4 – A Terrível Luta Pela Salvação; e Fase 5 – A Entrega à Insignificância ou à Morte.
Para quem acompanha bem a categoria e dentro das possibilidades ditas no parágrafo anterior, podemos dizer que o time de Grove estaria na Fase 4, caminhando para a 5. E não se pode negar que estão tentando recolocar as coisas nos eixos. Justamente quando assumiu o comando, Claire Williams busca maneiras de recolocar a Williams na frente: contratou técnicos, fechou acordo com pilotos endinheirados, fechou acordo com fornecedores fortes e buscou pilotos fortes para desenvolver o time.
Mesmo com o esforço, não deu certo. Uma das coisas que muitos dizem que acontece na Williams (e também havia na McLaren) é a confiança em sua capacidade e no que já fizeram no passado. Isso seria uma garantia de que as coisas podem ser revertidas. Até porque empresarialmente, a Williams ia razoavelmente bem, obrigado: após 2 anos de prejuízos (2014 e 2015), conseguiu gerar lucros de 2016 a 2018, com a divisão de engenharia crescendo 2 dígitos por período e chegando a representar cerca de 25% das receitas do grupo.
Entretanto, os resultados escassearam e a vitrine de tudo, a equipe de F1, ia secando os recursos. Com a saída da família Stroll e seu apoio financeiro (inclusive com parceiros), 2019 foi um ano terrível. Mesmo com Kubica trazendo um bojudo apoio da petrolífera polonesa PKN Orlen, as contas não fecharam: em balanço do 1º semestre, a empresa simplesmente fechou com um prejuízo de 20 milhões de libras esterlinas, já considerando o resultado positivo da divisão de engenharia. Este valor simplesmente quase drenou os lucros obtidos anteriormente.
Isso acabou por deixar a situação de caixa mais apertada. Na impossibilidade de obter novos parceiros (não esquecendo que a Williams tem ações listadas na Bolsa de Frankfurt e já teve um tal de Toto Wolff como acionista), Claire Williams partiu para uma estratégia mais arriscada:
– mais uma vez lançou mão de um piloto de bolsos cheios. O escolhido da vez foi o canadense Nicholas Latifi, vice-campeão da F2 em 2019 e que já vinha desenvolvendo trabalhos com a equipe, inclusive fazendo por diversas vezes alguns treinos livres. Com a sua confirmação como titular, a presença da Sofina Foods (empresa de seu pai, Michael. Que por um acaso é dono de 10% da McLaren) foi ampliada, bem como de empresas ligadas à família (acredite: a família Latifi consegue botar Lawrence Stroll no chinelo);
– Sem condições para grandes mudanças, apelou para a “prata da casa” para a concepção do FW43. Se falou muito na vinda de Pat Fry para Grove quando saiu da McLaren. Houve um namoro, mas sem casamento (Fry fechou com a Renault). A responsabilidade ficou nas mãos de Doug McKiernan, um dos remanescentes da leva que chegou no início de 2018 com Paddy Lowe, em conjunto com Dave Robson e Adam Carter. Patrick Head, antigo Diretor Técnico e acionista, saiu da sua aposentadoria para “dar uma mão” por um tempo para botar ordem na casa. Não se sabe por quanto tempo e qual foi a extensão desta “consultoria”, que vários interpretaram como “intervenção”;
– Para capitalizar a equipe e fazer frente aos gastos (e a saída de patrocinadores), a Williams anunciou na véspera do Natal a venda do controle de sua divisão de engenharia. Os valores não foram anunciados, mas mostra a falta de perspectivas diante do quadro. Até agora, não está claro se os apoios obtidos até aqui repõem os anteriores. Estima-se que a Unilever, através da Rexona, colocava algo em torno de US$ 15 milhões/ano nos cofres da equipe. Até agora, além dos apoios canadenses já anunciados e da ampliação do papel da ROKiT, parece que haverá a volta da empresa de TI Acronis, que já teve sua marca estampada nos carros da equipe em 2018 e estava na Toro Rosso até o ano passado (o nome da empresa já consta no site da Williams, mas o acordo não foi anunciado oficialmente);
Até agora, a situação parece mais calma. O FW43 já passou nos testes de resistência e se espera que a equipe esteja desde o início em Barcelona. Oficialmente, não confirmou a data de lançamento, mas foi divulgado pelo site ‘racefans.net’ na última semana que a equipe repetirá o esquema de 2019: fará um evento para apresentar a pintura nova e mostrará imagens do carro novo, com a estreia de fato no dia 19 em Barcelona. George Russell, uma das poucas coisas boas da Williams no ano passado, declarou que foi feito um grande trabalho de reconstrução e que a equipe deve demonstrar uma boa evolução.
Quem gosta da F1 quer uma Williams em boa forma e em condições de apresentar um papel digno ao menos. A cota de erros já está próxima do fim e o tempo corre. Já vimos equipes tão grandiosas quanto ela morrerem. Mas ainda prezamos as tradições, embora a categoria represente um dos mais altos patamares de tecnologia no mundo. Frank Williams fez de um tudo para chegar e construir onde está. E mesmo afastado do dia-a-dia, se nota que o entusiasmo e a paixão está lá (o vídeo das voltas dele com Lewis Hamilton em Silverstone são algo emocionante). Por tudo isso, o que queremos é que a Williams faça jus ao seu legado. Mas que evite cada vez mais se tornar uma sombra de si mesma.
Esta é uma coluna do jornalista Sérgio Milani, não necessariamente representa a visão da F1Mania.
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