As discussões pelas equipes de F1 se aprofundam para ajudar a passar por este período de incerteza sobre o campeonato. Várias medidas já foram tomadas para o corte de custos (falamos bastante sobre isso aqui) e outras estão em discussão. Embora tenham acontecido vários consensos, quando a coisa começa a ser detalhada, aí é que começa a confusão…
Um aspecto que surgiu desde o início foi o ‘congelamento’ dos carros de 2020 para 2021. Este foi um ponto consolidado rapidamente, mas veio a pergunta: e como fica o desenvolvimento? poderá se mexer em alguma coisa ou ficará somente restrito às adaptações para cada tipo de pista? (Este mesmo questionamento começa a se fazer em relação às unidades de potência, cujo desenvolvimento também deverá ser congelado).
Até agora, a única situação certa neste campo foi a autorização dada à McLaren para adaptar a unidade de potência da Mercedes ao MCL35. Mas este é um ponto que impacta diretamente nos orçamentos dos times. Afinal, desenvolvimento significa ter um exército de técnicos trabalhando nas fábricas em computadores e túneis de vento para modelar e fabricar peças para obter os décimos que fazem toda a diferença.
Os diretores técnicos reclamam que os regulamentos atuais não dão muita brecha para ideias diferentes e que os novos parâmetros que ficaram para 2022 mais ainda. Só que as propostas que aparecem podem ser mais complicadas do que temos hoje…
A versão que está na mesa em discussão pelos chefes de equipe prevê a criação de “pacotes” (“tokens”) para as partes aerodinâmicas e mecânicas. A lógica seria a mesma da utilizada quando da introdução dos motores híbridos: as equipes teriam direito a utilizar um número x de “pacotes” de atualização. A intenção da proposta é interessante e algo que se vê nos jogos de simulação.
Só que aí começa a discussão: o número de “pacotes” seriam os mesmos para todos? como seriam estes pacotes? No caso dos motores (ou Unidades de Potência), a situação ficou complicada, pois a Mercedes tinha um grande avanço em relação às demais e a Honda queria recuperar a diferença em comparação ao grupo. Tanto que, por conta disso, este sistema caiu em 2017.
Até ligado a este ponto, entra a discussão do orçamento. Na última reunião, foi acordada uma redução do teto orçamentário de US$ 175 milhões para US$ 150 milhões. Mas houve uma pressão para uma redução maior, para cerca de US$ 100 milhões. Uma diminuição de mais de 40% em relação ao ponto original (lembrando que neste valor não entram valores de salários de pilotos, contrato de fornecimento de Unidade de Potência, marketing e despesas de viagem).
O que se fala é que houve uma concordância. Mas entram os detalhes de novo. Times como Ferrari, Red Bull e Mercedes falaram: “Ok, a gente concorda. Mas tem que se ter cuidado nisso aí. Pois temos equipes com custos de desenvolvimento de peças para fornecimento”. Aí surgiu a ideia de um cálculo de dois tetos: um para as desenvolvedoras, que seria “100 + x”, com este “x” destinado para o desenvolvimento; e outro “100 – x” para aquelas que receberiam o material. A principal premissa é: equipes parceiras que compram peças de outros não teriam tantos gastos de desenvolvimento.
Outra linha é uma redução escalonada de US$ 150 milhões para a casa de US$ 120 milhões, para permitir uma remodelagem progressiva das estruturas e evitar uma demissão em massa. Mas esta solução não agrada às equipes menores, que pedem uma solução mais firme e ousada.
Deveremos ter novas reuniões em breve para fechar mais detalhes deste “plano de sobrevivência”. Além disso, o monitoramento permanente da situação de saúde para poder ter alguma perspectiva de ter ou não temporada. Como já diria o filósofo, o diabo mora nos detalhes…
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