Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Câmara: devagar com o andor

Revendo alguns textos antigos, uso o mesmo título de uma coluna que escrevi quase 3 anos atrás sobre os mesmos personagens: Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Camara. Naquela época, o primeiro havia acabado de ganhar o título da Formula V8 3.5 e o segundo conseguiu sua primeira vitória em uma das provas da F2 em Spa. Ali houve um frenesi em torno dos dois, ainda mais que Fittipaldi caminhava para obter os 40 pontos necessários para a obtenção da Superlicença e Sette Câmara fazia ainda parte do programa de pilotos da Red Bull.

De lá para cá, muita coisa aconteceu. E entre idas e vindas, o entusiasmo oscilou muito. Na ânsia do público brasileiro em ter novamente um compatriota na categoria máxima do automobilismo, qualquer notícia era necessária para poder dar algum alento. E fomos vendo o crescendo das expectativas, quando Pietro e Sérgio Sette foram como pilotos de teste de Haas e McLaren respectivamente.

2019 era um ano determinante para os dois. Pietro estava no último ano da janela de obter os 40 pontos necessários (entrou com 36 e 1 caducou, que era o 10º lugar na Fórmula 3.5 V8 em 2016). O jovem mineiro partiria para a sua terceira temporada na F2, após um ano em que disputou as principais posições com Lando Norris e George Russell, sendo reconhecido pelos dois e pela crítica especializada como um dos melhores do ano.

Carregando o peso do sobrenome, Pietro se jogou na tarefa de obter os pontos restantes. E a oportunidade de fazer o campeonato alemão de turismo, o DTM, se mostrou uma janela interessante diante das oportunidades que estavam à mão. Permitiria estar em um campeonato de certo nível, dividir o trabalho nos simuladores da Haas e conseguir os pontos necessários para a Superlicença.

Não tendo um dos melhores Audi disponíveis e uma série de azares, Pietro não conseguiu bons resultados. O piloto brasileiro precisava de pelo menos um 5º lugar. Mas obteve um 15º lugar no final.

Por outro lado, Sette Câmara se transferia para uma das principais equipes do certame, a francesa DAMS e se cacifava como um dos favoritos da F2. Sua busca era mais complicada, pois contava com os 10 pontos referentes ao 6º lugar de 2018, devendo ficar no mínimo em 4º lugar no campeonato (que dá 30 pontos de acordo com a tabela da FIA) para obter os pontos necessários para a Superlicença. Além disso, havia o trabalho como piloto de desenvolvimento da McLaren.

O mineiro se lançou e conseguiu o que necessitava. A situação poderia ter sido melhor se não houvesse problemas como o abalroamento de Luca Ghiotto na primeira prova de Baku e o péssimo fim de semana em Barcelona. Na F1, o trabalho foi feito basicamente nos simuladores em Woking. Mas houve a possibilidade de ter o gosto de pilotar uma McLaren nos testes do Bahrein para a Pirelli.

No final do ano, muito se falou o que os dois fariam. Inicialmente, Sette Câmara tinha a possibilidade de prosseguir como piloto da McLaren, com a facilidade de já contar com os pontos necessários. Se falou muito em uma possível continuidade na F2. Mas valeria continuar em uma quarta temporada na categoria?

E Pietro? O tempo ia correndo e os pontos sob risco de caducar. O brasileiro fechou acordo para fazer a F3 asiática, que havia sido reestruturada no ano anterior após ter sido publicamente advertida pela FIA em relação ao formato e ter torpedeado as aspirações de Dan Ticktum, na época piloto do programa da Red Bull, conseguir os pontos para Superlicença.

Após a adequação, a categoria tenta se consolidar como alternativa para os pilotos dos continentes europeus e americanos durante as férias destes campeonatos. E o certame foi formado para atender aos requisitos da FIA: 5 etapas com 3 rodadas, em traçados certificados, começando em 2019 (1 etapa) e terminando em 2020 (4 etapas). Este ano, a coisa teve bastante agitação: dificuldade em fechar os 12 pilotos mínimos exigidos, etapas ameaçadas pelo coronavírus… E com um desempenho podemos dizer correto, Pietro conseguiu a 5ª posição final, conquistando 6 pontos.

Aí se levantou uma possibilidade interessante: o campeonato foi 2019/2020. Se fosse considerar pela maioria, os pontos valeriam para 2020. E a FIA para este ano alterou a regra de cálculo dos 40 pontos. Valem as três últimas temporadas ou a temporada corrente mais os anos anteriores. Até o ano passado, eram considerados os resultados dos últimos 3 anos. Perante a FIA, o campeonato teve o ano-calendário 2019 e assim os 6 pontos puderam ser adicionados aos 35 obtidos em 2017. E a Superlicença foi obtida.

Sette Câmara pareceu olhar para outros campos: testou pela Carlin na Indy e fechou um acordo para ser piloto de testes da Dragon na Formula E. Muita gente (inclusive eu) achou que o anúncio de que não estaria mais coma McLaren este ano era a prova de que tentaria seguir um caminho diferente, esquecendo da F1. Mas o anúncio de ontem, de que seria piloto reserva da Red Bull e Alpha Tauri, foi realmente uma surpresa.

Hoje, os dois estão em condições de assumir um posto na F1. Mas é preciso muita cautela, embora não deixe de ser algo para se comemorar. Pietro deve ter um papel mais ampliado junto à Haas e tem que mostrar que pode ser titular. Para isso, tem que contar com a continuidade da equipe na categoria, bem como garantir um pacote financeiro interessante. Sette Câmara volta a uma casa na qual esteve entre 2015 e 2017 e terá que mostrar serviço a Helmut Marko.

Em uma rápida análise, o mineiro tem mais condições de assumir um posto. Dado o histórico da Red Bull, sabemos que mudanças podem acontecer a qualquer momento. Entretanto, existe gente na fila dos taurinos na sua frente: o estoniano Juri Vips, 19 anos e que por muito pouco não conseguiu a pontuação necessária para a Superlicença. Este ano, vai para a Super Formula japonesa, que vem se firmando como um novo “criadouro” de pilotos para a F1. E coincidentemente estará com Pietro Fittipaldi.

Não podemos esquecer também da concorrência da Honda, que tem intenções de colocar um piloto japonês como titular. Neste caso, temos Nobuharu Matsushita e Yuki Tsunoda, este também faz parte do programa de pilotos da Red Bull.

O caminho é duro e a esperança deve existir. O foco deve ser 2021. Mas agora não é o momento de colocar pressão. Pietro e Sette Câmara precisam ter cabeça fria e, antes de tudo, fazer o trabalho que é esperado deles. Aí, colocar de novo a bandeira do Brasil de volta à F1 será consequência. Brigar por títulos, é outra história muito diferente…

Esta é uma coluna do jornalista Sérgio Milani, não necessariamente representa a visão da F1Mania.

 

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