Prejuízos, cancelamento de patrocínios, venda de ações: Qual o futuro da Williams na F1?

A sexta-feira começou agitada. A Williams anunciou os seus resultados financeiros de 2019. Este escriba havia abordado a situação diversas vezes, mas a realidade se mostra terrível.

Inicialmente, anunciou-se o fim imediato do acordo com o grupo ROK. A empresa chegou ano passado à Williams com sua marca de celulares, a ROKiT, e havia feito uma expansão de aparição nos carros para esta temporada com a subsidiária de bebidas, além de um contrato até 2023.

Em seguida, outra paulada: a empresa teve um prejuízo de £ 12,9 milhões (R$ 84,9 milhões ao câmbio do dia 28) antes de lucros, taxas, juros, amortizações e depreciações (EBITDA). A coisa vem da seguinte forma:

– Boa parte do prejuízo veio da queda das receitas com a F1. De um valor de £130 milhões, o faturamento da equipe caiu para pouco mais de £95 milhões (mais de 25%). Além de menos patrocínios, a queda dos valores de premiação foi crucial para o resultado (a Williams ficou em último lugar no campeonato de construtores nas duas últimas temporadas). Somente a equipe de F1 representou mais de 50% deste prejuízo.

– A divisão de engenharia foi a estrela da casa. Um aumento de 42% nas receitas em relação ao ano anterior, chegando a 40% do total (era 23% em 2018).

Boa notícia, não? Seria se a Williams não tivesse vendido o controle da empresa no fim de 2019 para se capitalizar. No fim, esta operação rendeu £ 35,8 milhões (R$ 235,5 milhões).

Este valor ajudou a fechar as contas e permitiu um lucro contábil de £ 19,2 milhões (pouco mais de R$ 192 milhões). Só que os resultados não poderão ser mais contabilizados no balanço do grupo….

– Não está claro até agora se a rescisão com o grupo ROK tem a ver com a situação econômica geral ou se foi um caso semelhante ao da Rich Energy com a Haas: fechou-se um acordo e não foi integralmente cumprido… (opção mais provável aventada por alguns analistas).

– O relatório apresentado hoje faz menção a empréstimos renegociados junto a bancos, mas não cita o acordo feito com uma das empresas de Michael Latifi, pai de Nicholas Latifi e multimilionário do ramo alimentício.

– O fato é que, com receitas em baixa e sem patrocinadores, a Williams se vê em um mato sem cachorro. A equipe declarou ter £ 24 milhões em caixa no fim de 2019 e 903 funcionários (incluídos aí os membros da divisão de engenharia). Por este motivo, declarou uma “mudança estratégica”. Neste sentido, declarou que está oficialmente à venda, o que é exigência das leis inglesas.

As opções estão em aberto: pode ser a venda de parte das ações ou até mesmo o total. Hoje, a Williams tem cerca de 25% de seu capital na Bolsa de Frankfurt (desde 2011) e Frank Williams é o acionista majoritário, com 52,25%.

As conversas já acontecem e quem sai na frente como possível investidor seria Michael Latifi, pelos laços criados nos últimos tempos. Entretanto, o canadense é também dono de 10% da McLaren e fez um aporte recente junto com os demais acionistas para ajudar o grupo a passar pela pandemia (e pode ter que fazer mais). O indefectível Dmitry Mazepin, que foi atrelado à Renault, também já foi citado.

Quem corre por fora é o americano Brad Holinger.  Empresário do ramo hospitalar (ele comanda a Vibra Healthcare, tem 92.000 funcionários e um faturamento de US$ 1 bilhão por ano), ele é acionista da equipe desde 2014 e desde 2016 é diretor não-executivo.

Fora isso, só se houver algum investidor que esteja oculto. Asiáticos? Outros russos? Quem sabe um retorno aos contatos sauditas? O príncipe está prestes a comprar o Newcastle na Inglaterra…

A Liberty Media olha com atenção a movimentação e ajuda a tentar a encontrar uma solução para o time. A Williams luta para seguir viva, mas a situação é complicada. Infelizmente, parece seguir o caminho de tantas outras grandes que pereceram.

 

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